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Desvendando a Arte Drag: Uma Jornada pelos Significados e Expressões

Imagem de ANTO ABELLAN por Pixabay
Imagem de ANTO ABELLAN por Pixabay

Desvendando a Arte Drag: Uma Jornada pelos Significados e Expressões

Em 2020, eu criei um dos primeiros textos dos quais eu me orgulhei verdadeiramente: A Arte Drag em Goiás, no projeto Antes do Ponto Final. Eu amei tanto isso que “A Arte Drag em Goiás” foi o nome de um projeto que criei poucos meses depois e mantive até o início de 2023. Contudo, era um ciclo que eu precisava encerrar. Mas por que encerrar e não reaproveitar alguns dos textos aqui para o Meta Galáxia? E hoje, aqui estou para falar para vocês: o que é a Arte Drag – ou Arte Transformista.

A arte drag é uma forma de performance artística que envolve a transformação e interpretação de gênero por meio de roupas, maquiagem e comportamento exagerados. Os artistas drag, conhecidos como drag queens, drag kings, drag queer e drag monster, geralmente exibem personagens femininos ou masculinos de maneira extravagante, cômica ou satírica.

São várias expressões dentro das drags, não é mesmo? Mas não é difícil de lembrar, bastando associar ao significado de cada palavra. Uma queen é uma rainha, então a drag queen é aquela persona feminina, enquanto o king já se refere aos personagens masculinos. Drag queer uma vertente da arte drag que performa uma estética não-binária, neutra ou andrógina, enquanto drag monster é uma vertente em que os artistas perfomam literalmente monstros. Muitos se esforçam para parecerem com vampiros, por exemplo.

As raízes da arte drag

A arte drag tem suas raízes no teatro de variedades, cabaré e cultura LGBTQ+ do século XIX. Nos Estados Unidos, o fenômeno ganhou destaque nos anos 1960 e 1970 com o movimento pelos direitos civis e a revolução sexual, sendo popularizado em espaços noturnos, como boates e clubes.

As performances drag podem incluir lip-sync (dublagem de músicas populares), dança, comédia stand-up, números de ilusão e até mesmo críticas sociais e políticas. Os artistas drag muitas vezes criam personagens únicos, com nomes artísticos e identidades distintas, que são desenvolvidos ao longo do tempo.

Além de seu aspecto de entretenimento, a arte drag também pode ser uma forma de expressão e empoderamento para a comunidade LGBTQ+. As performances drag oferecem uma plataforma para explorar a identidade de gênero, questionar as normas sociais e desafiar estereótipos de gênero.

RuPaul All Stars – Foto reprodução

Atualmente, a arte drag é apreciada em diversos contextos, incluindo shows ao vivo, competições, festivais de arte, eventos de orgulho LGBTQ+ e mídia televisiva, como o reality show “RuPaul’s Drag Race“, que ajudou a popularizar a arte drag em escala global. Há vários outros reality show similares atualmente, como por exemplo The Boulet Brothers’ Dragula, Drag Me as a Queen, Queen of The Universe e Queen Stars Brasil.

A forma artística e o ativismo

Começo esse tópico dois lembretes: primeiramente que a maioria dos artistas performáticos são LGBTQI+, mas há artistas performáticos heterossexuais e que drag não é sinônimo de trans ou de travesti. Trans é uma identidade de gênero. Travesti é uma expressão de gênero. É sempre importante esse lembrete, pois:

A sociedade ainda vê travestis, transexuais, drags e transformistas como “farinha do mesmo saco”, sendo que cada termo apresenta suas próprias especificidades. Nos anos 80 e 90, não era muito diferente, já que, além dessa generalização, também havia uma grande marginalização da arte, associando as artistas com promiscuidade e prostituição.

Arte drag: Como se deu o boom atual das drag queens?

Como uma arte ativista, está diretamente ligada a comunidade LGBTQI+, à cultura e muitas vezes à política: os principais temas de muitos artistas drags são justamente o preconceito, o acesso à cultura e à educação.

A arte drag no Brasil

No Brasil, a cultura drag tem uma longa história e tem ganhado destaque nos últimos anos. A arte chegou aqui no país por volta dos anos 1960, com o nome transformista e logo o Brasil teve grandes nomes, como a pioneira Miss Biá. Em 1980, a popularidade da arte transformista foi crescendo, e tendo mais nomes, como a atriz e cantora Silvetty Montilla.

