Game review Like a Dragon: Ishin! (PS4) – Historicidade incrível, mas com gameplay conflituoso

Like a Dragon: Ishin! é o remake do título Ryū ga Gotoku Ishin!, jogo spin-off da série Yakuza lançado em 2014, mas que nunca chegou ao ocidente, até o momento. Diferente do modelo modernizado da franquia criminal japonesa, Ishin se passa no século XIX. No entanto, muitas das práticas que fazem sucesso na série original estão aqui, e continuam, quase que completamente, muito boas.

Depois de muita espera e por carregar o conceito de remake, Ishin talvez não recepcione o ocidente com ótimas modificações. Entretanto, os maiores prazeres que apresenta são aqueles que conceituaram a série Yakuza um grande sucesso. Um exemplo é o seu mundo aberto com tamanho médio, mas que possui uma densidade espantosa, com muito a se fazer nele.

É possível afirmar, então, que Ishin é uma nova perspectiva do passado, quase em todos os sentidos. A autenticidade de sua história com a do Japão, principalmente Kyo, e suas narrativas secundárias são o maior atrativo. Por outro lado, o gameplay, em específico o combate, ainda sofrem um reflexo do passado, demandando tempo para evoluir e aproveitar tudo.

Detalhes sobre Like a Dragon: Ishin!

Data de lançamento: 21/02/2023

Desenvolvedor: Ryu Ga Gotoku Studio, Sega

Publicadora: Sega

Gêneros: Ação, Aventura

Sistemas: PS4, PS5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S

Onde comprar:  PS4, PS5, Steam, Xbox One, Xbox Series X/S

Recomendações: Para quem é fã de uma história de samurais verdadeira, com muita honra, paixão e reviravoltas em um mundo aberto recheado de mini games e histórias secundárias.

Like a Dragon: Ishin!: a história sobre o fim da era dos samurais

O fator histórico culminante para a narrativa de Like a Dragon: Ishin!

Like a Dragon: Ishin! se passa no final de 1860, no final da era Edo durante o período Bakumatsu, no qual foram os últimos anos de comando do Xogunato Tokugawa sob o país. Durante esse momento, os títulos pessoais contavam mais do que honra ou direitos coletivos, fazendo com que militares e samurais fossem a lei. No entanto, isso traz muita revolta, visto que eles abusaram de tal sistema, sendo isto a introdução do jogo.

Como o próprio subtítulo dessa review indica, é a história de Ishin que ostenta excelência. Muito disso ocorre pois, durante as conversas, sempre há um glossário explicando as palavras e sua história. Desta forma, você pode ser um leigo, mas, ainda assim, sempre estará por dentro de toda a historicidade. Contudo, não só sua quase fidelidade com aspectos históricos do Japão chamam a atenção, como também quem dá o rosto às figuras deste período. 

Aqui, os personagens da franquia Yakuza são “atores” de uma forma que até as suas personalidades foram mantidas. Kazuma Kiryu, o Dragão Lendário de Dojima, atua como o protagonista Sakamoto Ryōma ou Hajime Saitō. Porém, há também outros rostos familiares.

De fato, Sakamoto Ryōma e Hajime Saitō existiram, mas eram pessoas distintas. Em Ishin, Ryōma é um Ronin da província de Tosa que, após seu pai ser assassinado, vai em busca de vingança. Por levar a culpa desse assassinato, ele adota o nome de Hajime Saitō, e acaba se tornando um capitão da força militar Shisengumi. 

Por outro lado, na história real, Ryōma lutou contra o Xogunato por questões políticas, mas também se infiltrou na mesma força militar. Enquanto isso, Saitō realmente era um capitão, mas que sobreviveu a era Bakumatsu e se tornou um policial na era Meiji.

Um combate conflituoso

Uma luta que reflete como o combate é conflituoso.

O combate de Like a Dragon: Ishin é, de longe, o mais sofrível se comparado com outros aspectos que serão citados nessa review. Com lutas pouco fluidas e divertidas, é difícil explorar Kyo sem ficar fugindo de oponentes. Desta forma, o combate representa um grande conflito para todo o título. Isso ocorre, principalmente, por uma falta de decisão entre presente e passado.

