Após reunir mais de meio milhão de espectadores simultâneos em sua pré-estreia global no canal de Casimiro na Twitch (número que levou o streamer a se tornar recordista nacional na plataforma), Neymar – O Caos Perfeito chegou à Netflix no último dia 25, prometendo mostrar muito sobre o que há por trás do craque brasileiro.
A série engloba uma já crescente onda de produções ficcionais ou documentais de esporte que tem ganhado força nas plataformas de streaming desde a segunda metade da década passada. Aqui no Meta Galáxia, por exemplo, já resenhamos Maradona: A Conquista de Um Sonho, do Prime Video, e Sunderland Até Morrer e Arremesso Final, da Netflix, entre outras produções.
SINOPSE: NEYMAR – O CAOS PERFEITO
O documental de três episódios narra, de forma não cronológica, a história de Neymar até o ano de 2020, desde sua infância em ruas humildes da Praia Grande, seus momentos de glória no Santos e Barcelona, e suas frustrações pelo PSG e nas Copas do Mundo.
A série tem, entretanto, um viés de mostrar como a imagem da figura pública – inevitavelmente atrelada ao atleta – foi construída desde o princípio e se tornou um pêndulo na relação entre Neymar pai e filho.
QUAL O REAL PROPÓSITO DA SÉRIE?
Neymar – O Caos Perfeito é, assumidamente, parte do que a obra traz como seu próprio tema central: a construção da imagem de Neymar Jr. A minissérie se propõe o tempo todo a mostrar como a NR Sports – empresa gerida pelo pai de Neymar – influenciou e influencia (ou ao menos tenta) os rumos da carreira do atleta e como as relações entre pai e filho e gerente e gerenciado se confundem e, consequentemente, afetam o laço familiar.
Inevitavelmente, a série tenta a todo modo humanizar a figura do jogador e homem Neymar. Se, por um lado, é muito contundente ao trazer à tona, sem censuras, todas as polêmicas pelas quais o craque passou e mostrar opiniões pró e contra sua pessoa, a série também não deixa de propagar sua assinatura como um “rebelde razoável”, justificando a maior parte de suas ações e contradições.
E, sabendo-se de toda influência de Neymar pai sobre a carreira do filho, soa conflitante uma produção que vilanize o gestor, embora o objetivo final seja, sempre, tornar Neymar Jr. um mártir. As constantes declarações do empresário (por vezes repetitivas, inclusive), são um ponto de destoo da narrativa.
Estas questões não chegam a ser problema enorme se você compreende que trata-se de um produto do próprio Neymar (de sua gestão, no caso), que vem à tona em um momento importante de sua carreira: o ano em que completa 30 anos e que, talvez, dispute sua última Copa do Mundo. Entretanto, também é nítido que a obra carece em, de fato, contar uma história – afinal, Neymar sequer completou estes mesmos trinta anos e, se conseguir se manter em condições, terá ao menos mais sete ou oito anos de carreira com muito a contar.
Portanto, parece uma obra fora de tempo para o espectador final, embora com muito propósito aos seus criadores. Todavia, há de se ressaltar a qualidade da produção: é, sem dúvidas, uma joia em termos de direção e em todos os seus aspectos técnicos, trazendo à tona excelentes entrevistas, bastidores inéditos de momentos-chave de sua carreira e todos os personagens que fazem parte dela até aqui. As captações talvez sejam o ponto mais rico da série.
É, também, uma ode aos amantes do futebol arte. Neymar foi um dos maiores jogadores do mundo surgidos na década passada, e a produção resgata, com um ótimo tom nostálgico, sua ascensão no início de carreira, com toda magia que exibiu em suas conquistas por Santos, Barcelona e o Ouro Olímpico pela Seleção nos Jogos Rio 2016.
VALE A PENA ASSISTIR O DOCUMENTÁRIO?
A minissérie da Netflix, apesar de todo alarde, é realmente mais atrativa aos adeptos do mundo da bola e por quem possui genuíno interesse em gestão de marca e talentos, sendo um ótimo estudo de caso para o tema. Como entretenimento geral, pelos pontos supracitados, talvez não cative espectadores mais curiosos.
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