Além disso, diversas artistas drag brasileiras têm se destacado tanto nacionalmente quanto internacionalmente. Pabllo Vittar é um exemplo de drag queen brasileira que alcançou sucesso no cenário musical, conquistando fãs ao redor do mundo. Outras artistas como Gloria Groove, Aretuza Lovi, Lia Clark, entre muitas outras, também têm ganhado espaço e reconhecimento por seu talento e originalidade.

Além dos programas de televisão e artistas famosos, existem também várias casas noturnas e eventos pelo Brasil dedicados à cultura drag, onde artistas locais podem se apresentar e compartilhar seu talento com o público. Esses espaços proporcionam uma plataforma para a expressão artística, além de promover a inclusão e a diversidade.

No geral, o arte drag no Brasil está em constante evolução e crescimento, com cada vez mais pessoas reconhecendo e valorizando essa forma de arte. A cena drag brasileira é rica e diversa, abrangendo uma ampla gama de estilos, influências e narrativas.

A Arte Drag em Goiás

Normalmente, os artistas drags apresentam-se em boates e bares LGBTQI+, porém muitas apresentações são feitas em teatros e eventos culturais. Em Goiânia, capital do estado de Goiás, é comum ver as artistas transformistas em vários eventos distintos, tanto que conheci algumas nos eventos geeks daqui! Mais especificamente, é super comum vermos Sarita Brega e Chique, Condessa Valéria Vaz e Alana Estevam nos eventos de anime, eventos geek e na Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré.

Inclusive, a Condessa Valeria Vaz coordena o grupo artístico Damas e Cavalheiros de Época, que sempre vai para a Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré, e comumente convidava tanto as artistas transformistas quanto cosplayers em seus projetos. E apenas aqui em Goiás, há muita riqueza na história drag…

Garotas do Zodíaco

No estado de Goiás, a arte transformista também foi ganhando mais espaço, e pode-se ver isto retratado no livro Performances da Cultura: Ensaios e Diálogos, organizado por Robson Corrêa de Camargo, Fernanda Cunha e Paulo Petronilio. No capítulo escrito por Paulo Reis Nunes e Eduardo José Reinato, titulado Garotas do Zodíaco: Provocações de Gênero e Paródias drag-queens no Espetáculo Jú Onze e Vinte e Quatro, conta um pouco da história do ator transformista Júlio César Vilela (1961-2006) e as apresentações no espetáculo Jú Onze e Vinte e Quatro e, principalmente, sobre o bloco Garotas do Zodíaco.

Conforme os autores, o número 24 ficou associado ao número dos gays, pois é o número do veado no jogo do bicho. Os artistas aproveitaram essa associação para as suas paródias. Muitas de suas apresentações foram no Centro Cultural Martin Cererê, contando com a presença de vários artistas e de vários blocos, inclusive as citadas Garotas do Zodíaco.

Em 2015, Paulo Reis Nunes também escreveu uma dissertação titulada JÚ ONZE E 24: pretextos, textos e contextos de atores drag-queens em Goiânia (GO). A dissertação pode ser lida aqui.

Coletivo Drags Goiás

O Coletivo Drags Goiás formou-se  por e para artistas drags do estado de Goiás, com o intuito de valorizar, incentivar e profissionalizar a arte drag. É um dos meus projetos goianos favoritos, que tive toda a satisfação de ver nascendo e crescendo. Ao acompanhar o Instagram Coletivo Drags Goiás (@coletivodragsgoias), você já conhece melhor o coletivo, assim como você também conhece as artistas locais e os principais eventos e apresentações. Por exemplo, muitos de nós, goianos, simplesmente amamos ir prestigiar as artistas drags que vão se apresentar nas edições do Cabaré das Divas.

 Circuito Goiânia de Todas As Cores 

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), iniciou em abril de 2023 as programações gratuitas do Circuito Cultural Goiânia de Todas as Cores. Os seus eventos possuem como objetivo promover a inclusão e a diversidade na cultura local e contam com a realização no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Para maiores informações, acesse o Instagram: Circuito Cultural Goiânia de Todas as Cores (@goianiadetodasascores)!

Referências

  1. Fala! Universidades: ARTE DRAG: COMO SE DEU O BOOM ATUAL DAS DRAG QUEENS?
  2. Todxs: Drag é arte, é ativismo e é para todxs!
  3. Antes do Ponto Final: A Arte Drag em Goiás
  4. Performances da Cultura: Ensaios e Diálogos, organizado por Robson Corrêa de Camargo, Fernanda Cunha e Paulo Petronilio.
  5. JÚ ONZE E 24: pretextos, textos e contextos de atores drag-queens em Goiânia (GO). Dissertação disponível em: Dissertacao_JuOnze24-_FINAL_CORRIGIDA_PDF.pdf (ufg.br)

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