Host 714 é a definição de um jogo stealth simples e mega desafiador. Apesar dessa sua característica, o grande atrativo do título é toda sua relação com o momento histórico que nós vivemos. Porém, não espere um aprofundamento crítico, mas sim, muitas analogias e referências do nosso querido Brasil.
Detalhes sobre Host 714
Data de lançamento: 29/09/2022
Desenvolvedor: Tengukaze Studio
Editora: QUByte Interactive
Gêneros: Ação, Aventura, Estratégia, RPG
Sistemas: PS4/5, Steam, Nintendo Switch
Onde comprar: PS4, Steam, Nintendo Switch
Recomendações: Para quem gosta de jogos stealth com muitas referências, mas, principalmente, para quem não gosta do “coiso”.
Squid e Mr. Talkeyman
Olhar e perceber do que Host 714 se refere é muito simples e, por isso, nem vou explicar muito – mentira, vou sim! Squid (Lula) é um vagabundo viciado em bebida alcoólica que, de forma muito inesperada, foi convidado para ser parte de um programa de reabilitação no Instituto Laranja. Chegando lá, ele descobre que tudo não passava de fachada e o dono do lugar, Mr. Talkeyman, é um monstro genocida. Sendo assim, o instituto servia para fazer experimentos científicos em pobres desesperados.
Mr. Talkeyman é tão desumano e monstruoso que infecta propositalmente os pacientes com um vírus. Conforme ele evolui, os prisioneiros vão sofrendo até morrer, fora que ainda vivem de forma extremamente precária. Squid, por sorte, chega em sua prisão no meio de uma rebelião e consegue escapar. Dito isso, nossa missão é fugir do Instituto Laranja, sem ser visto e descobrir o que está acontecendo nesse ambiente deplorável.
Sinceramente, dá para fazer toda uma análise política, falar sobre luta antimanicomial, pandemia de Covid-19, negacionismo e etc. Porém, acredito que qualquer pessoa já sabe muito bem de tudo isso, e Host 714 exemplifica de forma essencial como o Brasil foi gerido. Não obstante, também esclarece facilmente como funciona a mentalidade de quem esteve à frente do governo brasileiro.
Gritos de dor
Host 714 tem apenas uma mecânica que está diretamente ligada com o vírus aplicado ao Squid: a dor. Enquanto o pobre prisioneiro anda por aí, ele vai segurando a dor até não aguentar mais, esta que é representada por uma barra. Quando está cheia, Squid dá um grito de dor, fazendo assim com que milicianos ao redor verifiquem o que é.
Essa simples mecânica faz com que cada passo seja pensado e torna tudo bem desafiador. Os milicianos tem uma visão em cone e detém uma inteligência padrão. O desafio fica ainda maior quando o vírus evolui, assim como o Squid.
Ao passar por momentos importantes, o vírus evolui ou o Squid se acostuma com a dor. Esta mudança faz com que as coisas sejam mais fáceis ou difíceis. O único e grande problema de Host 714 mora aqui, uma vez que no terceiro nível do vírus, Squid fica tonto e anda para um local aleatório. Desta forma, esse movimento involuntário traz um pouco de sorte para a jogatina, e pode piorar muito o stealth e até tirar a paciência de quem joga.
Identidade brasileira
A arte de Host 714 é ampla e não fica apenas na aparência e no aúdio. Toda a pixel art é bem feita e relembra títulos antigos, e os sons ampliam a tensão de ser pego fugindo. Como devemos sair por aí procurando por chaves e cartões o tempo todo, os passos, em conjunto com o som tenso, fez toda a escapatória um total suspense.
No entanto, o que mais chamou minha atenção em toda a tentativa de fuga foram as inúmeras referências e easter eggs que podem ser vistos no Instituto Laranja. Essa, sem sombra de dúvidas, é uma identidade brasileira. Encontrar esses pequenos detalhes que remetem nossa cultura faz de toda jogatina algo bem especial, e acredito que faça parte da própria arte. Dito isso, tal aspecto reforça a necessidade de jogar Host 714 e te faz procurar bem cada uma dessas surpresas.
Simples, divertido e crítico
Host 714 é um jogo muito desafiador, ainda que parte da sua dificuldade seja relacionada apenas para uma mecânica. Pensar e analisar cada passo parece ser algo simples de se fazer, mas torna todo o stealth em algo árduo, principalmente quando não se sabe onde ir. O grande problema dessa mecânica é quando as coisas ficam um pouco aleatórias. Nesse nível avançado do vírus no corpo de Squid, as coisas deixam de ser desafiadoras, deixando a habilidade de lado e exigem um pouco de sorte. Fora isso, Host 714 é uma experiência bem desafiadora e nitidamente crítica a um momento do Brasil, assim sendo, faz o S para derrotar o Mr. Talkeyman.
Análise realizada com uma chave de Switch gentilmente dada pela queridíssima QUByte Interactive.