É nessa indecisão que Ishin se perde. O que se espera de um jogo de samurais fidedigno com a história? Golpes comprometidos com o verdadeiro, movimentação fluida e precisa e uma seriedade sem precedentes. Agora, o que se espera de um jogo, apesar de spin-off, de Yakuza? Lutas brutais que ignoram a física, a movimentação leve e casual e um tom cômico sempre que possível. 

O melhor exemplo para demonstrar tudo citado são os quatro estilos de combate: Espadachim, Pistoleiro, Dançarino Selvagem e Brigão. Em todos eles usamos ataques básicos com o quadrado e aplicamos combos diferenciados com o triângulo. Cada um também dispõe de uma esquiva e seu Heat Action, que seria uma habilidade especial ou de finalização.

Dos estilos citados, o primeiro é o que melhor considera o estilo samurai, mas que acaba sendo pesado e impreciso. Atacar sem prender a visão em inimigos é acertar o vento e receber contra ataques potentes. Enquanto isso, desviar sem finalizar um ataque é impossível, logo, a defesa é o melhor ataque, impelindo que você é quem deve ser preciso no combate.

De maneira inversa, Dançarino Selvagem é o mais fluido, leve e preciso. No entanto, não contempla a seriedade e golpes fidedignos de um samurai. Um exemplo é a possibilidade de rodopiar fuzilando inimigos. Ele, de longe, foi o estilo mais divertido para mim, apesar de causar baixa quantidade de dano.

Uma evolução sistemática 

A evolução sistemática de Like a Dragon: Ishin!

Os subsistemas de evolução de Like a Dragon: Ishin são burocráticos e exigem uma incessante procura por melhorias, sejam em lutas pelas ruas, laços com vendedores ou no ferreiro. No geral, tudo se complementa e, conforme exploramos Kyo, as coisas vão se encaixando. Contudo, é sempre necessário estar à procura deles e isso demanda tempo, sorte e dinheiro. 

É fácil observar os pontos fortes e fracos de cada um dos estilos citados acima, no entanto, talvez um deles seja ignorado por completo. Em Ishin,  Pistoleiro foi o estilo que mal usei. Cada um deles detém um rank e uma roda de habilidades, sendo necessário usá-los para evoluí-los. Consequentemente, uma orbe da alma é recebida, o que nos permite usar para conseguir novos ataques, melhorar a força do estilo e as barras de vida e Heat. No entanto, isso demoraria demais, desta forma, quando subimos de nível, recebemos uma orbe de treinamento, que serve de step.

Os conflitos com as gangues de Kyo também nos fornece outros utensílios: materiais de fabricação. No ferreiro conseguimos aplicar melhorias em novas roupas e armas. Porém, todo esse sistema de fabricação é complexo. Para conseguirmos construir melhores equipamentos, é necessário aumentar o nível do ferreiro, doando armas ou fabricando cada vez mais. Além disso, para criar armamentos especiais, é necessário encontrar martelos de ouro ou platina, que são sempre perdidos na construção. 

Por fim, os laços com vendedores em Ishin são os mais simples de evoluir, só exigem, obviamente, muito dinheiro. Aqui as moedas são adquiridas em lutas, minigames e outras atividades por Kyo. Ao comprar muito nas lojas, os laços são ampliados. Diante disso, promoções, novos itens e honra são conquistados, facilitando a experiência, mas custando um bom tempo e dinheiro. Entretanto, existe um sistema principal que possui influência sobre tudo.

A virtude como princípio de evolução

A loja de virtude: a moeda principal de Like a Dragon: Ishin!

Um complemento indispensável em todos os jogos da franquia Yakuza são as histórias secundárias. Estás mini narrativas, normalmente, podem vir de todos os lugares ou formas. Desde um cachorro latindo na rua ou uma fila para um restaurante famoso, Like a Dragon: Ishin! entrega boas histórias inusitadas.

