Sea of Stars é o jogo indie mais aguardado do ano, mantendo um hype até maior do que outros jogos gigantes da indústria. Por apresentar uma inspiração clara no clássico Chrono Trigger e modernizar o modelo de RPG por turnos, as expectativas permaneceram altas até o último minuto. Isso foi possível graças à visão única da desenvolvedora Sabotage Studios. A premiada empresa fez apenas um jogo e já havia conseguido demonstrar sua criatividade em fazer jogos com estética retrô, mas com design modernizado.
O melhor exemplo – e único – é The Messenger, o pródigo da empresa, inspirando-se em Ninja Gaiden, utilizando da era do 8 e 32 bits para criar um metroidvania único, fora as incríveis piadas e histórias do Lojista. Agora, depois de três anos esperando, será que Sea of Stars sustenta toda a expectativa que foi criada? E será que temos aqui mais um clássico da Sabotage Studios?
- Detalhes sobre Sea of Stars
- Data de lançamento: 29/08/2023
- Desenvolvedor: Sabotage Studios
- Publicadora: Sabotage Studios
- Gêneros: Aventura, RPG
- Sistemas: Nintendo Switch, PS4/5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S
- Onde comprar: Nintendo Switch, PS4/5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S
- Recomendações: Para quem está frustrado com os JRPGs atuais e quer uma união do passado com o moderno sem perder essência dos clássicos.
O bem e o nem tão mau
Atualmente, os melhores vilões são aqueles com quem podemos até concordar, pelo seus atos serem a consequência de uma crueldade sofrida, ou, simplesmente, pela discordância com o herói. Killmonger (Pantera Negra), Skull Face (MGSV: The Phantom Pain) e o Abby (The Last of Us: Parte 2), na minha opinião, estão no topo da lista. Porém, por que o mal é tão importante aqui?
Sea of Stars é uma história contada sobre a perspectiva do Arquivista e, desde o início, escutamos o quanto Fleshmancer é tenebroso. Essa é uma ideia que percorre o jogo todo. Escutamos NPCs falando como um indivíduo é mal e terrível, mas, ao nos aprofundarmos em uma batalha, nós sentimos empatia pelo “vilão”. E, honestamente, todos os chefes são um deslumbre em história, visual e desafio, sendo bem únicos.
Se os antagonistas são o contrário dos protagonistas, Sea of Stars levou isso a sério a ponto de ser um pecado. Enquanto os vilões me chamaram tanta atenção, curiosidade e, até, empatia, os protagonistas ficam aquém do que se espera, mas talvez isso seja proposital. Zale e Valere são Filhos do Solstício, combinando os poderes do Sol e da Lua, eles são os únicos que podem deter o malvado Fleshmancer e seus monstros.
Como todo bom e velho clichê, temos um garoto impaciente e animado, e uma garota reflexiva e boba. Talvez um reflexo do Sol e da Lua? Quem sabe? Porém, o grande ladrão das cenas é Garl e por um bom motivo. Envolto de pessoas poderosas e com grandes destinos, ele é apenas um garoto que só quer uma boa aventura. Talvez um reflexo de nós, meros jogadores, e, por isso, essa fácil assimilação.
Turnos dinâmicos
Quando é dito que um jogo tem como principal combate o por turnos, muitos jogadores torcem o nariz, até mesmo os fãs de JRPGs. Sea of Stars mantém o padrão dos turnos, mas traz mecânicas que o fazem mais atualizado e dinâmico. Tal decisão aproxima mais os jogadores que evitam esse estilo de combate e, talvez, surpreenda e anime os apreciadores do gênero frustrado.
Como todo RPG de turnos, heróis e inimigos atacam em suas respectivas vezes. Porém, sempre os últimos terão um número acima da cabeça, informando quantos turnos faltam para que eles ataquem. O diferencial em Sea of Stars, e também o desafio, é a dinâmica, na qual precisamos apertar X no momento certo para atacar duas vezes ou defender, diminuindo o dano recebido. Não é necessário fazer corretamente o tempo todo, mas tal função facilita e muito as coisas.
Um ponto interessante e convidativo para todo mundo que amou Sea of Stars em seus primeiros trailers é a dificuldade adaptável. Se achou difícil descobrir os padrões de cada inimigo ou está tudo muito fácil, há relíquias que balanceiam o jogo. Elas vão desde defender automaticamente ataques inimigos até aumentar a vida deles.
Por fim, e também muito importante, Sea of Stars detém inimigos que possuem ataques especiais. Nesses momentos, um conjunto de ícones representando tipos de ataques aparece. Aqui é interessante falar na facilidade de trocar personagens no meio do combate, e cada um deles possui importância nesses momentos. Sendo assim, o desafio é saber manejar para que tais ataques especiais não sejam lançados, usando o máximo de cada personagem.
Uma pixel arte estilizada
Um dos pontos mais atrativos e chamativos de Sea of Stars é toda sua arte. Desde a música que sempre entoa um som de aventura épica e heróica, até a pixel art impecável. No entanto, o destaque fica exatamente para a última. Ela não é apenas feita semelhante a era dos 32 bits, mas supera até os títulos lançados ultimamente.
O motivo dessa incrível arte idealizada pelos desenvolvedores é a iluminação. Os efeitos de luz dos ataques, mudanças de dia e noite e o movimento de tudo mostrado em Sea of Stars exige contemplação. Tudo, desde a culinária, os inimigos, os diversos locais e a os combates são um atrativo acima de toda expectativa criada, sendo uma das mais belas artes que presenciei nos jogos eletrônicos atualmente.
Tudo aquilo que queríamos e muito mais
Sea of Stars é tudo aquilo que prometeu e esperamos, mas também ultrapassa toda expectativa criada. Embora as piadas fazem falta, não dá para ficar desanimado, visto que a proposta do título é exatamente apresentar um enredo mais maduro, e consegue de forma leve e divertida. O maior receio existente era o combate, mas esse conseguiu trazer a diferença que outros JRPGs não conseguiram aderir. E, por fim, a arte já era incrível nos trailers, e se manteve como uma das melhores até o final. Portanto, Sea of Stars é um dever para qualquer jogador, desde aqueles que evitam o sistema dos RPGs japonês e, principalmente, seus apreciadores, prometo que não será uma decepção ou peso para ninguém.
Análise realizada com uma chave de PlayStation 4 gentilmente dada pela queridíssima SEGA.