Jack Ryan – Resenha da série original Amazon Prime Video baseada na obra de Tom Clancy
Título Original: Tom Clancy’s Jack Ryan |
Ano: 2018 |
Criação: Carlton Cuse/Graham Roland | Nº de Episódios: 08 |
Avaliação: ★★★★★ (Excelente) |
Jack Ryan foi a principal aposta da Amazon para seu serviço de streaming em 2018, que vem, aos poucos, ganhando popularidade também no Brasil. Com uma produção de primeira classe e forte investimento em divulgação, pode-se dizer que as fichas foram muito bem gastas.
A série é baseada na obra do escritor e historiador Tom Clancy, considerado o inventor do techno-thriller, gênero que mescla ação, espionagem, ficção científica e militarismo. Além de ter inspirado diversos filmes e derivados sobre seus escritos e personagens, Tom também influenciou as já consagradas séries de videogames Rainbow Six e Splinter Cell, que levam seu nome no título.
Jack Ryan traz toda a essência da obra de Clancy para uma série carregada de adrenalina. A trama apresenta o personagem homônimo – e o mais conhecido entre os criados pelo escritor, aqui interpretado por John Krasinski (The Office) – como protagonista, um agente da CIA responsável pela análise de movimentações financeiras suspeitas.
A rotina de Ryan passa por uma mudança brusca quando James Greer (Wendell Pierce), um ex-comandante de operações de guerra in loco, é rebaixado de seu posto e passa a assumir a chefia do departamento em que trabalha. Greer logo descobre que Ryan não é apenas um simples analista, e ambos se envolvem em uma caçada insana a uma possível célula de terrorismo no Oriente Médio.
A sinopse pode parecer clichê, e de fato parte de um ponto comum para um tema que já foi explorado dezenas de vezes. É fato, também, que há um inevitável quê heroico próprio de qualquer obra do tipo criada sob a ótica americana. Entretanto, o primeiro episódio já é suficiente para tirar o fôlego e deixar para trás algum preconceito.
Jack Ryan possui um roteiro muito inteligente e perfeitamente estruturado, mantendo o espectador atento o tempo inteiro e, deste modo, trazendo momentos de sufoco, surpresa e apreensão nas horas e medidas certas. A mistura entre suspense, drama e ação é incrível – e esta ação, por sinal, é fantástica e visualmente impactante.
Isto se aplica aos oito episódios da série, que possuem igual intensidade e relevância, contando a estória sem deixar gargalos ou queimar etapas. Destaca-se o desenvolvimento dos personagens, todos bem construídos, cujo background explica perfeitamente as motivações tanto de Jack e Greer quanto de seus antagonistas e também personagens secundários.
Este é um dos maiores aspectos positivos de Jack Ryan: a importância de seus personagens e, acima de tudo, suas motivações. O enredo dá igual profundidade tanto ao protagonista quanto a Suleiman (Ali Suliman), o antagonista, desenvolvido desde o princípio da trama, e cujo histórico e ações afetam diretamente sua família e todos que estão envolvidos com ele. Ryan se mostra um soldado imperfeito, cheio de questionamentos constantes e fantasmas do passado; Suleiman, por sua vez, é um homem impetuoso forjado pelos terrores da guerra e uma ascensão fundamentalista
Dois pontos principais moldam não somente toda a estória, mas essencialmente estes dois personagens que especialmente a conduzem: os reflexos dos ataques incutidos pelos Estados Unidos ao Oriente Médio, a islamofobia e o terrorismo baseado no fundamentalismo. Tais temas são bem explorados e dão um aspecto muito mais interessante à obra.
Com todos esses elementos, Jack Ryan vai muito além de uma série de ação e espionagem como muitas outras, tornando-se, de fato, uma produção de primeira linha quanto a séries de ficção, recheada de boas atuações e uma trama cativante. Esqueça os termos técnicos massantes e soluções óbvias: esta série tem muito mais a oferecer. Sem dúvidas, um dos carros-chefe do Amazon Prime Video.
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