Noticioso, outrora considerado como uma promessa, anuncia encerramento das operações
A BuzzFeed está fechando o que sobrou do seu premiado departamento de notícias. O CEO e cofundador do site Jonah Peretti informou ao quadro de funcionários que “a companhia não pode continuar financiando o BuzzFeed News” e procurará realizar demissões substanciais em todas as áreas da empresa. As informações são da CNN.
Ademais, Peretti mencionou as dificuldades traziadas pela pandemia como um fator que contribuiu para a derrocada da BuzzFeed News. Isso, ao lado de uma listagem conturbada no mercado de ações, uma desaceleração da publicidade digital, uma economia difícil e a mudança de hábito dos consumidores, conduziram ao fim do projeto.
Peretti ainda sugeriu que pode não existir um modelo de negócios sustentável para notícias online de qualidade. Além disso, ele escreveu: “tomei a decisão de investir muito na BuzzFeed News porque amo tanto o seu trabalho e a sua missão. Isso fez de mim devagar para aceitar que as grandes plataformas não providenciariam a distribuição ou o suporte financeiro necessário para sustentar um jornalismo gratuito e de alta qualidade modelado para redes sociais”.
Os funcionários da BuzzFeed tomaram consciência dos cortes depois de serem convidados para uma chamada de conferência sediada na sala “Doomsday” (dia do juízo final, em tradução livre). A empresa mantinha o costume de batizar as suas salas de reunião com nomes excêntricos. Inclusive, quando a companhia fez demissões em sua antiga filial do Reino Unido, os funcionários foram informados disso na sala “Black Mirror”.
Além do fechamento da BuzzFeed News, Peretti anunciou que 180 empregos seriam cortados, o que representa aproximadamente 15% da força de trabalho da empresa. E, como parte das mudanças, Peretti anunciou que dois executivos tomaram a decisão de deixar a BuzzFeed.
Uma promessa pouco frutífera no âmbito das notícias
No início dos anos 2010, a BuzzFeed surgiu como uma promessa no âmbito da indústria de notícias online, arrecadando milhões de dólares de investidores enquanto surfava na onda do Twitter e do Facebook. Essas redes sociais promoviam o compartilhamento de notícias como uma forma de angariar visualizações e credibilidade. Isso servia bem à BuzzFeed, que produzia conteúdo viral (como quizzes e dinâmicas interativas) ao lado de reportagens originais. O jornal aceditava que essa combinação atrairia anunciantes de alta qualidade.
Esse processo caro envolveu a contratação de jornalistas ao redor do mundo e culminou na ocasião em que a BuzzFeed foi laureada com um Pulitzer. Em um determinado momento de 2014, a Disney considerou comprar a BuzzFeed por US$1 bilhão, mas não houve consenso entre as partes. Alguns anos depois, a empresa entrou na bolsa de valores e, desde então, o preço de suas ações despencou. Atualmente, a BuzzFeed é avaliada em menos de US$100 milhões.
Aliás, isso representa o fim de uma era para um site que outrora prometia revolucionar a indústria de notícias online. Outros sites de notícias parecidos, como a Vox e a Vice, também passam por dificuldades. Algo que acontece enquanto leitores e anunciantes se afastam das redes socais mais tradicionais, priorizando ferramentas como o YouTube e o TikTok. Além da BuzzFeed, a Insider, antigamente conhecida como Business Insider, também anunciou cortes na semana passada.
A BuzzFeed também é detentora da HuffPost, que continuará a atuar, mas presenciou uma diminuição do seu escopo noticioso nos últimos tempos. Mais importante, Peretti disse que esse site é rentável porque mantém uma audiência fiel que visita a sua página principal, ao invés de acompanhar as notícias apenas através das redes sociais.