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O Primeiro Homem (First Man) – Resenha

“Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade.” E um grande filme. O Primeiro Homem (First Man), resenha completa. 

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Título Original: First Man
Ano: 2018
Direção: Damien Chazelle
Avaliação: ★★★★★ (Excelente)

O Primeiro Homem (First Man, 2018) é um filme do diretor Damien Chazelle, que teve seu nome catapultado pelos excelentes Wiplash e La La land. Ambas as obras tem como ponto de partida a música e o diretor fez trabalhos realmente memoráveis. Agora ele vem com uma cinebiografia relatando um pouco da vida de Neil Armstrong (Ryan Gosling, que já tinha trabalhado com Chazelle em La La Land). Se aventurando um pouco em águas um pouco desconhecidas, o diretor nos entrega um baita filme. Sem mais delongas, vamos a resenha.

O longa começa mostrando um pouco do trabalho de Neil Armstrong, até então um piloto de testes da Aeronáutica Americana. A sequência de um desses testes é extremamente intenso. A câmera faz questão de nos deixar na visão de Neil, trazendo adrenalina, pânico e depois alívio. E nesse mesmo teste, Neil pela primeira vez tem um vislumbre da atmosfera e então percebe que nunca tinha reparado em como o céu era tão vasto. Sua vida seguia normal, até que uma tragédia pessoal lhe incorre. Com a perda de um ente querido, Neil acaba perdendo o foco e é colocado de lado na Aeronáutica. Na mesma época a NASA (mais precisamente em 1962) estava recrutando pilotos para testes, para a então sonhada ida à Lua. Neil vai até lá e consegue uma das vagas. E assim se inicia a trajetória do primeiro homem a pisar na Lua.

Após essa introdução, somos apresentados a dois cenários da vida de Neil Armstrong: a pessoal e a profissional. Mesmo com a perda trágica, Neil consegue seguir sua vida junto com sua esposa Janet (Claire Foy) e assim reconstroem o ambiente do lar. Mesmo com todas as dificuldades em superar seu trauma, ele se mantém firme e evita falar sobre o assunto. Enquanto no âmbito profissional ele é um pouco mais desenvolto e determinado.  Ele  acaba se destacando e faz verdadeiros amigos, dos quais ele não teria só na NASA, mas sim para toda a vida. Ou assim ele pensava.

Conforme os testes vão progredindo, podemos ver o quanto o sonho do homem ir à Lua era cercado de diversas vertentes. Existia o lado bonito do homem desbravar o desconhecido e alcançar novos horizontes. Um novo marco na história da humanidade, a quebra de mitos e paradigmas. Porém, a tecnologia não era totalmente segura, na verdade ela era bem experimental, o que fazia com que os pilotos fossem verdadeiros heróis apenas pelo fato de sobreviverem a mais um dia de testes. E essas preocupações iam ganhando cada vez mais volume, já que não eram apenas os pilotos que temiam por isso. Suas famílias, seus amigos, equipes também tinham grande receio pelas vidas dos pilotos. Além do lado financeiro da coisa.

E conforme os anos vão passando, testes vão acontecendo, e infelizmente diversos acidentes ocorrem, tirando a vida de vários pilotos. Então com uma soma de tragédia e pressão, aos poucos vamos notando Neil se transformando. Ele que tinha se “recuperado” da perda, acaba sendo influenciando pelos acontecimentos e cada vez mais temos o lado Astronauta e menos do lado humano. Neil chega a um ponto de praticamente ficar desconexo com sua família e amigos. E essa mudança de tom é muito bem trabalhada pelo diretor. O Primeiro Homem faz um trabalho muito competente nessa transição e mudança de Neil. Não é do nada que as coisas acontecem, os detalhes são bem explorados e muitas vezes de maneira intimista (principalmente o lado pessoal com a família), faz toda a diferença. Ele literalmente começa a viver no mundo da Lua.

