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Por que os monstros de O Senhor dos Anéis eram assustadores?

Apesar de ser uma trilogia de filmes de fantasia que abrange diversos públicos, O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, inclui muitos monstros aterrorizantes.

Mouth of Sauron

Por que os monstros de O Senhor dos Anéis eram assustadores?

A trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis, dirigida por Peter Jackson, apresentou uma variedade de criaturas e monstros aterrorizantes, desde os sinistros Nazgûl, estridentes e sem rosto, até a assustadora aranha Laracna. Ao longo do tempo, a mídia em geral tornou-se progressivamente mais intensa em termos de violência, resultando em uma audiência contemporânea excessivamente insensível ao que costumava ser considerado assustador e chocante. No entanto, os monstros da Terra-média continuaram a manter seu teor assustador ao longo das últimas duas décadas, tudo isso sem ultrapassar a classificação PG-13. A atmosfera de temor estabelecida por esses monstros manteve o interesse do público na trama, à medida que se identificavam com os heróis que enfrentavam essas ameaças apavorantes.

Embora a obra O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien tenha sido predominantemente uma epopeia de fantasia, muitos dos eventos narrados na história estavam impregnados de elementos de terror. Tolkien frequentemente descrevia o intenso medo experimentado por Frodo e Sam enquanto atravessavam terras desconhecidas ou enfrentavam as forças de Mordor, destacando a condição de vulnerabilidade dos hobbits diante de tal adversidade.

Em contraste com sua obra anterior, O Hobbit, na qual monstros como trolls eram retratados como tolos desajeitados, cujas travessuras encantavam os leitores mais jovens, O Senhor dos Anéis direcionava-se a um público mais maduro, transformando essas criaturas em papéis consideravelmente mais intimidadores. Ao adaptar a saga para o cinema, a experiência de Jackson na direção de filmes de terror foi um trunfo. Embora não pudesse recorrer ao uso explícito de sangue, como fazia em seus trabalhos anteriores, Jackson e a Wētā Workshop habilmente empregaram outras técnicas para dar vida aos assustadores monstros da Terra-média.

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Os monstros do Senhor dos Anéis brincaram com medos familiares


Tolkien, inegavelmente um pioneiro no gênero de fantasia, soube habilmente articular sua narrativa, utilizando tropos de longa data que, apesar de carregarem uma conotação negativa, provaram sua eficácia ao longo do tempo. Os Nazgûl, primeiros servos de Sauron que cruzaram o caminho de Frodo, personificavam a assombração como fantasmas invisíveis, montando seus corcéis sob a cobertura noturna, emanando um medo indescritível. Mesmo Faramir, em “A Piscina Proibida” de As Duas Torres, os descreveu como “fantasmas vivos”, exemplificando a persistência desses elementos na mitologia de Tolkien.

Em sua obra monumental, A Sociedade do Anel, Tolkien introduziu as Criaturas Tumulares, adversários sinistros que escaparam à inclusão de Peter Jackson em suas adaptações cinematográficas. Fantasmas e criaturas similares permaneceram arraigados na cultura pop e mitologia, alimentados pela constante inquietação humana sobre o que ocorre após a morte. Laracna e os Olifantes personificavam o tropo igualmente cativante de versões gigantes de criaturas comuns, explorando a imaginação coletiva.

Curiosamente, alguns dos monstros de Tolkien anteciparam tropos que só ganhariam popularidade décadas após a publicação de O Senhor dos Anéis. Os Orcs e Uruk-hai, com comportamento semelhante a zumbis, anteciparam a tendência posterior de monstros humanóides canibais que se movem em hordas. A familiaridade dos leitores com esses tropos, em parte graças às adaptações cinematográficas, proporcionou uma conexão instantânea, acentuando o medo dos monstros.

A singularidade dos monstros de O Senhor dos Anéis reside na sua capacidade de atacar a psicologia do público. Jackson e a Wētā Workshop elevaram o terror ao apresentar visualmente essas criaturas de maneira assustadora. O Observador na Água explorou a talassofobia ao se esconder nas profundezas de um lago escuro, enquanto o medo arrepiante de Jackson por aranhas foi incorporado nas cenas de Laracna, cujo covil exibia teias densas e restos de vítimas anteriores. Essas escolhas cinematográficas manipularam psicologicamente o público, algo que a narrativa original não conseguiu realizar.

A estratégia de Jackson também se estendeu à transformação de elementos aparentemente inofensivos em fontes de terror. Os cavalos dos Nazgûl, descritos por Tolkien como comuns, foram representados nos filmes com olhos vermelhos brilhantes e cascos ensanguentados e pregados, desviando-se completamente da inocência associada a essas majestosas criaturas. Assim como bonecos possuídos ou palhaços sinistros, essa dissonância entre o inócuo e o maligno intensificou o sentimento de desconforto no público, criando uma experiência cinematográfica visceral e perturbadora.

