Sete duplas de histórias que se aproximam, mas não são iguais
Uma história nunca é igual à outra – e também por isso é bacana ver as diferenças, entre tantas semelhanças. Destaco alguns filmes do ano passado que merecem ser vistos (ou revistos!) também por seu diálogo com outras obras.
1. Aftersun (2022), de Charlotte Wells, e Um Lugar Qualquer (2010), de Sofia Coppola
Trabalhos sublimes das duas diretoras, trazendo recortes de superficial tranquilidade entre pai e filha que vivem em distanciamento. Os dois pais estão com um braço engessado, mas seus caminhos são completamente diferentes.
2. Close (2022), de Lukas Dhont, e Frances Ha (2012), de Noah Baumbach
Embora proponham questões muito distintas, há em comum o pano de fundo: o fim de uma amizade estruturante em uma fase de transição. Atuações comoventes de protagonistas em busca de si mesmos.
3. Broker (2022) e Assunto de Família (2018), ambos de Hirokazu Kore-Eda
Nesta dupla, o mesmo diretor mostrando famílias em que a união não vem de laços de parentesco, mas de carências e de solidariedade. As narrativas têm vieses diferentes: do encontro e da separação.
4. Triângulo da Tristeza (2022), de Ruben Östlund, e O Discreto Charme da Burguesia (1972), de Luís Buñuel
Östlund já declarou que o filme de Buñuel é um de seus favoritos, e está em sua lista de eleitos como melhores de todos os tempos na votação do British Film Institute. É inevitável comparar os estilos da divertida ironia em cada uma das películas, especialmente pelos 50 anos de intervalo de lançamento entre elas.
5. Marte Um (2022), de Gabriel Martins, e Era uma vez em Tóquio (2013), de Yōji Yamada
O retrato de duas famílias razoavelmente típicas, dentro de suas realidades, em um cenário de transformação social – com suas contradições, sonhos e vícios. Olhando para o passado mas mirando no futuro.
6. Decisão de Partir (2022), de Park Chan-wook, e Um Corpo Que Cai, (1958), de Alfred Hitchcock
Um policial, outro ex-policial. Um com insônia, outro com acrofobia. Os dois obcecados com uma mulher envolvida em um crime. Todo mundo perde, menos o espectador.
7. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), de Daniel Kwan e Daniel Scheinert e Matrix (1999), de Lana Wachowski e Lilly Wachowski
A última dupla é certamente a comparação mais recorrente dos últimos meses: dois grandes vencedores da Academia, duas duplas na direção (os Daniels e as Irmãs Wachowski), realidades paralelas, efeitos especiais. Uma enquadra um contexto macro, e a outra se concentra no microcosmo familiar.
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