A sua esposa e família ganham muito destaque em determinado ponto do filme, justamente por levantar as questões relacionados com os laços humanos. Vão acontecendo as mudanças dentro de casa. E aos poucos a casa alegre e com as crianças correndo, vai dando lugar a um ar mais sério e denso. A cena onde Neil se despede da família antes de partir para a então sonhada viagem a Lua é lenta, bonita, dramática e porque não, visceral. Um verdeiro choque e embate de sentimentos.

Mas não é só Neil, sua família e amigos que sofrem essas mudanças. Afinal, estamos falando da corrida espacial para a viagem a Lua. O Primeiro Homem consegue mostrar de maneira muito contundente o reflexo do lado social e político envolvendo o assunto. Todos os testes e a viagem em si, custam muito dinheiro. Logo, as classes mais pobres começam a questionar se aquilo tudo é realmente necessário. Se esse mesmo dinheiro não poderia estar sendo investido para as classes mais pobres, na saúde, educação e ensino. Se essa viagem a Lua era uma necessidade ou apenas algo para aumentar o ego dos Estados unidos. E o próprio Governo passa a questionar a viabilidade disso quando os acidentes não param de acontecer e o dinheiro não traz o retorno necessário. A preocupação de como ficaria a imagem da “América”, ainda mais nos turbulentos momentos da década de 60. Uma década recheada de momentos de mudanças em escalas mundiais.

Quanto a parte técnica, o filme também não decepciona. A fotografia, trilha e efeitos sonoros estão acima da média em O Primeiro Homem. E isso faz total diferença, principalmente nas partes de pilotagem, onde passa toda a emoção daqueles momentos. O elenco também trabalha e convencem muito bem. Nada e ninguém ficam muito destoantes uns dos outros. Chazelle consegue conduzir sua obra de maneira muito eficaz. Talvez a única “ressalva”, seja que em algumas partes de conversa a tentativa de deixar com um ar mais “intimista” do que o necessário tire um pouco a fluidez da conversa. É até meio estranho dizer isso, já que essa é uma das qualidades do filme. Só que em alguns momentos, talvez não fosse necessário. É como se soasse que toda cena deveria ser memorável. E ao fazer isso você acaba usando esse recurso demais, tirando um pouco do brilho que ele poderia ter em uma cena mais apropriada no momento certo. Mas, nada que atrapalhe a diversão ou tire o foco dessa lindeza de filme. É um mero detalhe. Mínimo.

E quando chega o momento derradeiro da ida à Lua, o filme mostra isso de uma maneira muito emocionante. Chazelle conduz a trajetória dos 3 homens a bordo da Apollo 11 com maestria. Mais uma vez a câmera bem próxima dos personagens, dão todo o peso necessário as cenas, de tal forma que podemos sentir o que eles estão passando naquele instante. A chegada a Lua, e o momento em que Neil dá o primeiro passo /pulo é de arrepiar. Contemplar a imensidão silenciosa e deserta da lua e suas crateras, ver a Terra distante é algo surreal. E ali finalmente, Neil acaba por deixar seus sentimentos que até então estavam retraídos, saírem de uma vez e pela primeira vez ele realmente é honesto consigo mesmo. Ele aceita e deixa as coisas seguirem seu rumo em uma cena épica e contemplativa.

O Primeiro Homem é um filme realmente lindo, impactante e com um contexto histórico bem explorado. Por se tratar de um dos momentos mais icônicos da história da humanidade, e pelos nomes envolvidos, a expectativa era realmente de que este fosse um grande filme. E, felizmente ele é. Sem sombra de dúvida, o longa nos faz viajar literalmente. Mas não só para a Lua, mas para qualquer lugar do espaço tempo, e principalmente para dentro de nós mesmos. Assim como Neil Armstrong começou a entender um pouco mais de si mesmo só quando passou por tudo isso, quem sabe nós também não temos uma imensidão inexplorada dentro do nosso próprio universo.

Para outras matérias, resenhas e afins, dá uma conferida aqui. Até a próxima e forte abraço! Nos vemos aqui na nossa Galáxia!

Análise Crítica
Data
Título Original
O Primeiro Homem (First Man)
Nota do Autor
5

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