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Game review Chained Echoes (Switch) – Ser inspirado em clássicos vale a pena

Chained Echoes é um RPG com combate por turnos feito apenas por uma única pessoa muito bem inspirada. Final Fantasy XII, Eartbound e Chrono Trigger são alguns dos títulos que claramente influenciaram na sua criação, principalmente o último. Dito isso, Chained Echoes abraça os clássicos, mas não deixa de tentar criar uma essência única e afável para novatos, mas o foco são os veteranos. Porém, nem tudo é ótimo, tornando a experiência bem lenta e até perdida algumas vezes.

Detalhes sobre Chained Echoes 

Data de lançamento: 08/12/2022

Desenvolvedor: Matthias Linda

Publicadora: Deck 13

Gêneros: Ação, Aventura, Estratégia, RPG 

Sistemas: Nintendo Switch, PS4/5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S

Onde comprar: Nintendo Switch, PS4/5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S

Recomendações: Para quem é fã de JRPGs clássicos e sofre de muita nostalgia.

Combate simples e metódico

Uma combate simples, mas que exige seguir o método para vencer.

Chained Echoes se espelha fundamentalmente em Chrono Trigger quando falamos de combate por turnos. Não há batalhas aleatórias, elas ocorrem exatamente onde estamos e podemos desviar de inimigos que estão no caminho em alguns momentos. Temos mais que um quarteto padrão de personagens, contudo, é possível alterar a formação e aproveitar habilidades únicas. Isso nos leva a um aspecto único, que controla as rédeas da luta e pode beneficiar ou prejudicar tudo: a barra de Overdrive.

Considerando que seja quase uma barra de estamina, o Overdrive possui três cores: laranja, verde e vermelho. Cada uma delas representa o status da batalha, o que eu chamaria de sendo, respectivamente, neutro, em forma e cansado. Conforme atacamos ou utilizamos habilidades, uma seta vai em direção a parte vermelha, indicando perigo. Estar na parte neutra não traz melhora de status, enquanto a verde aumenta o dano e defesa e a vermelha diminui muito ambos.

O foco aqui é se manter ao máximo na verde e evitar igualmente a vermelha. Defender é uma forma de diminuir o Overdrive, mas utilizar as habilidades certas também funciona. Há um indicativo dos tipos de ataques especiais que precisam ser usados com um símbolo e a quantidade de turnos que ela irá permanecer lá. Habilidades especiais também diminuem muito o Overdrive. Porém, nem sempre um personagem tem o tipo de habilidade necessário. Dito isso, é preciso calcular quando mudar a formação e ficar de olho na fila da batalha, mas sempre, sempre estar atento no Overdrive.

Progressão exigente

Embora o combate de Chained Echoes seja bom e diferenciado do que é comumente visto em outros RPGs de turno, ele pode ser demorado. A exigência é na forma como aproveitamos o ponto fraco de inimigos e usamos a barra de Overdrive a nosso favor. Isso, consequentemente, afeta na progressão que torna-se exigente e arrastada.

É válido apontar que os personagens aqui não sobem de nível. Pontos como vida, força, agilidade e defesa são aumentados de acordo com os equipamentos usados. Eles custam uma fortuna, mas, para progredir bem, a melhor escolha é melhorá-los com materiais que são roubados de inimigos, encontrados pelo mundo ou em mercadores. No entanto, ainda exige que consigamos muito dinheiro, que é adquirido principalmente vendendo itens saqueados de inimigos. Desta forma, lutar e explorar é necessário, aumentando bastante o tempo para progredir.

Outra forma de evoluir em Chained Echoes é com os Pontos de Habilidade e Pedaços de Gilmore. Conforme vamos usando os poderes dos personagens, elas vão exigindo menos pontos para aumentar de nível. Então, usamos os Pontos de Habilidade para melhorá-las, contudo, ganhamos bem pouco por luta. Por outro lado, os Pedaços de Gilmore são normalmente ganhos em batalhas com chefes e servem para desbloquear habilidades ativas, passivas ou melhorar status.

Independente do que for fazer, é sempre necessário sair pelo mundo de Chained Echoes explorando e, principalmente, lutando. Isso estende e arrasta demais toda a experiência. Entretanto, se torna obrigatório que faça isso, pois avançar na história sem melhorias é pedir para levar hit kill de inimigos. Por sorte, sempre que uma luta acaba, toda vida e mana dos personagens são restaurados ao máximo. Porém, ainda é uma experiência que exige muito tempo e paciência.

