A Freira (The Nun, 2018) é um filme que não se salva nem mesmo com reza brava.
Ano: 2018 |
Título Original: The Nun |
Dirigido por: Corin Hardy |
Avaliação: ★★☆☆☆ (Regular) |
Os dois longas de Invocação do Mal (do diretor James Wan) fizeram um grande (e merecido) sucesso, já que trouxeram novo fôlego para um gênero que já estava bem desgastado. E sempre uma franquia se estabelece, acabam por surgir novas oportunidades de spin-off, e junto com eles a natural desconfiança se há realmente uma nova história a ser contada ou se não passa de um caça-níquel barato. Annabelle é um destes casos, pois teve dois filmes derivados de Invocação do Mal, onde ambos fizeram relativo sucesso mas um tanto questionáveis quanto a qualidade, assim ficando bem abaixo da franquia que os originou. E agora é a vez de A Freira, personagem apresentada em Invocação do Mal 2 que ganha sua chance nas telonas.
A Freira tem como premissa um incidente ocorrido em uma abadia localizada em lugar afastado de tudo na Romênia, onde freiras guardam o local. Depois de alguns fatos, o lugar é palco de um incidente que acaba a morte de uma das freiras. O Vaticano é notificado do ocorrido, e assim designa o Padre Burke (Demián Bichir) e uma noviça, a irmã Irene (Taissa Farmiga) para verificarem o caso. Ao chegar lá, os dois conhecem o jovem Frenchie (Jonas Bloquet) que é um habitante local e logo serve como guia. E claro, a partir daí as coisas começam a desandar. E não só para os personagens,mas para o filme em si também.
O longa apresenta seus personagens principais, porém não demora muito para percebermos que eles são mais ideias e arquétipos do que “tem que ter” nesse tipo de filme. Um padre carrancudo que tem algum tipo de trauma e tenta lidar com isso todos os dias. Uma noviça que ainda está imatura quanto aos seus votos e embarca nessa missão. Ou seja, os personagens são muito rasos e logo suas reações e atitudes dentro do filme acabam por perder impacto e significado. Eles passam por situações realmente tensas e desafiadoras, porém não parecem se abalar tanto. É como se os personagens simplesmente ignorassem os ocorridos e logo estão prontos para mais uma “fase” do caso dentro da misteriosa abadia. E isso acaba por fazer muita diferença dentro da proposta de A Freira.
Com os problemas citados acima logo temos as consequências disso, que são os momentos de transição dentro da narrativa. Por se tratar de um filme de origem, o longa acaba se perdendo inúmeras vezes quando pensamos no sentido de desenvolvimento. O resultado disso acaba por ser vários recortes de cada um dos personagens enfrentando o que parecem ser sidequests (missões paralelas) e depois eles se encontram e está tudo normal e logo vamos para outra. Com isso o expectador acaba não comprando a ideia, o que faz com que ele não embarque de vez no clima do filme, o que acaba comprometendo a experiência.
Falando assim parece que é o pior filme do mundo não é? Mas não é, pois o filme tem suas qualidades, principalmente no que tange ao visual. Em A Freira temos um visual sensacional. Sendo da Romênia, do exterior e interior da Abadia que realmente remetem aos séculos antigos e a tempos sombrios. O uso das cores também é um acerto, deixando tudo com um ar “dark” e misterioso. O longa tem diversos clichês do gênero que funcionam até que bem como os já famosos jump scares. Cruzes de ponta cabeça, água benta, e dentre outros fatores também marcam presença aqui. Ou seja, quanto a parte técnica o filme faz um trabalho muito bom. O visual da Freira é realmente macabro e assustador (e marcante), o que pode até deixar algumas pessoas sem sono.
A Freira é um filme de terror que pegou carona no sucesso de Invocação do Mal, e entrega um filme regular para “ok”. Mesmo com um visual e ambientação muito bom, as inconsistências dos personagens e da narrativa acabam por prejudicar o filme como um todo, ficando bem abaixo das expectativas. No fim, o filme não se salva nem mesmo com reza brava.
Infelizmente estava esperando bem mais do do filme A Freira, apesar de saber que se tratava de um spin-off, e que na maioria desses casos o resultado não é muito significativo. É aquele tipo de filme que é bacana pra ver junto com o pessoal, devido aos sustos e fatos apresentados. Mas se você começa a olhar um pouco mais a fundo e quer uma obra um pouco mais elaborada, vai acabar se decepcionando. Ele acaba entregando mais do mesmo, já que o filme não se arrisca e fica na famosa zona de conforto. Potencial tinha, pena que não ousaram um pouco mais. Vamos ficando por aqui e não esqueça de ficar ligado aqui no Meta Galáxia para outras matérias. Até a próxima e grande abraço.