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Harry Potter e a Ordem da Fênix (Filme) | Análise

A Ordem da Fênix é o quinto filme da franquia Harry Potter, que tem o estranho costume de trocar de diretor com uma frequência alta. O que pode ser positivo ou negativo, a depender do ponto de vista. Após os eventos de Cálice de Fogo, fica claro – ou não – que Voldemort voltou e se tornou uma grande ameaça. Porém, o que – ou quem – exatamente ele ameaça nunca é deixado exatamente claro.

A tão esperada densidade narrativa

A ordem da Fênix trás finalmente algo que foi meramente ensaiado em o Cálice de Fogo, que é a expansão de um universo que vai além do personagem de Harry Potter. Isso ficou bem claro no melhor trabalho em relação aos coadjuvantes, muito mais vivos e bem inseridos na narrativa do que o anterior. O maior beneficiário dessa mudança é Rony, que ganha traços de personalidade e presença em tela. Uma pena que alguns personagens como os professores e Malfoy tenham um papel irrisório aqui – incluindo a sub-trama de Snape que não resulta em nada.

A mencionada densidade se dava necessária para o devido estabelecimento da ameaça de Voldemort, que ficaria muito pequena se a todo momento envolvesse Hogwarts e Harry. Para não fugir muito desse núcleo da saga, é feita uma boa – e orgânica – mistura entre o Ministério e a escola do protagonista, criando sub-tramas mais interessantes e que se encaixam entre elas. Enquanto nos demais filmes víamos diversas cenas aparentemente desconexas que tentavam se justificar através de algum plot-twist ao fim do filme, aqui vemos um filme inteiro que se justifica por si só. Essa mudança torna a obra muito mais dinâmica.

Os personagens

O dinamismo e a densidade da obram, como eu disse, colaboraram para que os demais personagens evoluíssem. Porém, o protagonista é o que mais demostra evolução. Não só pela atuação de Radcliffe, Harry Potter ganha algumas camadas, seja através de conflitos internos ou aqueles que surgem ao seu redor. Há uma inconstância em sua personalidade, característica de sua adolescência e momento conturbado. Tal situação torna Harry ‘chato’, mas cria conflitos entre o trio protagonista muito mais decentes do que o visto entre Harry e Rony no anterior.

Já Hermione é uma constante na saga e uma evolução muito melhor em relação aos seus colegas. Ainda que tenha tido seus conflitos internos nos filmes anteriores, a personagem vinha de um bom trabalho no anterior em sua relação com Rony, que é totalmente ignorada aqui. Esse pequeno desleixo pode dar a impressão lá na frente de que o relacionamento entre os dois foi jogado, pois quando passou a ter um mero destaque em um filme, foi deixado de lado no outro ao invés de sofrer algum aprofundamento.

Na maior parte da saga até aqui, os roteiristas resumem as futuras relações amorosas dos personagens a breves closes em seus rostos enciumados em alguns momentos. Mas sabemos que qualquer relação bem trabalhada precisa de mais do que isso. Tal critica, obviamente, se encaixa na saga como um todo e não a este filme especificamente.

Em Conclusão

Harry Potter e a Ordem da Fênix traz para o cinema uma história mais adulta, mais densa e que trabalha melhor seus coadjuvantes em relação aos anteriores. Porém, cada vez mais deixa buracos, sendo incapaz de se expandir enquanto mantém sua coerência. Mundos mágicos e universos diferentes exigem explicações aqui ou ali, seja de como as coisas funcionam ou o destino de alguns personagens. Após a luta final, não vemos nada sobre Lúcio Malfoy, por exemplo. A morte de Sirius não tem quase nenhum peso, pois não há tempo de luto em tela, ainda que sua relação com Harry tenha tido uma boa dinâmica.

Tenho certeza que há alguma explicação nos livros, também, sobre como todos saíram voando em criaturas que só Harry e Luna poderiam ver, mas no filme é só mais uma incoerência. Se trata de uma obra que claramente precisava de mais uns 30 minutos de cenas inseridas aqui e ali para melhorar o resultado final.

Resta torcer que os demais filmes trabalhem melhor o vilão e do que exatamente se trata sua ameaça, agora que ela foi estabelecida – ainda que um filme inteiro para isso pareça demais. O bom trabalho aqui precisa ser mantido, mas os buracos precisam ser preenchidos, ainda que dois filmes fossem necessários – o que sabemos que não ocorreu imediatamente, pois ‘O Enigma do Príncipe’ é um só.

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