Alguém já te falou “cara, você precisa assistir Breaking Bad”? Sim, você precisa! Ou ao menos deveria.
Vencedora de diversos prêmios, a série criada por Vince Gillian teve sua última temporada exibida em 2013 e é, até hoje, aclamada entre muitos como o maior seriado já criado, figurando, inclusive, no Top 3 da revista Rolling Stone entre as 100 maiores séries televisivas de todos os tempos.
A premissa é, no mínimo, incomum: Walter White é um professor de classe média que descobre estar com um avançado câncer de pulmão. Endividado e com um filho portador de necessidades especiais para cuidar, Walt acredita que precisa resolver o futuro financeiro da família de forma rápida, garantindo o futuro do garoto e de sua esposa, Skyler, antes que o câncer acabe com sua vida.
A convite de seu cunhado, Hank, policial do DENARC (DEA), Walter participa de uma batida para captura de traficantes de metanfetamina, descobrindo que o comércio desta droga rende um dinheiro rápido e consideravelmente alto. Dono de um avançado conhecimento em química, o professor encontra na fabricação da droga a solução imediata que poderia resolver sua situação.
É neste ponto que entra Jesse Pinkman – ex-aluno de Walter que é convidado pelo mesmo a ajudá-lo nesta arriscada empreitada. O que parecia uma ideia completamente sem nexo acaba resultando em uma parceria de sucesso: o conhecimento químico de Walter e a “malandragem” de Pinkman os colocam em definitivo no perigoso e tentador submundo do tráfico.
Esta sinopse-base pode sugerir que Breaking Bad se trata de algum dramalhão sobre superação ou uma série policial com pano de fundo dramático. Esta é, no entanto, uma forma simplista e, principalmente, errada de tentar definir a obra-prima que a série é. Trata-se, na verdade, de uma estória que retrata as nuances do ser humano com um requinte poucas vezes visto.
Os personagens, acima de tudo, são o ponto forte desta série. Há uma transformação em todos eles ao longo das cinco temporadas – especialmente a respeito de White e Pinkman. Mudanças – ou revelações de caráter – se tornam uma constante à medida que eles são expostos a situações cada vez mais extremas, onde questões de moral e ética nos são entregues.
Pense (não é spoiler): Walter decide fabricar metanfetamina para ganhar dinheiro de forma rápida e prover o futuro de sua família. Ele está certo? Ou está errado? O que você pensa a respeito? Perante a lei, White passa a ser um criminoso, cuja causa de ação possui uma justificativa que pode ou não ser considerada suficientemente nobre para que seja um álibi às suas decisões.
Este é apenas um dos diversos questionamentos que a série traz. Ao longo de toda trama, é muito comum que você passe a se identificar com um personagem que considerava desprezível a princípio e odeie alguém que parecia “justo” anteriormente, e vice-versa. Não existe preto no branco: Breaking Bad nos mostra o lado humano como ele é de fato, cinza. Ou melhor, uma escala de inúmeras e contrastantes cores. Caminhamos em uma tênue linha entre os conceitos de certo e errado, bom ou mau.
O roteiro – construído de forma perfeita e recheado de detalhes que permeiam cada episódio da série – é abraçado por uma produção impecável e atuações monstruosas. Bryan Cranston ganhou o mundo sob a pele de Walter White, e Aaron Paul consegue passar uma emoção sem igual como Jesse. A química entre a dupla é fantástica, de forma que seus personagens já estão imortalizados no panteão dos grandes da ficção. Como Walt, Cranston faturou três Emmys, enquanto Paul levou dois. Os coadjuvantes também não deixam por menos. Certamente, um elenco escolhido a dedo e com muita assertividade da parte de Gillian.
Portanto, se alguém te disser que você precisa ver Breaking Bad, diga a esta pessoa: “You’re goddamn right”. Dica: ainda está na Netflix!