Elite – Resenha da série original Netflix espanhola
Título Original: Elite |
Ano: 2018 |
Criação: Carlos Montero/Dario Madrona| Nº de Episódios: 08 |
Avaliação: ★★★☆☆ (Bom) |
Elite é a mais nova aposta da Netflix, uma série original espanhola que mescla o ambiente colegial a uma trama de violência, suspense, libido e tensão. Uma aposta que mira, em boa parte, o sucesso estrondoso de La Casa de Papel (confira a resenha), uma vez que a nova produção conta também com integrantes do mesmo elenco.
Embora não possua o mesmo apelo do fenômeno espanhol que a precedeu, Elite não chega a ser uma novela como Rebelde – como muitos têm comparado em virtude do clima de escola e os uniformes nitidamente inspirados -, pois, apesar de ter um aspecto ligeiramente juvenil, a série está longe de exibir episódios com cenas voltadas diretamente a esta faixa etária.
Na trama, três estudantes recebem, como indenização de uma construtora, uma bolsa para estudar em um colégio de elite após sua antiga escola ter desabado sobre suas cabeças. São eles Samuel (Itzan Escamilla), um garçom cujo irmão recentemente deixou a prisão; Christian (Miguel Herrán), o típico malandro desinibido que busca o que quer a todo custo; e Nadia (Mina El Hammani), uma garota filha de palestinos que tenta manter as tradições de sua cultura e religião.
Logo de cara, os três amigos se deparam com as regras rígidas do colégio e são recebidos de forma bastante hostil pelos demais colegas – em sua maioria, filhos de embaixadores, diplomatas e grandes empresários. Entretanto, a aproximação entre Samuel e Marina (Maria Pedraza), filha do responsável pelo desabamento da antiga escola, começa a mudar os rumos de todos os alunos.
Há uma subtrama que desenrola na série em forma de flashes, revelando, logo ao fim do primeiro episódio, o assassinato de um dos estudantes. Essa narrativa – às vezes inserida de forma aleatória em meio aos fatos dos episódios – pouco funciona no quesito de deixar o espectador curioso e apenas cria uma distração. A série poderia muito bem funcionar sem este artifício.
Outro problema encontrado em Elite é a repetição de diversas situações, como as pegações entre os alunos em momentos pouco convencionais ou discussões que tornam a acontecer pelo mesmo motivo. O roteiro cai, na maior parte das vezes, em momentos bastante previsíveis e ações óbvias dos personagens.
Os personagens, no entanto, são, possivelmente, o principal ponto positivo. Eles são, de modo geral, bem desenvolvidos e possuem seus dramas pessoais explorados de forma contundente. As relações entre eles são o que fazem a série ganhar fôlego, com destaque para as atuações do trio de La Casa de Papel (os intérpretes de Christian, Marina e Nano – Jaime Lorente -, o irmão de Samuel) e Mina El Hammani, que faz de Nadia uma personagem interessantíssima.
A série também aborda temas como HIV, diferenças étnico-religiosas, homossexualidade e conflito de classes sociais, trazendo diferentes pontos de vista e desmistificando determinados preconceitos. Isso sem falar do tráfico de influência, que norteia o pano de fundo de toda trama.
Elite conta, ainda, com uma trilha sonora incrível e agradável, que alterna entre músicas contemporâneas espanholas e clássicos internacionais, marcando algumas das principais cenas do seriado e o clímax da temporada, em um episódio final que chega a surpreender (ouça no Spotify).
Entre altos e baixos, Elite deixa a impressão de que poderia ser mais, mas ainda é uma opção interessante na Netflix e emplaca alguns personagens marcantes que, possivelmente, retornarão para uma segunda temporada.
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