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Olhos que Condenam (Netflix) – Análise Crítica

Revolta e emoção em Olhos que Condenam (Netflix) - Análise Crítica, minissérie original que conta a história de 5 garotos negros que são condenados por um crime que não cometaram.

Olhos que Condenam (Netflix) – Análise Crítica

Olhos que Condenam é uma minissérie original da Netflix baseada em fatos reais que narra de forma envolvente e dura como foi o julgamento e desfecho do caso de estupro de uma mulher que corria no Central Park, em Nova York, no ano de 1989.

Primeiro de tudo, quero dizer que fiquei muito impressionado com os acontecimentos e como a série retrata tudo. Claro, que a pauta principal e mais importante é o racismo, mas questões do sistema carcerário também são muito sensíveis e sérias, que me deixam extremamente revoltado e triste principalmente porque no Brasil a coisa é muito pior do que o que vemos nos EUA, para ambos os casos.

Dito isso, vou apontar meus esforços para escrever essa breve crítica, tentando dar menos de spoilers possível.

Antron

Olhos que Condenam (Netflix) – Análise Crítica

A Minissérie é dirigida pela diretora Ava DuVernay, indicada ao Oscar em 2014 por Selma, que fez um primoroso trabalho em Olhos que Condenam, a ponto de você se envolver com cada um dos personagens e núcleos da minissérie. Personagens esses que sofrem na pele o racismo da sociedade norte americana, que em pleno anos 90 tinha um Donald Trump boçal que dizia atrocidades como “Queria ser negro nos dias de hoje, pois hoje eles tem mais facilidades”.

Aliás, esse é um ponto interessantíssimo de se observar, como Trump é retratado na minissérie como uma pessoa extremamente racista. Imagino a repercussão que isso teve na terra dele.

A história da minissérie Olhos que Condenam gira em torno de 5 adolescentes entre 14 e 16 anos, negros, e que moravam em Nova York no ano de 1989. Tudo começa quando um grupo de jovens resolve fazer um “rolezinho” no Central Park, algo aparentemente normal para no bairro. No calor do momento, os 5 jovens vão junto com a turma e acontece uma batida policial no parque em que alguns deles são presos e levados à delegacia.

Yusef Salaam

Em seguida a série mostra como o caso foi tratado pelas autoridades, polícia e promotoria. Com um caso de estupro no parque e a detenção dos garotos negros, as autoridades enxergam uma oportunidade de “mostrar serviço” e também de ganhar um pouco de fama. A polícia tem uma lista de nomes dos jovens que estavam lá, e vão atrás de um dos que não foram presos na batida, Yusef de 14 anos, que foi convidado pelos policiais a ir à delegacia. Sem a presença de um maior responsável (no caso sua mãe) ele se sente coagido e acompanha os oficiais. Seu amigo Korey, o único de 16 anos (maioridade penal nos EUA), o acompanha pois “Se eu não ir com ele, a mãe dele vai me matar”. Assistindo a série, verá como Korey será o garoto que mais sofre com os acontecimentos.

Olhos que Condenam (Netflix) - Análise Crítica
Korey no tribunal

Os outros três jovens que foram presos na noite de batida no parque são Kevin (14 anos), Raymond (15 anos) e Antron (15 anos). A história irá girar em torno dessas 5 crianças citadas.

Inicia-se então uma série de interrogatórios dos menores de idade, sendo que nenhum deles acompanhados pelos pais. Os policiais coagem, agridem, e deixam os jovens por mais de 20 horas sob interrogatório, sem descanso e sem alimentação.

Esses fatores são a oportunidade ideal para o show midiático que se instala no país. Donald Trump, racista ao extremo, dá declarações terríveis e ainda gasta 25 mil dólares para colocar um anúncio na capa de um jornal com os dizeres “Tragam a pena de morte de volta. Tragam nossa polícia de volta”.

Anúncio que Donald Trump pagou 25 mil dólares para se manifestar sobre o caso.

E aí começamos a entender o por quê do título Olhos que Condenam, ou no original, When They See Us (Quando eles nos vêem). Jovens, negros, são criminosos culpados sem que isso precise ser questionado, ou devidamente provado.

Olhos que Condenam (Netflix) é uma série dura, triste, revoltante e muito necessária de se existir. Precisamos conhecer esses casos e propagá-los. Casos de racismo e de injustiça. Não só isso, precisamos mudar o sistema penitenciário que, hoje, ser um detento é como ir ao inferno. São pessoas que cometeram crimes e devem pagar por eles, mas a pena é reclusão da sociedade e não todas as atrocidades que acontecem nas cadeias, prisões ou casas de detenção.

Em 2016 eu acompanhei minha mulher numa palestra de uma ex-detenta na universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. Aliás, nem gosto de usar esse termo, ex-detenta, mas sim, uma mulher que cometeu um crime, foi presa por isso, e pagou sua dívida. Ela nos contou que em uma cela que comportaria 6 pessoas viviam 40 mulheres, com dois vasos sanitários quebrados, sem absorvente ou papel higiênico, com um banho por mês. Elas usavam miolo de pão como absorvente, e quando tinham.

https://www.youtube.com/watch?v=InMokMK3ji4

Além disso, o sistema penitenciário é um dos setores que mais recebem críticas da população desinformada e que mais recebem verba do estado, mas para onde vai esse dinheiro? Se eles não tem nem papel higiênico ou comida digna de um ser humano? É mais uma fonte de corrupção, de uma forma muito cruel.

Olhos que Condenam (Netflix) – Análise Crítica é, para mim, candidata a melhor minissérie do ano, concorrendo com Chernobyl da HBO. Prepare-se para se revoltar e se emocionar.

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