Tá ai um texto que eu não estava preparado para escrever. Talvez nunca estivesse, mas definitivamente parece cedo demais. Akyra não era um garoto, mas ainda era muito novo para nos deixar, mas, em minha mente e talvez na de muitos de vocês, seria eterno. Essa ideia de eternidade surgia de sua importância. Uma lenda, que supera gerações e que impactou e segue impactando, inspirou e segue inspirando e que, mesmo depois de décadas, ainda é o mestre, a referência, o ponto de partida.
Todos nós, que participamos da cultura Geek temos um pouco de Toriyama em nós, direta ou indiretamente. Por ter jogado Chrono Trigger em nosso Super Nintendo, por ter nos divertidos com Dragon Quest, Dr. Slum, mas principalmente, por Dragon Ball. A obra maior de Toriyama não é só um grande sucesso, é um ponto de referência. É o conceito básico para muitas obras que vieram no futuro. Suas obras, suas criações, não se sustentam somente em nostalgia. Ninguém vira Akyra Toriyama só com nostalgia. Ele era gênio, sabia o que fazia.
Você já deve ter ouvido falar o quanto Oda, Kishimoto e outros mangákas foram inspirados por ele. Talvez tenha lido as belas declarações que ambos deram após saber de sua morte e passou a entender a importância e o impacto que este homem teve para toda uma industria. Hoje, animes são mundiais, não são algo de nerds, desconhecidos. Animes fazem sucesso entre todas as gerações, não só por Dragon ball, mas por One Piece, por Naruto, por Bleach e por qualquer outra obra que, existe hoje, por Toriyama.
Mas não confunda as coisas, nosso amado autor, como eu disse anteriormente, sabia o que fazia. Dragon Ball é genial, Goku é inspirador e tudo que dali veio é diferente. É uma sensação, uma aproximação, como se estivessemos diante de tudo que o mundo pode nos proporcionar de bom. Junto de Goku, nós rimos, nós tememos, nós choramos, torcemos e levantamos as mãos, pois, mesmo o homem mais bondoso e poderoso do universo, precisou de nossa ajuda algum dia. Pois assim, Goku – e Akyra – nos ensinou que mal algum sobrevive a união de todas as pessoas.
Mas novos desafios continuaram a surgir e quando nosso universo precisou ser salvo, nos restou nos reunir nas ruas, em telões, como se fosse uma copa do mundo e torcer. Novas emoções, para pessoas como eu que sentiram novamente como se tivesse cinco anos, como se tivesse quinze, como se tivesse vinte. Assistir e lembrar de Dragon Ball me reseta a um momento único, a um “momento Dragon Ball”, com emoções que só Akyra foi capaz de me passar.
O mundo perdeu mais do que o autor de Dragon Ball, perdeu um gênio, um artista que criou e modificou conceitos, que moldou costumes e invadiu culturas. Comparo sua importância nos mangás a de Tolkien na literatura. Uma lenda que espalhou seu legado globalmente como poucos artistas na história podem dizer que fizeram. Que mesmo pessoas comuns não tentam copiar, mas homenagear, se aproximar. Akyra é o ponto de partida para muitos artistas e ao mesmo tempo é o ponto de chegada, é o ápice, aquilo que muitos buscam se tornar.
Suas obras são um símbolo de união para todos, que compartilham a influência de Toriyama como algo em comum. Muitos de nós nunca nos vimos, nunca conversamos, mas temos coisas que nos tornam parte de um mesmo mundo, uma mesma turma. Nós, através de Akyra, compartilhamos os mesmos sentimentos por anos, fizemos Genki-Damas aos montes. Hoje, nós compartilhamos mais dois sentimentos: o primeiro, de tristeza profunda, de perda, de luto.
O outro, um sentimento bom: ao Mestre Akyra Toriyama, minha gratidão!
