E chegamos a quarta aventura de Harry Potter em Hogwarts. Após encontrar a Pedra Filosofal, enfrentar Tom Riddle na Câmara Secreta e conhecer seu Padrinho no Prisioneiro de Azkaban, Harry participa de um torneio do qual não deveria me seu quarto ano. O Cálice de Fogo começa a demonstrar um pouco da capacidade da história, ao passo em que passa a exibir suas fragilidades. Mas vamos aos poucos.
Padrões preocupantes
O Prisioneiro de Azkaban começa a mostrar algumas mudanças na estrutura da história em comparação aos dois inicias. Porém, há muito dos dois filmes repetidos e o Cálice de Fogo muda pouco nesse sentido. Novamente, temos um professor novo que causa serve de gatilho pra eventos relevantes ao final através de um plot twist. Não vou mentir que o trabalho feito envolvendo este plot foi bem feito, assim como o de A Câmara Secreta no segundo filme. Porém, tais repetições de elementos criam certas previsibilidades em relação as eventuais surpresas, o que diminui seu impacto.
Além disso, devido a necessidade de introduzir novos personagens alguns secundário ficam mais apagados. Ron, por exemplo, resume sua participação no filme a uma briguinha com Harry que surge e desaparece com a mesma irrelevância. Há, de parte de Hermione, novamente, um gatilho de desenvolvimento do trio protagonista. Mas a atenção que os personagens recebem só se justifica nos dois primeiros filme com Rony e nos três com Hermione. Os melhores amigos de Harry soam bastante deslocados do centro do roteiro, o que acaba tirando qualquer relevância de tentativas de desenvolvê-los pessoalmente, causando uma sensação de distanciamento entre os núcleos.
Já sobre o filme em si
O torneio trouxe cenas e situações interessantes, tantos em aspectos técnicos como de roteiro. Porém, de um ângulo geral, muita coisa ali começa a soar forçada. Hogwarts era pra ser segura, ainda mais considerando a importância do troneio Tribruxo, entretanto, ainda assim, ameaças conseguem adentrar o local todo ano. Além disso, a necessidade de que Harry tocasse a taça do torneio para ser teleportado até Voldemort parece arriscada demais para um plano tão complexo. Se era possível tornar o objeto um portal para que Harry usasse, qualquer outro objeto serviria, não? E dependeria de muito menos conveniências.
Se por um lado o prisioneiro de Akzaban começa a movimentar a história além do protagonista, O Cálice de Fogo perde a oportunidade de expandir mais ainda esse universo ao focar em um torneio que acrescenta a mitologia, mas que se mostra irrelevante ao final. Foi o primeiro filme com uma abordagem menos intimista e que envolve uma grande quantidade de personagens em tela e claramente não souberam lidar muito bem com isso. Falta densidade e regularidade ao – mais uma vez – longo filme, dando a impressão de estar faltando bastante informação em alguns núcleos, e sobrando em outros.
Em Conclusão
Harry Potter e o Cálice de Fogo é o piro exemplar dos filmes de Harry Potter até este ponto. Arriscando mais do que os outros, a história não sabe lidar com a grandiosidade que seus acontecimentos tentam passar. Esteticamente é um filme lindo, com um bom mistério e Plot Twist em seu final, mas que são incapazes de justificar toda sua longa duração e seu trabalho ruim com os coadjuvantes. O universo bruxo entra definitivamente em uma era obscura através do retorno de sua maior ameaça, resta ver até onde Voldemort realmente se mostra ameaçador ou se tudo continuará se resumindo num probleminha escolar.