O Menino Que Descobriu O Vento – Resenha do longa original Netflix
Ano: 2019 |
Título Original: The Boy Who Harnessed The Wind |
Dirigido por: Chiwetel Ejiofor |
Avaliação: ★★★★★ (Excelente) |
Baseado em uma impressionante história real, O Menino Que Descobriu O Vento é um dos mais belos filmes originais Netflix, uma adição com produção anglo-malauiense recente ao catálogo da plataforma que merece o devido destaque.
O filme narra a jornada de William Kamkwamba (Maxwell Simba), um garoto que mora no povoado de Wimbe, no Malaui, que, em 2001, se viu diante de uma forte crise de seca, o que culminou em um período de fome e escassez de suprimentos, vitimando as produções agrícolas e, consequentemente, a população.
O protagonista é um garoto inventivo e inteligente, que graças aos esforços dos pais, conseguiu frequentar a escola. E é lá, anteriormente ao agravamento da crise supracitada, que o menino descobre uma possível maneira de gerar energia e água para o povoado, por meio da construção de um moinho de vento.
A ideia de William, no entanto, é contestada em meio a uma série de problemas que afetam não somente sua família, mas aldeia e mesmo o país, uma vez que há uma forte tensão política envolvendo toda situação.
O Menino Que Descobriu O Vento é um excelente exemplo de adaptação de uma história real para as telas. Não somente no roteiro e fotografia impecáveis, mas com a representatividade de seu elenco: atores majoritariamente africanos ou de ascendência africana, que entregam atuações marcantes e repletas de emoção, e a direção de Chiwetel Ejiofor (Doze Anos de Escravidão), ator e diretor inglês de origem nigeriana, com indicações ao Oscar e Globo de Ouro no currículo.
Ejiofor também se destaca atuando como Trywell, um dos líderes da aldeia e pai do protagonista, assim como Joseph Marcell (nosso eterno Geoffrey de Um Maluco No Pedaço) interpretando o chefe do povoado; destacam-se ainda como revelação o jovem Maxwell Simba, se mostrando carismático e talentoso no papel de William, e Aïssa Maïga, atriz de carreira no cinema francês que dá vida a Agnes, sua mãe.
O Menino Que Descobriu O Vento bate na tecla das questões políticas que permeiam o continente africano, cujas recentes democracias ainda sofrem com governos frágeis. Mostra, também, o modo que eventos como o 11 de setembro são capazes de afetar o mundo todo, ainda que de forma indireta.
O longa ainda ressalta a força da cultura africana, enraizada na ancestralidade e, sobretudo, no respeito aos mais velhos, algo que permeia a trama e pode ser notado em diversos momentos, especialmente nos que levam ao clímax da narrativa. Outro ponto importante é o uso constante do dialeto chewa, falado tradicionalmente no Malaui.
A obra também escancara o abismo que há em relação aos países considerados grandes potencias mundiais quanto aos problemas enfrentados pelas nações africanas, especialmente nas regiões mais distantes dos grandes centros; onde situações como a vivida pelo povo de Wembi parecem impensáveis. E, de quebra, tem como pano de fundo a importância da ciência e do uso de fontes renováveis como um caminho para mudanças significativas em nossa sociedade, pautas que seguem sendo cada vez mais relevantes ao planeta.
Precioso, comovente e motivador, O Menino Que Descobriu O Vento é uma joia rara da Netflix. Uma história sobre superação, contada de forma nobre e encantadora, capaz de tocar corações e fazer refletir (bastante).
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