Ano: 2014 |
Título Original: Godzilla |
Dirigido por: Gareth Edwards |
Uma grande expectativa foi criada quando anunciado um novo filme de Godzilla hollywoodiano, lançado oficialmente em 2014, que prometia ser mais fiel às origens do icônico monstro japonês e totalmente distinto da versão de 1998, de Roland Emmerich, que mais pareceu um dinossauro genérico.
Além de resgatar o caráter de um dos maiores personagens da cultura pop para o público ocidental, esta versão teve a premissa de dar início a uma nova franquia de monstros no cinema – seguida por Kong em 2017 – a fim de proporcionar futuros crossovers, como o atual Godzilla vs Kong (2021). E este é, talvez, o único acerto do filme de 2014.
Godzilla tem início em 1999, quando cientistas encontram nas Filipinas o que seriam estruturas fossilizadas de uma criatura gigante não identificada e passam a mantê-la sob estudo sigiloso em um local próximo. Em paralelo, estudos mostraram a intervenção de sinais sísmicos provindos do mar desde o fim da segunda guerra. É tentado traçar um paralelo entre estes fenômenos.
A trama se volta ao cientista Joe Brody (Bryan Cranston) e sua família. Brody e sua família vivem no Japão, e ele e a esposa trabalham em uma usina nuclear. No dia de seu aniversário, um fenômeno radioativo vitima a usina e acaba por levar sua esposa à morte, gerando no cientista um enorme sentimento de culpa.
Passados quinze anos, Joe segue obcecado em busca de respostas, crente que o fenômeno que matou sua amada não foi um simples acidente. Ele acaba preso, e seu filho Ford (Aaron Taylor-Johnson), um tenente recém-chegado de missão, deixa os EUA rumo ao Japão para tentar trazer o pai para casa e livrá-lo de sua obsessão pelo passado. Porém, pai e filho descobrem que, de fato, o fenômeno na usina estava ligado a forças maiores que imaginadas – a criaturas ancestrais conhecidas como MUTOs e ao ressurgimento do monstro milenar conhecido como Gojira, ou Godzilla.
Pouco contexto, muitos desdobramentos
Apesar da premissa básica ser compreensível, Godzilla parece carente de um fio condutor que faça o roteiro ter sentido ao longo do filme. As origens e motivações de Godzilla, que deveriam ser fatores chave para a obra, estão totalmente esquecidas; sua luta contra os MUTOs (que recebem até mais destaque do que o monstro titulo do filme) não recebem qualquer contexto mais profundo que a justifique além de uma “batalha de monstrões”.
Os personagens também são bastante rasos. Salvo a boa atuação de Cranston, os desdobramentos que envolvem o “protagonista” Ford Brody (Aaron Taylor) se tornam banais; não há qualquer profundidade na relação com o pai e o que acontece com ele em determinado momento do filme; o personagem é jogado de um canto a outro acompanhando os caminhos que os monstros levam rumo à quase destruição dos EUA, se inserindo na batalha diversas vezes durante a luta de modo aleatório e pouco convincente.
Nem mesmo os personagens de Ken Watanabe e Elisabeth Olsen – que vive a esposa de Ford-, completando um elenco de excelentes nomes, conseguem dar alguma veracidade e carisma à coisa toda. Os personagens recebem uma dezena de diálogos clichês e vazios que em nada acrescentam ao longa. O filme se torna confuso, pouco envolvente e, por fim, não objetivo.
O que se salva?
Se há algo que se salva em Godzilla são os efeitos especiais, proporcionando um excelente show visual, e a caracterização do monstro, que ficou linda – exibindo toda sua imponência, assustador e gigantesco, recebendo uma remodelagem sem que perca as características nativas de suas origens da cultura pop japonesa. Os duelos, embora rasos, também proporcionam um bom entretenimento enquanto ocorrem; todavia, não há sequer motivação para torcer para Godzilla além do fato dele ser a criatura que gostamos e que deveria se protagonista.
Entretanto, fora a questão de ter sido o pontapé inicial para o universo dos grandes monstros nesta nova geração nos cinemas, Godzilla é uma produção, infelizmente, esquecível.
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