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O Perfume – série (Netflix) – Resenha

O Perfume – série (Netflix)

O Perfume – série (Netflix) – Resenha

Ano: 2018
Título Original: Parfum
Dirigido por: Tom Tykwer
Avaliação: ★★★★★ (Excelente)

(Sem Spoilers)

O Perfume – série (Netflix) – estreou mundialmente na plataforma de streaming em 21 de Dezembro de 2018, agraciando o espectador com seis episódios baseados no livro de mesmo nome, de autoria de Patrick Suskind. Insta enfatizar que, de tão relevante é a influência do supradito livro nessa maravilhosa série alemã, que eu jamais poderia iniciar essa resenha crítica sem contar um pouco da história de Jean-Baptiste Grenouille, personagem principal da obra “O Perfume – História de um assassino“.

O jovem Jean nasceu em 1738, em meio ao lixo de uma barraca de peixes em Paris, rejeitado por sua mãe, que fora enforcada por consequência do abandono. Logo nos primeiros momentos de sua vida, já exibia duas particularidades: Ao mesmo tempo que a criança veio ao mundo sem qualquer rastro de odor natural, também fora dotada de um olfato apuradíssimo.

Nos anos seguintes de sua vida, Jean-Baptiste sofreu imensamente com o preconceito despejado sobre si, exclusivamente em razão de a sociedade francesa da época associar a ausência de cheiro a um mal terrível, a um ser abominável, digno de medo. Em virtude do desprezo, o jovem passou a vida sem receber qualquer afeto, o que o motivou em uma busca incessante por um cheiro próprio, que seria adquirido por meio do melhor perfume do mundo.

Em meio à saga, Grenouille fica estonteado pelo odor de uma meretriz e acidentalmente a mata, o que acarreta uma mistura de sentimentos e, inevitavelmente, prazer. A partir de então, inicia-se a procura por mulheres jovens e dotadas de pureza virginal, todas objeto de pequena parte do que viria a se tornar o “perfume de um Deus”.

Jean-Baptiste alcança a perfeição tanto ansiada e, para a surpresa do leitor, se torna um “anjo” capaz de provocar em cada indivíduo o mais puro amor e explosão sexual já vistos, no entanto, insuficientes para satisfazer seu real objetivo, qual seja adquirir a capacidade de dar amor e de ser amado.

É exatamente essa perspectiva abordada em O Perfume – série (Netflix), releitura atual com uma narrativa dramática muito bem construída, que prende o telespectador por sua intensidade, paixão, curiosidade e luxúria. Novamente, tal como no livro, trata-se de uma história sobre a necessidade do ser humano de ser amado.

Nas primeiras cenas do seriado temos o primeiro contato com o assassinato de Katarina (Roxane Duran), uma das integrantes de um grupo de amigos de infância composto por Moritz (August Diehl), Roman (Ken Duken), Elena (Natalia Belitski), Daniel (Christian Friedel) e Thomas (Trystan Pütter). Todos os componentes são extremamente suspeitos quanto ao homicídio de sua colega, e conforme o longa vai demonstrando em seu curso, suspeitos no que tange a inúmeros segredos.

Nadja Simon (Friederike Becht) é a policial encarregada para investigar a morte de Katarina e das demais mulheres mortas em condições semelhantes dentro de suas atipicidades. Ocorre que, na mesma medida em que a investigadora “mergulha” no caso, também se vê cada vez mais imersa em um tórrido relacionamento com outro agente policial, até então casado e pai de dois filhos.

Na primeira metade dos episódios o espectador conhece um pouco mais sobre a infância perturbadora dos protagonistas, compreendendo melhor a personalidade de cada um deles e a culpa carregada, já que não existem inocentes nessa trama, existem apenas pessoas “menos” culpadas.

A ardente e densa série faz fazendo incontáveis referências a sua obra inspiradora e foca essencialmente no mistério, seja para que o telespectador descubra o nome (ou nomes) do serial killer(s).

O longa fecha de maneira surpreendente, expondo nos últimos momentos as motivações dos verdadeiros assassinos, assim como o egoísmo e volatilidade envolta aos personagens e inerente a própria raça humana. O telespectador sofre um abrupto choque ao compreender que tudo gira em torno da busca de um desejo, que ao inicio é mascarado, mas que é o mais profundo dos desejos de qualquer Homem.

A série nos deixa lições quanto às repercussões práticas da ausência de afetividade e de relacionamentos abusivos. A projeção de um perfume para suprimir essas necessidades básicas envolve uma neurose deturpada e privada para reaver o carinho até então jamais ministrado, manifestada expressamente quando o objeto de toda discórdia e terror abordados em seu curso é utilizado novamente em benefício particular, demonstrando uma linha tênue entre a carência e o egocentrismo.

Em minha opinião, a série deveria encerrar na primeira temporada, finalizada de forma magistral, no entanto, ainda não sabemos se O Perfume – série (Netflix) terá uma continuação. De qualquer forma, a produção demonstrou que a hegemonia das boas produções não está mais concentrada nos estúdios americanos, pois além de ser oriunda de ótimas referências (livro e filme: “O Perfume – História de um assassino”), possui trilha sonora e fotografia expressivas, tecnicamente impecáveis quando o assunto é envolver aquele que assiste, causando sensações vexatórias e ao mesmo tempo demasiadamente apaixonantes.

Por fim, se assim como eu, você não resiste a suspense marcante, não deixe de assistir “O Perfume – série (Netflix)” e se deixe encantar por essa caçada tóxica ao amor. Para acompanhar outras resenhas de séries do Meta Galáxia, clique aqui.

Análise Crítica
Data
Título Original
O Perfume Netflix
Nota do Autor
5

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