Brinquedo assassino 3 já dava um sinal de cansaço na franquia, que já não assustava mais e tinha dificuldades em inovar. Além de contar com incoerências em relação a mitologia estabelecida nos dois primeiros longas para que fosse feito. Com isso, o personagem ficou esquecido durante anos, até que Don Macini resolveu reinventar e trazer Chucky de volta em “A Noiva de Chucky”. A primeira e mais obvia coisa feita, foi assumir o protagonismo que o boneco havia assumido perante o público e, para isso, Andy tinha que ser deixado de lado.
Não só abandonando Andy, Mancini também decidiu assumir que, já no seu quarto filme, o boneco havia se tornado um assassino bem trash. Assim como Jason, Freddy, entre outros. Não havia mais novidade ou medo e sim a intenção pura do publico em ir no cinema ver Chucky matar e soltar suas frases sarcásticas. O criador do boneco entendeu isso e assim nasceu “A Noiva de Chucky”.
Ficha Técnica | |
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Nome: A noiva de Chucky | Data de Lançamento: 1999 |
Diretor: Ronny Yu | Criador: Don Mancini |
Elenco: Brad Dourif, Jennifer Tilly, Katherine Heigl e Nick Stabile. | Gênero: Trash, Terrir. |
Uma nova proposta
Toda essa introdução longa serviu para pontuar uma questão que faz com que este filme seja injustiçado: A intenção nunca foi ser terror igual aos três primeiros. Mancini tenta dar ao público o que ele quer, com uma pequena dose de desenvolvimento e uma relação entre os personagens. Quase como se fosse o roteiro de um jogo em que o jogador precisa de uma motivação para fazer o que faz.
A cena inicial do filme já deixa claro sua inspiração nos outros longas e o que eu mencionei lá em cima de Mancini ter entendido em que ponto o personagem estava. Logo após, temos a introdução de Tiffany, interpretada pela ótima Jennifer Tilly, que consegue interpretar a psicopata e ao mesmo a doce garota que só quer um marido legal.
Referências, referências e…mais referências.
A introdução da relação entre Chuck e Tiffany é bem feita, com naturalidade, assim como a cena do primeiro assassinato, em que Chucky vira sua cabeça, se revelando. Com os cortes acabou ficando muito parecido com a cena de o Exorcista, assim como a dos pregos para homenagear Hellraiser e talvez outra que eu não lembre ou tenha deixado escapar.
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Do nada, uma solução milagrosa!
O roteiro também não perde tempo na introdução do casal protagonista, contendo um dinamismo impressionante sem que nada fosse atropelado até a viagem começar lá pelos 40 minutos de filme. A motivação da viagem é a principal das incoerências em relação a mitologia estabelecida. O tal do amuleto talvez fosse inalcançável por Chucky antigamente e Andy fosse mais viável, mas nunca ter sido mencionado não é aceitável. Até porque no primeiro filme Chuck claramente não sabia uma forma de sair do corpo do boneco, então não parecia que ele sabia a utilidade do amuleto.
Esta incoerência num geral e outras pequenas no comportamento dos personagens acabam estragando o ótimo roteiro e a eficiência do filme em dar ao público o que ele quer. Mesmo que seja um filme despretensioso, há de se manter um minimo de coerência pelo que foi feito antes. Além disso, Mancini acaba apelando para a humanização exagerada dos bonecos com a bizarra cena de sexo dos dois e a insana cena do parto, mas ainda chego lá.
Protagonistas diferentes, finalmente!
O desenvolvimento do filme, não é um desperdício total, pela relação dos dois protagonistas humanos e suas constantes desconfianças, mas acabam sendo um mero detalhe em meio a um mar de bizarrices.
No final, tudo é jogado fora e apressadamente o roteiro chega ao seu clímax, convenientemente em cima do túmulo de Chucky. Aqui o filme tenta se levar a sério e falha. Desde o parto que sequer faz sentido por questão de tempo ou anatomia, pode escolher. Até o policial deixando os dois suspeitos irem embora somente porque viu Chucky vivo. A luta de pás entre Chucky e Tiffany também é forçada. Mas para não dizer que nada funciona, o visual da boneca queimada, em um contexto mais favorável ao terror, seria espetacular.
O diálogo de Chuck antes de sua rápida morte, apesar de ser um pouco forçado devido a brincar com a inteligência do telespectador, deixa mais claro ainda a intenção do criador em tornar a franquia em nada mais do que uma sequência de filmes em que Chucky volta com a mesma sede de sangue.
Um final terrível para A Noiva de Chucky
Com isso, o filme deixa claro a sua intenção, começa muito bem com sua proposta e vai decaindo o nível até o final, que parece ter sido feito em cima do seguinte pensamento: “Podemos fazer o que quiser, se Chucky continuar matando, o pessoal vai gostar!”. Mas não é assim, foi a oportunidade perfeita para que fosse feito um trash assumido, sem vergonha e de qualidade. Todavia, infelizmente, ficou um filme mediano, que acerta em diversos pontos, mas falha em outros diversos também.
Apesar do final estranho, pelo seu início maravilho, coloco este filme acima e outros num eventual Ranking da franquia. Não é ruim como um todo, e para fãs da franquia que entendem a situação atual do personagem funciona e é “assistível”. Mas quem quer terror, tem que manter a imagem da trilogia original e seguir a vida.
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