Liga da Justiça – O Povo Contra a Liga da Justiça é um arco interessantíssimo que explora as fragilidades e valores da Liga.
Ano Publicação Original: 2018 |
Título Original: Justice League 34 a 43
(No Brasil – Liga da Justiça Renascimento – 17 à 21) |
Roteiro: Christopher Priest |
Desenho: Pete Woods |
Selo: DC – (Editora – Panini) |
Avaliação: ★★★★☆ (Ótimo) |
Após a excelente e emocionante iniciativa da DC Comics com o Renascimento, uma nova era nascia para a editora das Lendas. Com um novo fôlego e uma sensação de nostalgia, muitos títulos chegaram e agradaram, pois resgatavam a essência de seus personagens. Porém a Liga da Justiça não foi um desses títulos. Infelizmente nas mãos de Brian Hitch (nos roteiros o título) não engrenou. Hitch é um desenhista de mão cheia e tem trabalhos merecidamente aclamados. Mas no título regular da Liga, não deu liga. (rsrs) Com tramas óbvias e rasas, o título se arrastou. Foram poucos momentos onde tivemos algo realmente bacana.
Com o término do run de Brian Hitch, o roteirista Christopher Priest (Exterminador) assumiu e título na edição 33 e ficou até o 43. Foi pouco tempo, mas o suficiente para vermos como um roteirista pode mudar todo um cenário apático e entregar um arco interessantíssimo. Liga da Justiça – O Povo Contra a Liga da Justiça é um arco que merece ser mencionado!
A trama tem início mostrando a Liga da Justiça em diversas operações simultâneas ao redor do mundo. Temos um Batman fadigado pela luta contra o crime ( ele não dorme há dias) mas que mesmo assim está o tempo todo alerta agindo como líder da equipe. Porém em uma dessas operações, um pequeno erro de cálculo acaba ocasionando uma tremenda confusão em um resgate de reféns. O que leva a ter vítimas no incidente. Logo o fato se alastra pelas mídias (TV, internet) e a vida da Liga da Justiça vira um verdadeiro caos. Pois daí surge aquele questionamento imortalizado em Watchmen: “Quem vigia os Vigilantes?”
A opinião pública passa a questionar os métodos de trabalho da Liga da Justiça. Tudo bem que eles já salvaram a Terra diversas vezes, mas até onde seria o limite que eles podem interferir? Quem regulamenta isso? Em determinado momento da história surge uma frase bem interessante sobre os heróis mascarados: “Como eu vou saber se o Batman que salvou alguém ontem é o mesmo de hoje? Não sabemos o seu rosto ou quem ele é!” E justamente daí surgem milhares de bombardeios sobre o papel desses heróis. Com a tecnologia cada vez mais em evidência, motins surgem nas redes sociais e impulsionam conflitos externos e internos dentro da Liga.
Em Liga da Justiça – O Povo Contra a Liga da Justiça podemos observar esse lado do povo, mas também a perspectiva dos próprios heróis sobre isso. E aí várias questões internas são levantadas e podemos observar que a imagem de uma equipe totalmente unida, começa a desmoronar. Conflitos internos que antes eram contornados facilmente, agora ganham outra dimensão. A confiança nas escolhas, e nos próprios companheiros acabam ganhando novos ares. Seus ideais e valores permanecem, porém a maneira como trabalha isso começam a divergir bastante. Priest faz um trabalho muito bom ao colocar essas discussões a mesa, pois realmente são questões plausíveis e poderosas que fazem com o que heróis passem a questionar seu status como salvadores do mundo. Questões sociais e políticas também entram em jogo, mas até onde o herói pode desempenhar seu papel?
Com uma abordagem mais séria e concisa, Liga da Justiça – O Povo Contra a Liga da Justiça é um arco que você certamente deveria ler. Com um roteiro preciso de Priest e arte de Woods (que não é espetacular, mas funcionam bem) tem uma narrativa que nos conduz a questões mais intimistas dos heróis. E o poder da mídia sobre diversas situações e proporções que elas podem tomar dependendo de como se fala. Uma pena que o run de Priest foi curto no título da Liga da Justiça. Porém, foi algo bem significativo e que você deveria dar uma chance, caso esteja procurando uma boa história da Liga da Justiça. Ou simplesmente uma boa história.