Shiki Oriori – O Sabor da Juventude – Resenha do anime original Netflix
Ano: 2018 |
Título Original: Si Shi Qing Chun/Shiki Oriori – Flavors of Youth |
Dirigido por: Yoshitaka Takeuchi |
Avaliação: ★★★★☆ (Ótimo) |
Shiki Oriori é mais uma obra do estúdio CoMix Wave Films, responsável pelos longa-metragens do consagrado diretor Makoto Shinkai. E, embora não seja dirigido por seu mais famoso autor, o anime – uma produção original Netflix – não deve em nada quanto a beleza de produção e tom.
Trata-se de uma antologia que apresenta três estórias cotidianas de curta duração ambientadas na China: O Macarrão de Arroz, Nosso Pequeno Desfile de Moda e Amor em Xangai. Vamos a uma breve sinopse de cada:
O Macarrão de Arroz – ★★★★☆ (Ótimo)
Xiao Ming, após anos longe de sua cidade natal, regressa enquanto revisita os locais que marcaram sua infância e adolescência, sempre associando suas principais lembranças ao macarrão bifun san xian, um prato típico chinês incrivelmente saboroso e que possui um processo de preparo bem delicado.
É a estória mais imersiva das três, contando com narração em primeira pessoa, apresentando um flashback quase contínuo até o momento atual do personagem. A animação também é muito bem explorada, rica em detalhes quando mostra, por exemplo, o processo de preparo do macarrão e cada um de seus ingredientes, logo no início do filme.
Nosso Pequeno Desfile de Moda – ★★★☆☆ (Bom)
A consagrada modelo Yi Lin relembra sua trajetória sofrida, tendo como única família sua irmã Lu Lu, de quem sempre cuidou após a morte dos pais. Lin começa a entrar em uma crise quanto ao seu envelhecimento na profissão e, enquanto isso, acaba tendo problemas de relação com a irmã.
Talvez a estória que foge menos do lugar comum – menos aprofundado e sem muitas referência à cultura da China em si como as outras. Mas, ainda assim, agrada bastante pelo bom desenvolvimento dos personagens mesmo em um curto espaço de tempo. É um conto bem conciso.
Amor em Xangai – ★★★★★ (Excelente)
Li Mo é um arquiteto frustrado, que decide deixar a casa dos pais e morar só. Durante a mudança, Li encontra uma fita que o faz lembrar da juventude, quando ele Pan e Xiao Yu eram amigos inseparáveis. A saudade de Xiao, por quem nutria um grande sentimento, o faz atravessar uma dolorosa jornada de lembranças e nostalgia.
Possivelmente a estória mais tocante e envolvente entre as três. Embora tenha apenas trinta minutos de duração, é um conto que tem todas as características do estúdio e emociona, fazendo com que o espectador simpatize com os personagens em poucos minutos.
Em comum, as três estórias de Shiki Oriori trabalham a notalgia e a dificuldade de manter os laços que formamos na juventude, apresentando a vida adulta como ela realmente é. Um apelo emocional honesto e bem conduzido em todo o longa.
As tramas também mostram, como pano do fundo, o crescimento industrial e tecnológico da China e como isso, com o passar das últimas décadas, afetou a rotina de seus habitantes. Simples detalhes, como a expansão urbana desenfreada e a automação de processos, acabaram, direta ou indiretamente, interferindo em tradições que fizeram parte da memória afetiva de muita gente.
Shiki Oriori é bonito, reflexivo e conta com uma produção impecável – qualidade já carimbada pelas obras desenvolvidas pelo estúdio. Ponto positivo pra Netflix, que aposta em um anime original de alta qualidade.
Ah, não deixe de ver o pós-crédito. E vale muito assistir dublado – o trabalho feito é sensacional!
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https://www.youtube.com/watch?v=CIzzA4f5vHg