Crítica da segunda temporada de Club de Cuervos, da Netflix
Ano: 2016 |
Título Original: Club de Cuervos |
Produção: Netflix | Nº de Episódios: 10 |
Avaliação: ★★★★★ (Excelente) |
Manter o ritmo após uma primeira temporada tão surpreendente e agradável não é uma tarefa fácil e, em função disso, muitas séries acabam declinando, eventualmente chegando ao cancelamento – inclusive entre obras da própria Netflix. Não é o caso da segunda temporada de Club de Cuervos, que, além de agradar tanto quanto a primeira, consegue surpreender novamente trazendo novos elementos do mundo boleiro à tona, sem perder sua narrativa única.
Com maior foco no desenvolvimento dos personagens que já conhecemos, e maior participação dos coadjuvantes, a segunda temporada narra o mandato de Isabel Iglesias como a nova presidente do Club de Cuervos, tendo que lidar com a difícil missão de tirar o time recém-rebaixado da Segunda Divisão do futebol mexicano. Não obstante as dificuldades que uma equipe em uma liga de acesso enfrenta, Isabel ainda precisa lidar com questões pessoais e a constante tentativa de Chava de tomar a presidência de volta.
Como protagonista, a personagem ganha profundidade e carisma para que Mariana Treviño mostre todo seu talento e um verdadeiro show de atuação. Passamos a conhecer todos os lados de Isabel: uma mulher forte, inteligente e determinada, que enfrenta sem medo aqueles que se põem em seu caminho, lidando com um universo extremamente machista; mas que, em seu íntimo, sente muitas dúvidas quanto ao seu sucesso pessoal e profissional. E, com seu crescimento como presidente, a relação com o marido Rafa passa a ficar cada vez mais delicada.
Longe do comando diretivo do esporte, Chava ganha ares mais cômicos nesta temporada, garantindo muitos momentos hilários em suas exaustivas tentativas de garantir-se bem sucedido e atrapalhar os planos de felicidade de sua irmã. Sempre acompanhado de Hugo Sánchez, o ex-presidente tenta também se inteirar dos negócios da família e acaba se envolvendo com o passado de Mary Luz – que possui papel fundamental nesta trama, recebendo destaque na maior parte dos episódios.
O âmbito futebolístico também recebe um tratamento muito interessante. Conhecemos os bastidores da segunda divisão mexicana, mostrando a precariedade a que os times são submetidos, como as dificuldades de grandes viagens em deslocamentos de ônibus e estádios caindo aos pedaços, com gramados horríveis. É engraçado notar como os jogadores de primeira divisão lidam com o choque de mudança de status, dada a diferença de nível entre uma liga de acesso e a liga de elite, e por outro lado, o deslumbre de jogadores do draft – espécie de leilão de atletas – quando conseguem um contrato para poder jogar, mesmo que em um time fraco, apenas para não ficarem parados na temporada.
O elenco dos Cuervos ganha mais destaque, especialmente em relação a Cuau e Potro – este último vem a ser o astro do time na segundona, e acaba se tornando um dos personagens mais relevantes e carismáticos da série. O brasileiro Rio também passa a ser mais participo, e Tony se torna outra estrela do time ao lado de Potro. Na contrapartida dos Cuervos, há um novo rival, os Carneros – time comandado por Félix, ex-diretos dos nuevotoledanos. Como mandatário do time rival, Félix enxerga a oportunidade de dar a volta por cima, criando a equipe que sempre sonhou ter, sem estar sob o guarda-chuva dos Iglesias.
A segunda temporada de Club de Cuervos consegue manter a excelente combinação de humor e drama sem soar repetitiva em nenhum momento, valendo-se especialmente de suas ótimas atuações, personagens carismáticos e a inteligente exploração dos inúmeros detalhes do rico universo que contempla o mundo do futebol.
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