Narrativa clássica e perdida

Quando se trata de história, mundo, guerra e reviravoltas, Chained Echoes lembra bastante Final Fantasy XII. Começamos controlando dois mercenários, Glenn e Kylian, que usam armaduras super tecnológicas, mas que acabam sendo atingidos. Ao caírem no campo de batalha, ambos vão até a Gilmore, uma pedra com fonte de poder inimaginável. Glenn então a destrói, causando uma explosão catastrófica e “acabando” com a guerra.

Então descobrimos que essa incessante batalha ocorre entre três grandes impérios. Com duração de quase um século, a paz selada é claramente fraca. Enquanto uns estão felizes e lutam para manter as coisas como estão, outros traem, manipulam e assassinam para voltar a guerra e conseguir o poder desejado.

Após a explosão conhecemos outros personagens que são engolidos por essa narrativa política. A princesa Lenne, que deseja manter a paz e é protegida por um duque chamado Robb, que vem de uma linhagem de caçadores. Além deles, há o famoso bardo Victor, compositor de várias baladas e teatros, e a ladra Sienna, que rouba por sobrevivência e um pouco de prazer. 

Nessa jornada, os protagonistas batem de cabeça constantemente por possuir vidas distintas e objetivos próprios. No meio do caminho, no entanto, conversam e descobrem um ponto em comum: as tragédias causadas pela guerra, e que afetaram suas vidas. Desde uma infância presa no castelo real até o constante abuso do império sobre vilas pobres são diálogos precisos. Desta forma, o desenvolvimento das relações e dos personagens é um ponto altíssimo em Chained Echoes, mas ele tem suas consequências.

O andar do grupo é longo e cheio de dificuldades. Demora, pelo menos, cinco horas para a história engatar completamente. Porém, no meio desse tempo, há histórias e momentos que amplificam o perfil do título. O grande problema aqui é que elas tiram o foco do objetivo principal, o que as tornam missões secundárias obrigatórias. Talvez você não queira pular elas, uma vez que são muito boas, mas, se fossem atividades secundárias, em que podemos escolher quando completar, seria muito melhor para o progresso no geral.

Um mundo bonito e clássico

Chained Echoes é um dos títulos em pixel art mais bonitos do ano. Nada poderia ser bem inspirado em clássicos se não tivesse um visual semelhante. Os ambientes sempre estão cheios de detalhes e bem feitos, transparecendo facilmente que foi feito com muito esmero. Em batalhas, os sprites e a movimentação dos personagens em ataques especiais são extremamente chamativos.

De igual forma, a trilha sonora é épica, emocionante e combina com tema steampunk. Novamente, é válido apontar semelhança com Final Fantasy XII, que possui o mesmo tema. O destaque vai para os momentos imperiais, no qual há diálogos com reviravoltas, logo, a trilha sonora mantém o nível.

No entanto, o maior problema de Chained Echoes é seu level design, que é feito para exploração e busca de recursos, mas que acaba sendo confuso. Com muitos locais altos e quase sempre rodeado por paredes, algumas escadas escondidas podem passar despercebidas. Além disso, em muitos momentos as lutas são obrigatórias, sendo impossível contornar monstros para passar, como foi prometido. 

Quase um ótimo JRPG

Chained Echoes, em um primeiro momento, é um sonho nostálgico realizado para quem gosta de clássicos do Super Nintendo. O prólogo e as primeiras horas em que os personagens se conhecem é maravilhoso e nos faz querer se jogar nessa jornada, sempre lutando quando possível. Porém, problemas são apresentados quando ficamos livres para explorar e caminhar como quisermos. As grandes exigências e demora para evoluir combinado com um level design confuso transtornam a experiência, necessitando de paciência para avançar na narrativa. Esta que se perde e acaba pedindo ainda mais calma para progredir.

Resumidamente, Chained Echoes é bom, bem inspirado e contém uma experiência instigante. É difícil não recomendá-lo para Switch, principalmente tendo um mísero valor de quarenta e oito reais, o que custa menor do que na Steam. Dito isso, apesar do título ter seus pontos negativos que me desagradaram, ele é quase um ótimo JRPG, daqueles clássicos e que nos marcam. Compre se for um fã deles e sente falta de uma jogatina lenta, mas recompensadora.

Análise realizada com uma chave de Nintendo Switch gentilmente dada pela queridíssima Square Enix.

ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Jogabilidade
8,0
História
9,0
Gráficos
10
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