Resenha de Acasos do Destino (2022), de Paco Roca e lançado no Brasil pela Editora Devir
Hoje, eu trouxe a resenha de mais uma obra sensacional: Acasos do Destino, de Paco Roca e com seu lançamento aqui no Brasil pela Editora Devir. Nessa obra, o autor reconstrói a história da La Nueve, uma companhia sob o comando do capitão Dronne integrada à segunda divisão blindada do general Leclerc, formada principalmente por republicanos espanhóis. Essa história em quadrinhos pôde ser feita graças aos relatos de Miguel Ruiz, republicano espanhol exilado na França.
Acasos do Destino traz uma história real sobre a contribuição espanhola na Segunda Guerra Mundial, que se tornou um sucesso instantâneo em todo o mundo. Na real, eu não conhecia a obra, mas agora julgo como leitura obrigatória para todos. Ainda há aqueles que parecem acreditar que a guerra é uma maravilha, quando na real é o puro terror. Fome. Doença. Racismo e xenofobia. A morte de entes queridos. Temos certeza que é uma coisa incrível?
Ficha Técnica de Acasos do Destino
Título Original: Los surcos del azar
Editora original: Astiberri
Roteiro e arte: Paco Roca
Tradução: Jana Bianchi
Formato: 20 x 26 cm
Estrutura: 352 páginas coloridas, papel offset 120 g,
Acabamento: capa dura
Peso: 1.100 g (estimado)
Lombada: 3 cm (estimado)
Área de interesse: Espanha, Segunda
Guerra Mundial
Público: Adulto
Código Devir: DEV111588
ISBN: 978-65-5514-138-2
Palavras-chave: Quadrinho europeu, Espanha, franquismo, ditadura
Mais de 63 mil cópias vendidas na Espanha!
Quarta obra de Paco Roca publicada no Brasil pela Devir.
Edição integral, que inclui a valiosa colaboração do hispanista americano Robert Coale, na tarefa de revisar a história em quadrinhos e extrair os destaques desse material. Ao longo de 24 páginas extras, são incluídos novos textos, esboços, fotos, novas páginas desenhadas e até uma carta de um dos protagonistas da obra de Paco Roca
Acasos do Destino está disponível à venda via Amazon (clique aqui para adquirir o seu exemplar)
Enredo de Acasos do Destino (2022)
Através das memórias de Miguel Ruiz, nós podemos conhecer La Nueve, a companhia sob o comando do capitão Dronne. A trama se passa em 1936. A maioria dos homens que compunham La Nueve não tinham sequer completado os seus 20 anos de idade quando pegaram em armas e foram defender a República Espanhola. Os sobreviventes só abandonariam as armas oito anos depois, na noite de 24 de agosto de 1944. No entanto, eles não alcançarão seu objetivo final de ver a Espanha livre do franquismo.
Em Acasos do Destino, soubemos que Miguel Ruiz estava com extrema ansiedade em narrar novamente todos os acontecimentos, mesmo que tivessem se passado décadas. Por telefone, ele concordou com a entrevista, mas quando finalmente o seu entrevistador chegou, ele simplesmente sumiu. Quem atendeu Paco Roca foi seu amigo e vizinho – que sequer sabia que Miguel era um herói de guerra. Ou seja, aqui vemos que Miguel realmente detestava falar sobre o assunto. Considerando que eram memórias terríveis, não podemos julgar.
Demorou um pouco para conseguir ao menos começar a entrevista, com Miguel finalmente falando dos eventos iniciais: tantas pessoas que embarcaram em um navio para se afastar um pouco da guerra – e passaram por fome e doenças -, assim como tantas pessoas que ficaram para trás para a morte rápida nos ataques.
