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Documentário Votos investiga a escolha por uma vida austera em um tempo de excessos e infinitas possibilidades

Votos traz à luz espaços e motivações raramente acessíveis ao público

O que leva pessoas, em pleno século XXI, nas megalópoles de Rio de Janeiro e São Paulo, a fazer os votos de Conversão de Costumes (Pobreza e Castidade), Obediência e Estabilidade?

Essa é a pergunta que o documentário Votos, dirigido por Ângela Patrícia Reiniger e roteirizado por ela com Daniella Machado, se dispõe a responder, entrevistando não apenas monjas, monges e as pessoas que se encaminhavam para a consagração definitiva na vida monástica por meio dos votos perpétuos, como também aqueles que mudaram de ideia no meio do caminho.

Além de levar o espectador a espaços aos quais nunca temos acesso e apresentar um estilo de vida que poucos compreendem, a questão proposta traz desdobramentos interessantes.

Aprendemos que os votos significam adotar uma vida de pobreza, castidade, obediência e estabilidade. Descobrimos, pelos depoimentos dos entrevistados, que foram questionados por familiares sobre “jogar a vida fora”, ou “viver aprisionado no mosteiro”.

Da clausura ao celular, quem não é prisioneiro? A diferença, aparentemente, é que os religiosos possuem um propósito. E a pobreza, no mosteiro, é muito diferente da que existe deste lado do muro.

De outro lado, essas palavras entram em ressonância – guardadas as devidas proporções, obviamente – com a vida fora do claustro: mercado de trabalho no contexto de crescente precarização, subempregos ou ocupações sem perspectiva de futuro, causando uma epidemia de burnout; individualismo crescente e isolamento ou superficialidade nas relações humanas, com objetificação (app-ificação?) das pessoas para mera satisfação pessoal; intensificação da privatização de espaços públicos; e a lista segue.

Tempos atrás, li um artigo que se perguntava: se, sob o Capitalismo, a ideia (das pessoas) é conseguir escapar do Capitalismo (no sentido de deixar para trás uma vida de exploração e opressão), qual a razão de ser do Capitalismo? (em inglês, aqui).

Os monges conseguiram.

Como o documentário se dedica especificamente às motivações das pessoas que se dedicam à vida monástica, deixa o espectador curioso e com vontade de conhecer mais sobre as formas com que as Ordens se relacionam com a sociedade – existe algum relacionamento mais específico com a comunidade? Fazem missas, ações de eucaristia? Como é a relação com outros órgãos da Igreja Católica? Como em toda pesquisa, uma resposta traz consigo diversas outras perguntas. Quem sabe em um próximo filme?

Distribuído pela O2 Play, foi produzido pela No Ar Comunicação em parceria com a GloboNews e Globo Filmes, e chega aos cinemas brasileiros em 25 de julho.

ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Votos
Já fui um monte de coisas e gostei de quase nada. Mas gosto do fato de que nada se limita a apenas contar uma história. Minha escala personalíssima das resenhas: [ 1 - 1.5 ⭐: gostei não ] // [ 2 - 2.5 ⭐: nhé ] // [ 3 - 3.5 ⭐: gostei ] // [ 4 - 4.5 ⭐: gostei muito ] // [ 5 ⭐: carai! ]
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