No capítulo passado de One Piece, eu mencionei que o encerramento do capítulo indicava um golpe final. Não ocorreu, mas nesse último, definitivamente, foi encaminhado a derrota do vilão. Na análise dos arcos, em vários dele, falei também como Oda costuma trabalhar bem o encerramento de suas histórias. Pela primeira vez nos atuais do mangá, pude ver esse processo de maneira mais calma. Com isso, One Piece 1047 nos trás muita coisa pra comentar.
Momonosuke e a ausência de infância
Logo no início do capítulo, temos um flashback da criança sendo enviada para o futuro e se despedindo de sua mãe. Essa cena serve, mais do que para desenvolver o personagem, lembrar-nos de que Momo, por mais responsabilidade que tenha, ainda é uma criança. Eu também não gosto do personagem, mas não posso ignorar tudo que ele passou e que justifica seus temores.
Minha queixa sobre esse plot que o envolve é sobre a repetição de situações, o que é culpa do Oda e não do Momo. Perdi as contas de quantas vezes vi Momonosuke sendo cobrado a tomar atitude, ele chorando e percebendo que deve assumir a responsabilidade para, alguns capítulos depois, chorar e pedir arrego de novo. Isso vem acontecendo desde Zou, onde o personagem sofre com uma nítida falta de evolução.
É claro que Momo terá seu momento, mas ele foi construído em cima de uma mesma tecla sendo batida diversas vezes. Para encerrar sobre ele, não acredito que sua presença na capa colorida signifique que entrará no bando. Mas a capa está linda, por sinal.
A revelação sobre Roger
Finalmente, após diversas e infinitas especulações, descobrimos que Roger não tinha uma Akuma no Mi. Não acho que Oda tenha revelado isso somente pelas reclamações da fruta de Luffy ser forte – sequer sei se houve essa reclamação lá pelo Japão. Porém, é nítido que as palavras de Kaido resolvem essa discussão.
Se olharmos para a obra, seus maiores expoentes não possuem Akuma no Mi. Garp é o grande herói da Marinha e derrotou Xebec junto com Roger – ambos não tinham fruta. O maior espadachim do mundo não possui Akuma no Mi, que é Mihawk. Dos grandes nomes, só resta Dragon, que possui fruta e lidera os revolucionários. Entretanto, Sabo era o número dois do grupo e antes de Dressrosa não tinha fruta.
De certa forma é dito que só a fruta não leva ninguém a lugar nenhum. Não gostei, entretanto, da revelação de que Roger chegou ao topo somente pelo Haki. A revelação da falta de fruta daria uma valorização ao esforço, a ambição, ou ao treino. Mas Oda escolheu, com estas palavras, criar uma espécie de hierarquia entre os Haki’s e as frutas. Tal afirmação pode gerar questionamentos mais a frente.
Como ficam os poderes após One Piece 1047?
Particularmente, como disse antes, não gosto da criação dessa hierarquia que tenta desvalorizar as Akuma no Mi. Fica evidente que, todos os personagens podendo possuir Haki, a Akuma no Mi seria, em qualquer caso, um poder extra. Um exemplo disso é a CP9, que possuía suas habilidades próprias e, Kaku, recebeu uma Akuma no Mi como um extra. Mesmo Zoro, que tem Haki do Rei, precisa de suas espadas. Roger também carregava uma.
É claro que o foco é importante e, deste ponto de vista, ter só Akuma no Mi e ter só Haki é um fator que te leva a treinar este poder exaustivamente, tornando-o sua maior arma. Pode ser o caso de Roger por exemplo, assim como o de Zoro com suas espadas.
No próprio bando, os membros mais fortes, ou possuem Armas (Zoro), genética avançada (Sanji), tecnologia (Franky), raça diferente (Jimbe) ou Akuma no Mi (Luffy, Robin e Brook). O que nos leva a questão de que seria interessante um personagem do bando ser tão forte somente com Haki, valorizando a fala de Kaido. Ou até mesmo não ter dado uma fruta a Sabo. Ou um almirante sem fruta. Mas não temos nada disso. Enfim, pode ser uma valorização de Roger e seus feitos, ou uma fala que não é corroborada pela própria construção da história.
O Golpe Final!
Vamos começar falando do final. O golpe de Luffy, apesar de parecer gigantesco, é um daqueles golpes com contexto. Ele está perto das nuvens e, por esta razão, pode usar os raios. Já vimos coisa parecida com o Luffy d’água em Alabasta; o Soco Dourado dado em Enel e o próprio Nightmare Luffy em Thriller Bark. Então, não acredito que, de agora em diante, Luffy usará os raios como uma arma frequentemente.
Sobre a derrota de Kaido, ela foi bem construída, melhor do que a da Big Mom ou mesmo a do Doflamingo e Katakuri. O vilão lutou contra muita gente forte antes de sua batalha final contra Luffy, então chegou bem desgastado. A ideia ao falar isso não é desvalorizar Luffy, mas sim justificar sua vitória que, visto o inicio do arco, seria injustificável, mesmo com seu treino e Despertar. Mas, dessa vez, foi bem trabalhada e não soa como protagonismo. Eu ainda gostaria de ver alguém ajudando no golpe final, assim como teria sido legal ver Law contribuir no derradeiro golpe em Doflamingo, mas fica pra próxima…
Em Conclusão
É isso, não temos capítulo semana que vem, mas este nos deu bastante conteúdo pra teorizar e conversar sobre. Ainda, esqueci de mencionar, mas vou me aprofundar mais no próximo, a boa construção que Oda traz para o golpe final. Toda a preparação da cidade, o momento do Festival enquanto a luta em Onigashima chega ao clímax. A tendência é que, mesmo com toda enrolação que Wano trouxe, o encerramento da luta recompensa ao trazer uma finalização épica que mais que encerrar Wano, encerrará uma luta que se iniciou lá em Punk Hazard.
Após isso, iremos em direção ao fim… JÁ ESTOU TRISTE DESDE AGORA!