Os monstros apoiaram suas ameaças


Além do impacto psicológico, a ameaça representada pelos monstros de O Senhor dos Anéis estendia-se ao perigo palpável que representavam para os personagens. O momento em que a Sociedade adentrou as Minas de Moria foi marcado pela visão brutal dos Orcs, que haviam ceifado a vida do primo de Gimli, Balin, e seus companheiros Anões. Essa trágica descoberta imediatamente estabeleceu os Orcs como uma ameaça séria, intensificando a tensão à medida que a Sociedade enfrentava esse inimigo implacável.

No primeiro filme, dois membros da Irmandade foram brutalmente confrontados por monstros: primeiro, o Balrog prendeu Gandalf, arrastando-o para a morte na ponte de Khazad-dûm; mais tarde, o Uruk-hai Lurtz derrubou Boromir com uma saraivada de flechas. A competência em combate de Gandalf e Boromir, previamente estabelecida, realçava a formidabilidade de seus assassinos, gerando a sensação de que nenhum personagem estava realmente seguro. A morte de Gandalf, em particular, foi um choque revelador para o público, evidenciando o perigo iminente na jornada.

O espectador não tinha momentos de descanso ao assistir O Senhor dos Anéis, pois o perigo espreitava em cada esquina. Os monstros violaram espaços que pareciam sagrados e seguros, como quando os Nazgûl invadiram o Condado em busca do Um Anel. O Condado, anteriormente retratado por Jackson como um refúgio idílico e pacífico, foi brutalmente invadido pelos servos de Sauron, despedaçando a ilusão de tranquilidade para Frodo e o público. A trama, muitas vezes, oscilava entre momentos alegres e desesperadores, criando uma atmosfera de constante incerteza. Nenhum personagem personificava melhor essa oscilação do que Gollum.

Gollum, por vezes, era uma figura lamentável, oferecendo ajuda genuína a Frodo e Sam, além de proporcionar momentos de alívio cômico. No entanto, sua dualidade era evidente quando se transformava em uma criatura monstruosa, rastejando nas sombras e emitindo sons desumanos. Sempre que Gollum surgia na tela, os espectadores enfrentavam a incerteza de testemunhar um gesto de compaixão ou um surto violento. Mais ainda, uma cena particularmente alarmante ocorreu em Rivendell, quando o outrora jovial Bilbo, brevemente possuído pelo desejo pelo Um Anel, assumiu uma expressão demoníaca. A tensão incessante ao longo de O Senhor dos Anéis nessas situações refletia o aperto cada vez mais intenso que Sauron exercia sobre a Terra-média.

Arte e tecnologia deram vida aos monstros de O Senhor dos Anéis

Apesar da importância de todos esses elementos, o êxito na tentativa de conferir um tom assustador aos monstros de O Senhor dos Anéis dependeria fundamentalmente de sua credibilidade. Os impactantes efeitos do Wētā Workshop, utilizados na produção, continuam a ecoar de maneira marcante na atualidade. A abordagem dos artistas não se limitou a uma única técnica na criação dos habitantes monstruosos da Terra-média; pelo contrário, adotaram uma combinação engenhosa de CGI, captura de movimento, figurinos, maquiagem, miniaturas e animatrônicos.

Em alguns casos, várias dessas técnicas foram empregadas simultaneamente para dar vida a um único personagem. Um exemplo notável foi a interpretação de Bruce Spence como A Boca de Sauron, onde próteses foram combinadas com efeitos digitais para amplificar os dentes rosnantes do vilão. A fusão de tecnologia avançada e habilidade artística garantiu que os monstros não se tornassem distrativos, mantendo a coerência visual que permitiu ao público imergir na trama e experimentar o medo de maneira genuína.

Frequentemente, os monstros de O Senhor dos Anéis eram habilmente ocultados nas sombras, acrescentando uma camada de mistério e tensão. O Vigilante aguardava submerso, escolhendo o momento preciso para emergir e atacar. Os Uruk-hai se contorciam sob a lama em seu nascimento, uma revelação impactante ao emergirem de uma película viscosa. Laracna habitava nas profundezas das trevas, ocasionalmente iluminada pela efêmera luz do Frasco de Galadriel. Um exemplo marcante dessa técnica de ocultação foi o Balrog, que exalava fogo e fumaça, criando uma atmosfera caótica e dramática por onde quer que se movimentasse.

Essa decisão cinematográfica alinhava-se de forma fiel à descrição de Tolkien no capítulo “A Ponte de Khazad-dûm” de A Sociedade do Anel, onde a criatura era descrita como “uma grande sombra, no meio da qual havia uma forma escura, em forma de homem talvez ainda maior.” Essa estratégia não apenas ajudou a disfarçar possíveis falhas nos efeitos visuais, mas também contribuiu para manter os monstros envoltos em um véu de mistério, tornando-os ainda mais ameaçadores aos olhos do público. O desconhecido assumia contornos aterrorizantes, instigando a imaginação dos espectadores a preencher as lacunas com as piores possibilidades.

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