Good Omens – Resenha da série original Amazon Prime Video baseada na obra de Neil Gaiman
Título Original: Good Omens |
Ano: 2019 |
Criação: Neil Gaiman | Nº de Episódios: 06 |
Uma divertida e cativante sátira. Good Omens é a mais recente aposta do Amazon Prime Video, que tem intensificado seus esforços em séries originais – esta, inclusive, tem contado com um forte trabalho de marketing no Brasil, com uma boa dose de anúncios digitais e offline.
A série de seis episódios é baseada no livro homônimo de Terry Pratchett e Neil Gaiman, lançado no Brasil sob o nome de Belas Maldições. Gaiman inclusive assina a série, sendo seu roteirista e produtor executivo, o que garante à fidelidade da produção à sua obra escrita.
Good Omens narra a longínqua amizade entre um anjo, Aziraphale (Michael Sheen), e um demônio, Crowley (David Tennant), que existem desde o principio dos tempos, vivendo entre os humanos do tempo de Adão até os dias atuais e, de diversas formas, interferindo na vida terrena.
Os dois seres eternais – representantes de lados opostos e inimigos naturais – acabaram desenvolvendo uma relação inusitada ao longo dos milênios, ajudando-se mutuamente e, de certo modo, adquirindo hábitos humanos – algo inimaginável e inaceitável para anjos e demônios.
A dupla, entretanto, se vê no epicentro da chegada do Armageddon, que eclodirá quando o recém-nascido anticristo completar onze anos de idade. Quando o momento derradeiro se aproxima, Aziraphale e Crowley buscam de todos os modos impedir a Guerra Final entre céu e inferno e salvar o futuro da humanidade.
Good Omens é, como a maior parte das obras de Neil Gaiman, recheada de referências filosóficas, mitológicas e históricas, além de críticas implícitas ao religiosismo mais ortodoxo. A série debocha do pragmatismo da sociedade britânica e traz para o lado cômico, por exemplo, situações relatadas do Antigo Testamento, como a Arca de Noé, contextualizando-as para a linha temporal da série de forma bastante inusitada e criativa.
Mais do que apelar ao bom humor ácido britânico, Good Omens brinca com a mediocridade do homem a dualidade da concepção de bem e mal, relativizando-os quanto à condição humana: não somos totalmente bons ou maus. E assim são os protagonistas: dois arquétipos literais sobre a bondade ou maldade que entram em conflito pessoal por não se verem representados por suas origens (paraíso e inferno), mas sim, muito mais próximos aos humanos – a quem anjos e demônios veem como seres inferiores.
Michael Sheen e David Tennant entregam ótimos protagonistas, personagens totalmente opostos mas igualmente cativantes. Suas ações, por mais caricatas que possam soar em alguns momentos, são condizentes com o ambiente da série e geram empatia com o expectador, seja nos momentos cômicos ou mesmo mais dramáticos, bastante recorrentes na reta final.
A série ainda conta com a participação de diversos atores renomados como Jon Hamm, que interpreta o arcanjo Gabriel; Michael McKean como o caçador de bruxas Shadwell; Brian Cox como a Morte; e Frances McDormand como a voz de Deus e narradora da série, entre outros. Há, ainda, uma breve ponta de Benedict Cumberbatch (série mais britânica impossível!).
Um dos poucos defeitos da série – se é que é possível colocar desta forma – é o fato da narração ser, por vezes, excessivamente explicativa. Isto se deve, possivelmente, a ideia de tornar a produção o mais leal possível quando a uma narrativa de literatura; entretanto, é algo que não se faz necessário.
Sagaz e divertida, Good Omens é uma ótima série que mantém o espectador entretido durante todos os seus episódios; definitivamente possui a marca de seu criador, um dos melhores autores de fantasia das últimas décadas. Além disso, é repleta de excelentes referências e conta ainda com uma trilha sonora incrível liderada especialmente por canções do Queen (vem muito a calhar). Facilmente uma das melhores obras do Prime Video.
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https://www.youtube.com/watch?v=hUJoR4vlIIs