Embora a própria conclusão delas seja um ótimo prêmio, elas também nos garantem Pontos de Virtude. Tudo já citado também nos fornece essa moeda, que serve para evoluir Ryoma em todos os aspectos. Correr por mais tempo, usar varas de pescar melhor ou, até, conseguir plantar mais rápido no incrível simulador de fazenda Another Life, que também é uma história secundária.

As histórias secundárias, assim como os Pontos de Virtude, são o que há de melhor em Ishin, principalmente por estarem atreladas com a história. Em muitos momentos, explorar essas exóticas mini narrativas será um descanso e divertimento para largar a história principal. Dito isso, elas compõem a densidade existente e aclamada do mundo aberto de Ishin: a cidade ficcional Kyo.

Uma cidade arrumadinha

Uma parcela do mapa da cidade arrumadinha.

É impossível não dizer que Kyo é uma das cidades já feitas nos jogos. Like a Dragon: Ishin! consegue, com um pouco de dificuldade, manter o mesmo primor que outros títulos Yakuza. Embora seja uma arquitetura da idade moderna, é difícil não sentir um desânimo ao explorar suas províncias, contudo, isso ocorre principalmente por conta do design gráfico.

Ishin foi lançado no início da vida do PS4, e essa análise está sendo feita nele, mas com os desenvolvedores sabendo como melhor aproveitar o console. Portanto é possível reconhecer uma melhoria nos visuais. Algo que chamou minha atenção é a possibilidade de alternar entre o modo Performance e Qualidade. No primeiro, Ishin fica cravado nos 60fps, mas com perdas nas sombras, detalhes nas arquiteturas e combate. O modo Qualidade oscila nos 30fps, com pequenos travamentos e uma demora maior para começar cinemáticas em troca de ambientes belos.

Entretanto, a maior crítica ao design visual de Ishin são os rostos de personagens secundários ou NPCs. Embora existam muitos, o descuido é absurdo, parecendo até que foram feitos aleatoriamente. Consequentemente, não existe rostos iguais, mas muitos são deformados, mal feitos e com uma aparência fora da realidade. Por outro lado, os personagens principais, e até secundários, possuem uma atenção muito maior, causando, assim, uma disparidade sem precedentes.

Like a Dragon: Ishin!: uma perspectiva do passado agradável

Like a Dragon: Ishin! consegue ser uma experiência agradável, mas grande parte disso fica por conta da suas histórias, primária e secundárias, assim como seu mundo aberto. O conflito existente no combate e a necessidade de uma longa jornada para evolução em todos os aspectos pode dividir gostos, uma vez que nem sempre quantidade é qualidade. No entanto, como fora retratado, as missões secundárias e suas recompensas são o maior divertimento existente. Pegue como exemplo o mini game Another Life, no qual cuidamos de uma fazenda para pagar uma divida póstuma. Essa é a melhor forma de ganhar dinheiro, além de também trazer um mini game de culinária. Diante disso, não é difícil passar horas apenas nesse modo e colher seus frutos quando enjoar da imensidão complexa de Ishin.

Levando em consideração que Ishin está chegando agora no ocidente, em um momento em que a franquia Yakuza consagrou-se com a prequel Zero, e por se tratar de um remake, não há muita evolução nele. Se estiver a procura de ação com ótimo combate, mini games divertidos e um visual diferenciado, talvez outros títulos Yakuza, como o Zero, sejam melhores recomendações. Desta forma, Ishin é recomendado para aqueles que gostam de uma história quase fidedigna e que gostam do período em que se passa, visto que ele traz uma perspectiva do passado bastante agradável.

Análise realizada com uma chave de PlayStation 4 gentilmente dada pela queridíssima SEGA.

ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
História
10
Gameplay
5,5
Gráficos
8,0
game-review-like-a-dragon-ishin-ps4-historicidade-incrivel-mas-com-gameplay-conflituosoLike a Dragon: Ishin! chega ao ocidente como um remake que se perde entre o passado e o presente, mas que entrega histórias memoráveis.

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