Expresso do Amanhã – Resenha do filme dirigido por Bong Joon-ho
Ano: 2013 |
Título Original: Snowpiercer |
Dirigido por: Bong Joon-ho |
Antes mesmo do sucesso estrondoso de Parasita – vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2020 -, o diretor sul-coreano Bong Joon-Ho já mostrara seu talento em incríveis filmes locais e também em Okja, da Netflix, e Expresso do Amanhã.
O filme é uma adaptação da HQ francesa O Perfuraneve, de Jean-marc Rochette. Na distópica trama, a humanidade encontrou uma possível solução para conter o aquecimento global, um componente artificial capaz de ser injetado diretamente na camada de ozônio. No entanto, sua aplicação acaba levando à Terra a uma catástrofe, privando o planeta da luz solar.
Quando o globo entra em uma nova Era do Gelo, os únicos sobreviventes são os tripulantes do Perfuraneve, um trem autossustentável criado por um homem chamado Wilfred (Ed Harris). O trem circula por todos os continentes, dando uma volta completa ao mundo em doze meses.
O gigantesco trem é composto de dezenas de vagões, e abriga seu próprio ecossistema social: na ponta, habita o próprio Wilfred e, subsequentemente, pessoas de alta classe. Na cauda, são superlotados os passageiros de classe baixa, que vivem em modo de sub-existência. As coisas mudam quando Curtis Everett (Chris Evans) lidera uma rebelião com o objetivo de chegar até o criador da locomotiva e tomar posse do trem.
LUTA DE CLASSES
Por trás de um fantástico filme de ação, Expresso do Amanhã é uma obra que, sobretudo, apresenta um exercício fantástico sobre a luta de classes sociais e a perpetuação da desigualdade diante da cobiça do homem.
De um lado, Curtis incita o movimento de revolução, a única opção de mudança de vida que a classe baixa possui, uma vez que a classe alta detém todos os recursos da locomotiva. Por outro lado, a classe alta, como bem explícito no discurso de Mason (Tilda Swinton), acredita que “cada um pertence ao seu lugar, e é assim que é”, de modo que sua ideia é a perpetuação da diferença social, sem qualquer possibilidade de escalada para aqueles que estão no fundo do poço.
Um dos discursos de Wilfred é de que “é necessário haver equilíbrio”, insinuando que a desigualdade social entre cauda e cabeça da locomotiva se faz necessária para a manutenção do ecossistema do trem. Seguindo a linha de raciocínio de Jean-Jacques Rousseau, a desigualdade social “ainda que tendo origem na instituição da propriedade privada, perpetua-se por vontade do homem”.
Elenco
Bong Joon-Ho acertou em cheio em um elenco dotado de estrela, alguns deles vencedores/nominados ao Oscar: Chris Evans, John Hurt, Tilda Swinton, Jamie Bell, Octavia Spencer e Ed Harris, além do astro sul-coreano Song Kang-Ho, parceiro de longa data do diretor e que também estrelou Parasita.
Pode-se dizer que este é facilmente um dos melhores trabalhos de Chris Evans, um papel de destaque em meio às suas consecutivas aparições como o já imortalizado Capitão América.
Vale a pena?
Com uma história cheia de nuances, ótimas atuações, muita ação e uma estética e narrativa que realmente remetem aos quadrinhos, Expresso do Amanhã é mais um filmaço do Bong Joon-ho e, além do entretenimento, um exercício de análise social muito bem proposto. Está disponível no Amazon Prime Vídeo.
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