Heróis em Crise (Heroes In Crisis) é uma saga de 2018/ 2019 da DC Comics, que conta com roteiros de Tom King (Batman) e Clay Mann. A série contou com um total de 9 edições originais, e aqui a Editora Panini Comics trouxe a série em 5 edições que compilam os 9 números originais.
A trama e o Conceito de Heróis em Crise
A trama de Heróis em Crise parte de uma premissa muito interessante. Os heróis lutam diariamente contra ameaças de diversas escalas. Dentre essas lutas, muitos deles passaram por momentos de extrema dificuldade, gerando perdas e sequelas para o resto de suas vidas. Pensando nisso, a Trindade da Dc (Superman, Batman e Mulher-Maravilha) acabam criando o Santuário! Mas o que seria isso?
O Santuário seria uma espécie de “confessionário” onde os heróis poderiam desabafar e expor seus medos e traumas com total privacidade, com o intuito de assim poderem superá-los ou ao menos amenizar essa dor. Esse lugar é isolado e totalmente sigiloso, onde apenas os heróis sabem de sua existência. Após suas confissões, os arquivos são deletados para assim manter o código de privacidade. O Governo por exemplo não tem ideia de que isso sequer existe. Ou seja, o objetivo do Santuário é minar um pouco da dor destes heróis, que apesar de possuírem super poderes, também têm um lado vulnerável no que tange aos seus traumas.
Desenvolvimento da História de Heróis em Crise
Tendo o conceito do Santuário estabelecido, acompanhamos um pouco do seu funcionamento, ao nos deparamos com estes desabafos / confissões de diversos personagens. Porém, uma série de assassinatos ocorreu no local e assim vários heróis tombaram. Em meio a um lugar de paz, o caos e o medo tomaram conta, já que o lugar detinha total sigilo. Então, quem está por trás disso? Heróis em Crise parte com essas duas premissas: explorar os traumas dos heróis enquanto ocorrem as investigações acerca de quem seria o culpado pelos crimes. Tendo como pontos focais dois personagens que conduzem a trama: Arlequina e Gladiador Dourado, ambos suspeitos de tais atos.
Tom King é um escritor de mão cheia, e já provou isso mais de uma vez. Seus trabalhos em Batman, Visão e principalmente Senhor Milagre são exemplos disso. Aqui em Heróis em Crise ele continua mantendo a qualidade de seus textos. É muito interessante como ele coloca as confissões dos heróis e os demais diálogos e discursos no decorrer da trama. Ao abordar o texto em primeira pessoa, muitos desses soam quase como poético e reais, devido as vezes as repetições nas palavras, demostrando anseio e medo ao exporem seus sentimentos. Afinal, relembrar traumas ou tentar expirar seus pecados, nunca será uma tarefa fácil.
Acertos, reflexões e curiosidades!
A maneira como nos são mostradas as confissões dentro do Santuário são bem pensadas. Pois, aliado ao texto de King, temos a arte espetacular de Clay Mann. Todas as confissões são feitas em páginas de 9 quadros e assim vemos os desabafos e traumas dos heróis expostos nessa sequência. Texto e expressões aos dizerem tais palavras casam muito bem. Algumas destas confissões possuem poucas palavras (ou nenhuma) e mesmo assim conseguimos captar o que está sendo dito. Isso mostra o acerto da dupla ao fazer essas abordagens, que se comunicam bem com o leitor e trazem fatos de volta à tona junto com algumas reflexões.
Outra coisa legal é que não apenas personagens do grande escalão participam dessas cenas, temos outros de menor escala que também aparecerem e deixam o seu depoimento. Alguns personagens são praticamente desconhecidos do grande público, o que nos atiça em pesquisar depois e saber um pouco mais mais os mesmos.
Ressalvas e ponderações!
A ressalva de Heróis em Crise fica por conta do desenrolar da investigação dos assassinatos. A trama fica um pouco enrolada em determinados momentos e de repente acabam por encontrar soluções um tanto quanto fáceis. Algumas incoerências em alguns embates também podem deixar alguns leitores mais “raízes” um pouco revoltados. Tom King infelizmente fez algumas escolhas de combate dos quais não fazem muito sentido (se você já leu, sabe que estou falando da Arlequina) dadas as proporções de poderes / força dos personagens envolvidos.
Outra ressalva fica por conta da participação da Trindade, já que ela como detentora do Santuário acaba por ficando bem de lado em vários momentos, e quando aparecem ficam muito aquém dos seus potenciais. A Trama opta por focar em outros personagens, até aí ok. Mas tratar personagens desse calibre como se fossem quase nada ou meros expectadores dentro de um contexto que eles criaram, ficou uma sensação meio vaga de suas participações. Muitas situações poderiam ter sido resolvidas rapidamente com a interferência deles, mas simplesmente eles ficam “boiando” enquanto a coisa toda vai acontecendo.
Entre erros, acertos e escolhas!
Quando a saga terminou de ser lançada lá fora, choveram comentários falando do final de Heróis em Crise, que aparentemente havia sido péssimo. E querendo ou não, fiquei com isso na cabeça durante um bom tempo, e isso me gerou certa desconfiança em conferir o quadrinho. Mas como se tratava de King e Mann, tinha que dar uma chance. E quando fui chegando próximo ao final, pude entender o porque de uma grande parte dos fãs terem odiado a conclusão da série. De verdade eu entendo. A escolha de King para a resolução da trama é sim polêmica, pois ao utilizar determinado personagem para tais ações, foi uma coisa que de certa forma mudou o status quo do mesmo, para um lado do qual, talvez ele normalmente não iria.
Porém apesar dos pesares (poi eu também fiquei meio “assim” com tal escolha) eu gostei da conclusão de Heróis em Crise. Tom King explica o porque dos fatos e apesar de polêmico, dentro da sua narrativa e do contexto em que o personagem é inserido, faz sentido ele ter agido de tal maneira. Aliás, a confissão dele e o texto acerca disso e da resolução do caso são muito bem escritos. Em alguns momentos a escrita de King lembra trechos de livro ou de algo mais de cunho “literário” sabe? Uma coisa é certa, você pode até não ter gostado da resolução e das escolhas que King fez durante a saga, mas temos de reconhecer a qualidade de seu texto mesmo assim.
Conclusão de Heróis em Crise, Vale ou não a pena?
Em suma, Heróis em Crise aborda um lado mais humano e frágil dos heróis, possibilitando ao leitor e as pessoas envolvidas a eles, terem um panorama de que eles são não seres perfeitos. Eles têm tantos problemas quanto qualquer um de nós (ou até mais). O fardo que eles carregam e o porque deles ainda assim, continuarem a fazer o que fazem todos os dias. Claro, o quadrinho tem ressalvas, e ficou um gostinho a mais de ver mais do conceito do Santuário ser melhor explorado. Mas, para o bem ou para o mal, Heróis em Crise está aí.
Links de aquisição das edições Heróis em Crise da Panini:
Bom é isso, vamos ficando por aqui. Para mais postagens acerca de quadrinhos clique aqui! Fique ligado que tem muita coisa legal que vindo no Meta Galáxia. Até mais e grande abraço.
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