Um garoto comum, isso é o que Mob sempre quis ser, mas nunca foi. Com poderes sobrenaturais, vimos nosso protagonista evoluir de diversas formas ao longo dos episódios e temporadas. Criando vínculos, evoluindo e contribuindo com todos ao seu redor. Porém, Mob ainda é só um adolescente em busca de se descobrir e é isso que vemos em Mob Psycho III.
Um Clichê do bem
Mob Psycho sempre tentou inverter a jornada do herói, com Mob tentando viver normalmente enquanto aceita seus deveres e salvo tudo e todos quando necessário. Porém, a grande missão do personagem é ser capaz de se enturmar. Afinal, ter poderes em um universo onde poucos possuem, torna você especial ou.. estranho? Mob sempre se sentiu deslocado, excluído, incapaz de ser aquilo que os outros eram. Muito disso se deve a um trauma de infância em que ele reprimiu seus poderes e se recusa a usá-los para ser “normal”.
Afinal, não há méritos em atrair garotas com poderes, quando todos os outros atraem elas sendo eles mesmos. Não há mérito em ser bom em esportes, enquanto todos os outros se esforçam para atingir níveis físicos. Através de Teru, lá na primeira temporada, vemos como seria Mob se ele se entregasse aos seus poderes para viver bem e como isso seria uma vida de mentira. Com isso, passamos toda a jornada do garoto tentando entender aquilo que ele gostaria de se tornar, enquanto as ameaças não param de surgir.
Um Simples adolescente
Com isso, temos Mob lidando com problemas da adolescência, onde alguém que reprime tanto seus sentimentos para controlar suas habilidades, passa por dificuldades tremendas. O que querer? Ele precisa querer algo? Ele precisa sentir? Todas as perguntas tornam Mob instável. Afinal, a adolescência é assim, para todos. Ao longo dos episódios vemos Mob tentando se entender um pouco mais, seja através de sua luta com Covinhas, seja através de tentar ajudar seus amigos. Ou até em seu encontro com seu grande amor. Tudo borbulha no personagem até explodir.
Apesar disso, em dado momento a história fica um pouco repetitiva e enrolada, a criação para o clímax da história com o descontrole total de Mob não chega a ser bem trabalhada – ainda que a cena do atropelamento seja ótima. Não há uma tensão em cima desse momento (com exceção de Ritsu, que se preocupa por antecedência). É obvio que muitos esperavam um estouro por uma suposta rejeição e o atropelamento surge como uma ótima surpresa, mas não há preparação para este lado de Mob, que apesar de toda sua evolução, volta a estourar de repente.
Toda a questão da adolescência, as duvidas e etc, são um pouco abandonadas em meio a temporada e evitam um drama que poderia ter sido muito mais interessante, com uma crescente de tensão que vimos, por exemplo, na segunda temporada com a “morte” de toda sua família.
Em Conclusão sobre Mob Psycho III
Ainda que o clímax com Mob sendo o “adversário final” do anime e enfrentando todos pelo caminho seja legal, ele se entrega ao clichê, não criando momentos tão interessantes de reflexão como já foi feito anteriormente. Com exceção de Teru e de Suzuki (pai), tivemos pouco proveito da tentativa de desenvolvimento dos personagens conforme enfrentavam Mob, deixando a conclusão da relação entre Mob e Reigen bem fraca.
O clichê do herói contra seu outro lado não é bem trabalhado, nem bem concluído, ainda que seja bem introduzido. Com isso Mob Psycho III não alcança em sua totalidade a mesma qualidade que suas duas temporadas anteriores. Encerra o anime de forma interessante, é verdade, mas sem o mesmo brilho de antes. Ainda que tenha começado com uma premissa ótima, não soube aproveitá-la. Não entenda errado, Mob Psycho III é uma ótima temporada, mas é aquilo, a régua de Mob é alta e a temporada não chegou ao topo.
A temporada final de Mob pode ser conferida na Crunchyroll.
