Já pensou se existisse um jogo de Game Boy brasileiro? Pois bem, esse game está sendo desenvolvido e está em campanha no Apoia-se!
Nós aqui do Meta Galáxia tivemos o prazer de bater um papo e entrevistar Iuri Guiao, o idealizador do game Retro Otrop, jogo de Game Boy 100% brasileiro que está sendo desenvolvido em Porto Ferreira.
Muitos aqui sabem da paixão que tenho por games antigos, já trouxe aqui algumas matérias e até uma entrevista com um dos maiores colecionadores do Brasil, confira a entrevista aqui. Aliás, descobri o Iuri e o projeto Retro Otrop de maneira casual, pesquisando sobre Game Boys modificados no Instagram [Você pode acessar o Insta dele lá no finalzinho da entrevista].
Foi quando me deparei com as telas do game, numa simples pesquisa, acabei encontrando essa joia que está com uma campanha de apoio ao projeto no site Apoia-se. Aliás, galera, vale a pena apoiar se você for fã de retro games, deixo o link aqui para que você de uma força ao Iuri.
PS: Não sei até hoje se o correto é Gameboy ou Game Boy. Sem mais delongas, vamos conferir esse super papo com essa simpatia que é o Iuri Guiao.
1Como começou a sua relação com os games? Conta um pouco pra gente também sobre os games que você curtiu (ou curtia).
Meu primeiro contato com games foi com o Super Nintendo. Eu ganhei esse videogame provavelmente em 1996 com um cartucho Super Mario Allstars, desde então não parei de jogar videogames. Quando terminei a faculdade, fui trabalhar como ilustrador em um pequeno estúdio audiovisual em Bogotá, na Colombia. Lá comecei a frequentar os “Mercados de Pulgas”, que são feiras a céu aberto de antiguidades e todo tipo de tranqueiras. Colecionava LPs e videogames antigos, era barato e fácil conseguir consoles e cartuchos. Por dois anos joguei todos os consoles que não tive quando criança, começando pelo N64, gamecube, dreamcast e claro, o GameBoy.
2Como surgiu a ideia de criar um jogo para GameBoy? Quais são suas inspirações e porque essa plataforma?
Eu sempre tive vontade de criar um jogo de videogame, mas nunca tive muita aptidão para programação, isso me afastou da ideia de criar jogos por muito tempo. Cheguei a desenhar alguns sprites de um jogo para um amigo que estava aprendendo Unity durante o tempo que trabalhei na Colômbia, mas acabou não dando em nada (Risos). Era um shoot ’em up onde você comandava um pênis espacial lutando contra doenças venéreas mutantes no espaço!
Recentemente adquiri um cartucho Flash para Gameboy e isso abriu um universo de Rom Hacks, que são jogos modificados e toda a cena de jogos “caseiros”. Jogando alguns jogos da cena percebi que era muito recorrente o uso do GB Studio, uma plataforma de desenvolvimento de jogos para GameBoy de interface “amigável” livres de programação para a minha alegria. Baixei o programa, fiz alguns testes e rapidamente comecei a desenvolver os primeiros passos do jogo. Imaginei que o Game Boy seria a plataforma perfeita pelas limitações gráficas. Acreditava que as limitações me ajudariam a me manter com os pés no chão e ir até o fim com o projeto.
3Porque o nome RetroOtrop? Você poderia nos dar uma sinopse do game?
Eu sempre quis jogar um jogo que falasse diretamente com a minha realidade. O mundo dos videogames tende a nos levar para uma fantasia moldada nos padrões americanos ou japoneses, muitas vezes realidades distópicas e distantes. Harvest moon foi o jogo que chegou mais próximo do que eu procurava na minha infância. As conquistas eram mundanas e a cidadezinha lembrava muito qualquer cidade do interior, por mais oriental que parecesse. Eu cresci na fazenda e aquele universo me encantava, me representa. Por isso é natural que Otrop seja sobre a cidade onde cresci: Porto Ferreira.
Otrop, além de ser Porto ao revés, é também uma história muito conhecida por aqui.
Certa vez foi instalado um monumento que inaugurou uma praça de lazer às margens do Rio Mogi Guaçu, que banha nossa querida cidade. O Monumento foi instalado com a leitura de baixo para cima, onde se lia: OTROP. A “modernidade” do monumento não agradou o povo e logo foi invertida a ordem das letras, dando leitura à PORTO.
Queria recriar minha cidade, os lugares que marcaram minha infância e juventude em uma versão 8 bits. Não chegaria aos pés de Porto, que apesar de pequena, não caberia num cartuchinho de Gameboy, por isso fiz Otrop
4Qual será a mecânica geral do game?
No meu jogo, você controla um escritor falido em busca de inspiração. Como na vida real, a inspiração advém de experiências. Ao interagir com os personagens e completar suas quests, o jogador acumula pontos de inspiração, que logo serão transformados em capítulos. Você é pago pelo editor e usa o dinheiro para melhoramentos e evoluir na história do jogo.
5Como é produzir um game sozinho? Conta pra gente como é esse processo.
Tem sido ótimo, exige muita disciplina. Gosto de ter controle criativo e acho que um jogo feito por uma pessoa só pode ser mais intimista e representar de forma mais fiel a essência do autor.
6RetroOtrop está com campanha no Apoia-se, você pretende abrir novos “packs” de recompensas?
Sim, é muito encorajador receber o apoio das pessoas e saber que elas contam com o meu trabalho para esse jogo. Já dizia Yoko Ono que um sonho sonhado junto vira realidade, assim tem sido! Existem algumas recompensas curiosas para os apoiadores, como Botons, postais, e-book e claro, mídia digital do jogo, quando lançado!
7E enquanto ao universo físico, quais seus planos para lançar o game em cartucho? Já adianto que aqui já tem uma peça reservada para o Meta Galáxia!
O lançamento fisico é um grande sonho. Tenho feito orçamentos e estudado formas de que isso se torne realidade. O preço do dólar é um vilão nessa história, mas o financiamento coletivo pode ser uma solução. Gostaria de oferecer uma versão repleta de brindes exclusivos, não faltam ideias!
8O que você diria para quem tem o sonho de desenvolver o próprio game?
Apenas comece. Se não tem o conhecimento necessário ou os recursos financeiros para fazê-lo, faça algo mais simples, algo pessoal, algo diferente. Eu sou testemunha do quão receptivas as pessoas dessa área são. Recebi muita ajuda da comunidade, os desenvolvedores indie são muito parceiros e receptivos.
9Por fim, quais recados você gostaria de mandar para os leitores do Meta Galáxia que estão acompanhando o desenvolvimento de RetroOtrop?
Gostaria de agradecer o espaço para o meu projeto. O trabalho que fazem é incrível e me sinto honrado de participar desta matéria. Espero que aproveitem o artigo e fiquem ligados em Retro Otrop! Vocês podem acompanhar cada passo do desenvolvimento e algumas curiosidades nas redes sociais do projeto! Forte abraço pixelado!
É isso galera, essa foi nossa entrevista com o Iuri, criador de Retro Otrop, jogo de Game Boy brasileiro. Queria deixar um recado aqui para ele: Iuri, muito obrigado pela entrevista e no que depender de mim e do Meta Galáxia, o game será um sucesso!
Pessoal sigam o Retro Otrop no Instagram abaixo: