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Gavião Negro (Nova Fase) – Volumes 1 e 2 – Resenha

A nova fase do Herói alado é um ótimo ponto de partida para novos leitores, e deve agradar bastante os fãs mais antigos do Gavião Negro.

Resenha da nova fase do Gavião Negro, que conta com roteiros de Robert Venditti e arte de Bryan Hitch

Gavião Negro (Nova Fase) - Volumes 1 e 2 - Resenha 01

“… Venho reencarnando ao longo do tempo, desde a aurora da humanidade… Porém ultimamente, sou atormentado pela ideia de que aquilo que menos conheço sou eu mesmo. Que faltam pedaços de minha história. Nela persiste apenas um fato do qual estou certo… sou feito para voar.” – Carter Hall, Gavião Negro

O Gavião Negro ganhou uma nova fase pela DC Comics, que trouxe uma outra abordagem sobre o personagem. A missão de contar essa nova história ficou a cargo dos roteiros  de Robert Venditti (Hal Jordan e a Tropa dos Lanternas Verdes) e a arte com Bryan Hitch (Supremos).  Aqui iremos abordar as 12 primeiras edições (Hawkman 01-12)  dessa fase, que no Brasil foi publicada pela Editora Panini Comics em 2 encadernados, cada qual contendo 6 edições.

A Premissa da Nova fase do Gavião Negro

Após os fatos ocorridos em Noites de Trevas Metal, o arqueólogo e explorador,  Carter Hall está de volta.  Aproveitando esse gancho, Venditti faz uma nova abordagem acerca do Gavião Negro. O personagem sempre contou com uma cronologia um “pouco confusa”, muito por conta dele sempre reencarnar e ter vivido diversas vidas em muitas eras, ao longo da história da humanidade.

Então como Venditti poderia fazer essa abordagem de um personagem digamos “complicado”? Bem, digamos que aqui, ele tenta restabelecer uma nova linha cronológica, tentando assim simplificar isso, e dar novos rumos para o Gavião Negro. E para tal, ele coloca Carter Hall em uma busca de algumas peças de um enorme quebra-cabeça, que o vem assombrando em seus sonhos (pesadelos) e assim, acompanhamos essa releitura do personagem.

Uma jornada de redescoberta tanto para o personagem quanto para nós leitores.

O quebra-cabeça de muitas vidas (e da cronologia)

A abordagem que a história toma é muito bem construída por Venditti. Pois o ponto de partida da obra é justamente a busca pela sua própria história. O Gavião Negro tem que desvendar um enorme mistério que o cerca desde muito tempo, e assim Carter Hall faz literalmente viagens em busca de seus outros “eus”. E cada uma dessas viagens e buscas, o herói acaba descobrindo novas coisas e ao mesmo tempo se questionando ainda mais sobre a sua existência.

Quando a história parte para esses rumos, é onde Venditti começa a recontar a origem do personagem. Mesclando um clima de suspense / mistério (já que Carter começa a agir como um detetive atrás de pistas) e com uma pegada mais voltada pra “ficção”, temos rumos interessantíssimos para o personagem. O Gavião Negro é conhecido muito por conta de suas diversas reencarnações e também por sempre reencontrar o amor da sua vida, a Mulher-Gavião. Destinados a serem amantes pelas eras, os dois sempre acabam se reencontrando por serem almas gêmeas, que o destino uniu.Ótimos pontos de partida pro personagem e que sempre o marcaram ao longo dos anos.

E esses dois fatos fatos tem o seu lado bom e também o ruim. Vamos tentar explicar. A relevância do Gavião Negro dentro da DC em relação a outros personagens, nunca foi alta. Apesar de importante, ele sempre acabou ficando em um segundo (e as vezes terceiro) escalão. Com isso, sem a devida atenção, o personagem sofria com uma cronologia um tanto confusa o que não era tão atrativa para novos leitores. Ninguém sabia ao certo até onde o personagem tinha ido e com uma cronologia tão vasta, isso poderia assustar o novo público sem um direcionamento correto.

Nos anos 2000, Geoff Johns (O Relógio do Juízo Final) deu uma reformulada no herói, justamente tentando arrumar essa bagunça. O run dele é lembrado até hoje por muitos como o melhor do personagem, pois os fãs tem um carinho muito especial por ela. Mas depois disso, o personagem mais uma vez ficou carente de um título de destaque. Ou seja, Venditti e Hitch tinham uma missão um tanto complicada: respeitar o legado do herói e apresentá-lo para um novo público.

Quem é Carter Hall? Ou melhor, o que é Carter Hall?

