Bird Box – Resenha do filme original Netflix estrelando Sandra Bullock
Ano: 2018 |
Título Original: Bird Box |
Dirigido por: Susanne Bier |
Avaliação: ★★★★☆ (Ótimo) |
Bird Box foi uma das produções mais aguardadas da Netflix em 2018, com ampla divulgação nas redes sociais e mesmo forte investimento em campanha publicitária por parte da gigante do streaming. A atriz Sandra Bullock, inclusive, esteve presente na CCXP 18 para divulgar a obra, poucos dias antes de sua estreia.
O filme é baseado no livro homônimo escrito pelo músico e romancista Josh Maleman – a obra, inclusive, foi a estreia do autor no mundo literário e um sucesso imediato, sendo considerado um dos livros notáveis de 2015 pela renomada Biblioteca de Michigan.
Adaptar o livro não seria uma tarefa fácil, mas a Netflix decidiu correr o risco e apresentar um filme bastante interessante. Entenda o desafio: Bird Box gira em torno de um mistério responsável por tornar as pessoas subitamente violentas ou suicidas, levando o mundo a um rápido colapso e um cenário pós-apocalíptico. Este mistério norteia toda narrativa do livro.
No filme, o mistério tem uma explicação que fica mais clara sem muitos rodeios: o surto de violência tem origem visual. O que é responsável pela “contaminação” ronda as ruas e um simples contato ao olhar é fatal, portanto, as pessoas só podem sair de casa seguras se vendadas.
A trama gira em torno da personagem de Bullock, Malorie, que está grávida. Após um acidente com sua irmã, Jessica (Sarah Paulson) no início da infestação, ela se vê presa em uma casa com um grupo de desconhecidos, entre eles o tempestuoso Douglas (John Malkovich) e Tom (Trevante Rhodes, de Moonlight), que logo assume uma espécie de liderança natural da situação.
Em outra ponta paralela no decorrer do filme, a trama apresenta uma narrativa cinco anos à frente, com Malorie liderando duas crianças em uma jornada de barco para chegar até um suposto refúgio onde estariam imunes. O longa, naturalmente, amarra as duas pontas em determinado momento e as peças se encaixam.
Bird Box trabalha bem essa construção narrativa, mas cria maior envolvimento em sua primeira metade. Lembrando os momentos mais áureos de survival horrors como The Walking Dead, o desenvolvimento do grupo de sobreviventes como comunidade e a contínua tensão é bastante aguda, deixando o espectador realmente cativo à estória e seu desenrolar.
O conceito da Caixa de Pássaros não está apenas na importância das aves na estória, que funcionam como um radar quando da aproximação da ameaça. Bird box, em inglês, é como são chamadas as casinhas de pássaro – e, de certo modo, os sobreviventes passam a se tornar pássaros enclausurados. Há também uma analogia à formação de ninhos que fica mais clara no segundo arco do longa.
No entanto, mais próximo ao arco final, há uma queda de expectativa, e o filme parece aceitar um fim mais “lugar comum”, apresentando um final honesto, mas pouco ousado para uma estória tão intrigante e bem contada. Fica a sensação de falta, de um último impacto (após vários durante o filme) que acaba por não vir.
Há de se ressaltar, entretanto, que Bird Box é facilmente um dos melhores filmes originais Netflix. Sandra Bullock está impecável, entregando a dramacidade que lhe é sempre pertinente, e o mesmo pode se dizer do grande John Malkovich, dando vida a um personagem muito interessante e vital ao enredo.
A direção e fotografia (que é incrivelmente bela e sombria) também possuem destaque, criando um clima imersivo essencial para este gênero, complementado por uma trilha sonora que dá todo o ambiente de tensão interminável. Estes aspectos são vitais para que o longa funcione, e neste ponto certamente houve um grande acerto de produção.
Bird Box pode não atender às expectativas geradas por todo marketing ou às comparações feitas com o já cult Um Lugar Silencioso, mas certamente é um ótimo filme e um belo presente de Natal para os fãs de mistério e survival horror.
Confira outras resenhas de filmes aqui. Siga o Meta Galáxia nas redes sociais!