E só piora…
Levou mais um dia para Miguel narrar maiores detalhes sobre o que ocorreu no período da guerra. E apenas no início dessa HQ, a gente vê todos os horrores pelos quais ele passou. Claro, isso depois das várias semanas em um navio, ele próprio passando fome e vendo pessoas famintas, assim como presenciando morrendo de doenças e com dificuldades em poder pararem em algum lugar para refugiarem as mulheres e crianças. Depois de um período, ele próprio e outros homens foram vítimas de trabalho forçado em uma espécie de campo de concentração. Ao narrar a situação, ele comenta que foram os piores meses da vida dele.
Miguel passou por muita fome e doença, assim como viu amigos morrerem em sua frente e outras atrocidades possíveis de se ver em uma guerra. E considerando que Segunda Guerra Mundial em si foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, então foi um total de 6 anos envolvido só nisso. Fora o que já ocorria antes mesmo do início da guerra. Certamente eu julgo uma leitura necessária, para compreendermos melhor o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial e na Europa durante o período – e sem ser pela visão exclusiva dos Estados Unidos.
É importante ver a visão da própria Europa em relação à triste temática. Inclusive, nem sempre ouvirmos falar da La Nueve quando estudamos um pouco sobre o tema, e a La Nueve conforme as palavras de Manuela Carmena, Presidente da Câmara Municipal de Madrid:
La Nueve foi a primeira a chegar para libertar Paris, mas foi uma das últimas a receber o reconhecimento merecido. Muitos anos precisaram se passar até sua coragem, seu altruísmo e sua convicção de que a luta contra o nazismo não tinha época nem bandeira encontrassem um lugar na História. As proezas individuais diluem a própria magnitude dos grandes feitos da humanidade. Por isso admiro aqueles que, como Paco Roca, se aproximaram da História com H maiúsculo procurando as minúsculas, desvendando o que se vê apenas nas entrelinhas ou é uma mera nota de rodapé.
Manuela Carmena, Presidente da Câmara Municipal de Madrid
Que dão a tais pessoas rosto e nomes, e as devolvem ao lugar que merecem nos livros e na memória coletiva. É a magia do desenho — uma linguagem universal — que, nessa ocasião, serve para ilustrar a libertação de Paris e o início da derrota de Hitler. Paco Roca nos devolve a proeza daqueles cento e cinquenta espanhóis, soldados exilados que integravam a 9ª Companhia da 2ª Divisão Blindada da França Livre, conhecida como Divisão Leclerc. Recentemente, Madrid, como um dia fez Paris, saldou sua dívida de memória com os combatentes de La Nueve, dedicando a eles um jardim no bairro de Ciudad Lineal e uma placa para homenagear sua memória.
Sobre o autor
Paco Roca nasceu em Valência, Espanha, no ano de 1969. Ele é um cartunista espanhol que começou sua carreira trabalhando com ilustração publicitária. Depois, passou a conciliar seu trabalho com a produção de histórias em quadrinhos. Entre suas publicações, devemos falar sobre El faro e Rugas — pela qual recebeu o Prêmio Nacional del Cómic em 2008 e os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Obra no Salão Internacional de Quadrinhos de Barcelona de 2008. Além disso, ele também atuou como roteirista e designer de personagens da adaptação de Rugas para um longa metragem animado.
Site oficial do autor: Paco Roca, cómics e ilustración | Paco Roca cómics e ilustración
Nossos agradecimentos para a Editora Devir, que frequentemente nos encaminham conteúdo para publicarmos notícias e novas resenhas! Estamos amando essa parceria!
Se você é um grande fã de quadrinhos, portanto você também poderá gostar de conferir nossas resenhas: Resenha de Sin City: O Assassino Amarelo, de Frank Miller, Resenha de Vênus Invisível: Coleção de Histórias Curtas, com o Melhor de Junji Ito e Resenha de Hitler, mangá de Shigeru Mizuki publicado pela Editora Devir!! Você também pode conferir: Resenha crítica de Érica, a Magnífica, HQ da franquia Stranger Things e Resenha da HQ Vote Loki, por Christopher Hastings, Stan Lee e Larry Lieber. Além disso, você também pode ler a nossa matéria: Critérios – Como fazemos Críticas e Análises.