Um dos grandes acertos da obra é a expansão do conceito de reencarnação presente no legado do Gavião Negro. Aqui temos apenas esse tema revisitado, mas também expandido. Sabemos que Carter Hall teve vidas no antigo Egito, na era dos Templários e também na época do Velho Oeste. Isso não é descartado. Porém Venditti utiliza isso como ponto de partida e nos apresenta que Carter Hall não apenas reencarnou, como também fez isso pelo espaço / tempo. Ou seja, Carter Hall teve incontáveis vidas não pelo tempo da Terra e da humanidade, mas tempo por toda a vastidão do espaço. O Gavião Negro esteve acompanhando a história de todo o universo.

A ideia que pode parecer um pouco estranha no inicio vai ganhando corpo, e com o passar das edições, vemos que esta nova abordagem funciona bem. O herói parte viajando por suas diversas vidas, tentando desvendar o segredo de sua existência, e com isso sempre se “encontrando” com suas antigas vidas e aprendendo um pouco com elas. Um belo exemplo disso é quando sabemos que Carter Hall teve uma vida em Krypton. A maneira como essa parte é contada é muito bem escrita e acrescenta em muito a essa nova origem do Gavião Negro. Essa passagem é  emocionante, e cria uma ponte que traz um novo pedacinho de Krypton para o leitor.

E  a cada nova descoberta a trama vai ganhando proporções cada vez maiores e mais instigantes, até que algumas das peças faltantes do quebra-cabeça de Carter Hall vão sendo preenchidas e assim algumas respostas nos vão sendo dadas. E estas vão moldando o personagem nessa nova  e interessante fase. Outro bom ponto é abordagem sobre o “carma” das vidas passadas. O que carregamos de nossas escolhas e como isso influencia os cursos da vida, não só da nossa, mas de todos que nos cercam.

O que mudou tanto nessa nova fase?

Sem dúvida uma das principais mudanças e inovações dessa releitura do Gavião Negro é a simplificação da cronologia carregada do herói. Mesmo para novos leitores, a obra agrada e não o deixa perdido ou tendo que fazer pesquisas. Sempre que a história remete a alguma coisa, sempre Venditti dá um jeito de situar o leitor.

Como já dissemos, também temos uma abordagem mais voltada agora a explorar o espaço tempo, coisa até o momento não havia sido feita com tanta ênfase. Ao fazer isso, a história ganha novas nuances, permeadas por descobertas, explorações e teorias sobre as diversas vidas do Gavião Negro. Até onde ele teria ido? Onde foi a sua “primeira” vida? Qual é o papel / propósito do “atual” Gavião Negro?

Ao tentar desvendar essas questões, a trama acaba deixando um pouco de lado talvez, como podemos dizer, a abordagem mais romântica do herói. Ou seja, durante esses primeiros arcos, o relacionamento dele com a Mulher Gavião é tratado mais em segundo plano. E talvez isso possa soar um pouco estranho, já que esse sempre foi um dos principais pontos do personagem. Essa romantização de serem almas gêmeas destinadas a sempre se reencontrarem.

Mas mesmo não sendo o foco, isso não é ignorado, pois durante a história, isso começa a ser pontuado aos poucos, principalmente quando chegamos a descoberta de alguns dos mistérios. Com certeza isso é algo que Venditti vai acabar explorando nos arcos seguintes.

A Nova fase do Gavião Negro, vale a pena?

Vale a pena demais acompanhar essa nova fase do Gavião Negro. A releitura proposta por Robert Venditti e Bryan Hitch cumpre muito bem o seu papel: trazer novos leitores e manter os antigos. As mudanças não foram tão bruscas nessa nova abordagem, porém abriram caminhos que podem ser explorados e assim renderem ótimas histórias. O mundo ao redor de Carter Hall está muito interessante, trazendo coisas novas e resgatando outros pontos conhecidos, como a amizade ele com Ray Palmer, o nosso  Átomo / Elektron.

Se tem um personagem que merece a sua atenção é o Gavião Negro. Ele é um dos personagens com um dos backgrounds mais bacanas e deveria ser mais valorizado. Infelizmente, muita gente não conhece o personagem, e acha que ele apenas “voa”. O potencial do personagem e todo o seu mundo é gigantesco, e essa nova fase é mais uma prova disso. Com roteiros certeiros,  bons diálogos e um bom desenvolvimento (desses novos conceitos), Venditti conduz o personagem com segurança. E a arte de Bryan Hitch está afiadíssima, como não víamos há muito. É só dar uma olhada nas imagens inseridas nessa postagem. Como é bom ver Hitch de volta e em grande estilo.

Se você está a procura de um bom quadrinho de super herói, ou apenas uma boa leitura que envolve aventura, ação e ficção, esse quadrinho pode ser perfeito para você. Quem já gosta do personagem, com certeza vai adorar essa nova fase. E quem ainda não conhece, mas tem curiosidade, pode ir sem medo, pois com certeza você será fisgado e cativado pelo mundo do Gavião Negro. O herói alado está em boas mãos, e seus voos estão simplesmente incríveis de se acompanhar.


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