Obra de estreia do pernambucano Fernando Athayde, A Saga do Porco Dourado é um trabalho que converge quadrinhos, pesquisa acadêmica, punk rock e empreendedorismo. Nela, podemos acompanhar a jornada de um herói tipicamente latino-americano (e nordestino) em busca do próprio caminho. Uma jornada motivada pelo desejo da aventura, repleta de reviravoltas e batalhas, muitas vezes, internas.
Com prefácio assinado por Dandara Palankof, tradutora e co-editora da revista Plaf, o lançamento do livro determina o início do projeto Elefantes Na Sala, marca que Fernando Athayde (@athaydeaf) criou para englobar próprias produções artísticas e acadêmicas, além de incentivar o consumo da nona arte.
Impresso em papel offset 90g, no formato A4, colorido e com capa em cartão 300g, o livro, publicado de maneira independente, é um convite para se aprofundar no universo de traço underground, cômico, nonsense e, ao mesmo tempo, maduro de Fernando Athayde. O artista, que também é ilustrador, multi-instrumentista, jornalista e produtor musical, em A Saga do Porco Dourado, torna-se o herói de uma jornada onde a criatividade, o improviso e a comédia pastelão, além de “um mói de coentro e uma coca de 600ml”, são atributos necessários para encontrar saídas e derrotar adversários.
Baseada especificamente no gênero shonen (categoria de mangá destinado ao público infanto-juvenil masculino), a obra de Athayde o destrincha na forma de tirinhas e o reconfigura por meio do nonsense, elementos que surgem através de uma técnica de improviso de roteiro criada pelo autor. “Foi a história mais espontânea que já escrevi. Quem estiver à procura de um subtexto, vai continuar procurando. A Saga tem pouco comprometimento com a lógica”, explica o artista.
SOBRE O ARTISTA, SUAS REFERÊNCIAS E OBRA
Além das histórias em quadrinhos japonesas, Athayde conta que boa parte do seu referencial estético surgiu ainda na infância, período em que tomou gosto pelo desenho e teve autores como David Feiss (A Vaca e o Frango), Genndy Tartakovsky (O Laboratório de Dexter) e Flávio de Souza (Mundo da Lua) como alguns de seus companheiros favoritos. Como alternativa para continuar a brincadeira depois da leitura de gibis, o quadrinista passou a improvisar com papel e lápis. O mesmo aconteceu com a música durante a adolescência e com a pesquisa durante a vida adulta.
O problema é que enquanto artista brasileiro e nordestino, as dificuldades de tocar o próprio trabalho sempre persistiram. Exatamente por isso, resolveu criar um negócio próprio, a marca Elefantes Na Sala, iniciativa que surgiu a partir do momento em que Athayde ingressou no Mestrado em Indústrias Criativas, facilitado pela Universidade Católica de Pernambuco.
Hoje, a marca se desdobrou numa loja e num site, onde Fernando registra seus processos criativos, vende suas produções e mantém um diálogo com pesquisas sobre a área. Para se ter ideia, a Elefantes na Sala já rendeu o artigo científico Innovation and Creativity in the Independent Market of Comic Books in Brazil, escrito em parceria com o pesquisador Rodrigo Sérgio Paiva, que mapeou o trabalho de mais de 250 artistas brasileiros e, em julho, será apresentado em Nova Iorque durante a 12th International Conference on Applied Human Factors and Ergonomics.
Na lojinha virtual, aberta desde o dia 22 de março, onde A Saga do Porco Dourado está sendo comercializada por R$27,90, o público pode encontrar também produtos autorais, como camisas estampadas em serigrafia pela Cósmica Serigrafia Artesanal, prints, adesivos, artes originais e serigrafias.
SOBRE A ELEFANTES NA SALA
A Elefantes Na Sala é, nas palavras de Fernando Athayde, artista que já reúne cerca de 14 mil seguidores no Instagram, “um grande abraço virtual, que visa acolher não só a produção artística própria, mas também formar uma comunidade de pessoas interessadas em cultura e pensamento”.
Enquanto site, o projeto é gratuito e pode ser acessado por todos os interessados. No endereço virtual, são publicados ensaios, ilustrações e quadrinhos sobre música, processos criativos e vivências na área das artes. Tudo isso, é claro, versado no bom humor, ou, como o próprio Athayde coloca, a partir da apropriação do título de um texto do filósofo francês Michel Foucault, “tendo a esculhambação como método para uma vida não-fascista”.
Além da lojinha virtual, extensão do site, o financiamento coletivo do modo recorrente é outra alternativa para contribuir com a marca. Como uma forma de assinatura, o público escolhe um dos três planos de apoio mensal, cujos valores variam entre R$ 5,00 eR$ 35,00, e tem acesso a uma série de conteúdos exclusivos, que vão desde um Instagram secreto da marca até sorteio de miniaturas, páginas de quadrinhos, ilustrações, entre outros.
Siga: @athaydeaf
Compre: loja.elefantesnasala.com
Assine: www.catarse.me/elefantes_na_sala
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