Resenha de O Último Samurai, uma trajetória sobre Honra e Sacrifício

Tom Cruise em O Último Samurai
Capitão Nathan Algren, personagem de Tom Cruise em ‘O Último Samurai’ (2003) – Reprodução/Warner Bros. Pictures

Resenha de O Último Samurai, uma trajetória sobre Honra e Sacrifício

O Último Samurai é um filme de drama e ação lançado em 2003 (em 2004 aqui no Brasil), dirigido por Edward Zwick e estrelado por Tom Cruise no papel principal. O filme se passa no Japão do século XIX, durante a Era Meiji, um período de rápida modernização e ocidentalização do país. Como é um de meus filmes favoritos, daqueles que posso assistir 10 vezes que não vou me cansar, então assisti novamente o filme na Prime Video e decidi trazer aqui sua resenha! Também trarei a história real que inspirou o filme. Como o filme já tem praticamente 20 anos, não me conterei nos spoilers!

Este é um filme que explora temas de choque cultural, honra, tradição e mudança social. A obra retrata a transformação de Algren, que passa de um homem desiludido e traumatizado pela guerra para alguém que encontra um novo propósito e respeito pela maneira de vida dos samurais.

Embora o filme tenha recebido críticas mistas em relação à precisão histórica e à representação cultural, ele ainda é apreciado por muitos espectadores por suas cenas de ação emocionantes, performances sólidas e abordagem cinematográfica à história. Tom Cruise recebeu elogios por seu papel e o filme foi indicado a várias premiações, incluindo quatro indicações ao Oscar.

Ficha técnica

O Último Samurai
Data de lançamento no Brasil: 16 de janeiro de 2004
Diretor: Edward Zwick
Música composta por: Hans Zimmer
Elenco principal: Ken Watanabe, Tom Cruise, Timothy Spall
Estúdio Discovery Global
Produtores: Scott Kroopf, Marshall Herskovitz, Tom Engleman, Edward Zwick, Paula Wagner, Tom Cruise, Ted Field, Richard Solomon, Vincent Ward, Charles Mulvehill, Tom Engelman
2h 34min
Gênero: Drama Histórico
4 indicações ao OSCARS®
Disponível atualmente em: Prime Video e HBO Max

O Último Samurai é um conto épico tocante e comovente sobre o nascimento do Japão moderno e o fim de uma era onde a honra e o respeito eram mais do que palavras lançadas ao vento.

Prime Video

A Dualidade Cultural em O Último Samurai

Capitão Nathan Algren, personagem de Tom Cruise em 'O Último Samurai' (2003) - Reprodução/Warner Bros. Pictures
Capitão Nathan Algren, personagem de Tom Cruise em ‘O Último Samurai’ (2003) – Reprodução/Warner Bros. Pictures

Antes de tudo, acho que pode ser interessante comentar que essa história tem como narrador o personagem de Timothy Spall, Simon Graham. Embora ele não seja o protagonista do filme, ele ainda desempenha um papel muito importante como alguém que presenciou – e fotografou – uma boa parcela dos eventos importantes da trama. A trama ocorre na Era Meiji do Japão e gira em torno do personagem de Tom Cruise, Capitão Nathan Algren, um ex-militar americano que é contratado pelo governo japonês para treinar suas forças modernas em táticas de combate ocidentais. Algren ficou famoso por lutar nas guerras contra os indígenas norte-americanos e muitas vezes visto como um herói ou algo assim, embora ele mesmo tenha ficado traumatizado nesses eventos. Agora, ele é enviado ao Japão para ajudar o exército imperial a suprimir uma revolta samurai que se opõe à modernização e à influência estrangeira.

Nosso protagonista aqui se depara com uma cultura completamente diferente da sua, marcada por tradições milenares e um código de honra samurai. Durante uma batalha, ele vê um antigo amigo ser morto em sua frente, e é justamente quem arrumou esse trabalho na guerra. Além disso, ele é capturado por um grupo de samurais liderados por Katsumoto (Ken Watanabe), que lutam para preservar a tradição e resistir à modernização forçada pelo governo.

Quando ele estava prestes a ser capturado, ele foi atacado justamente por um samurai da família de Katsumoto. Em legítima defesa, ele matou esse samurai. Por ironia do destino, quem cuidou dele por muito tempo enquanto esteve machucado foi justamente a viúva Taka (Koyuki Kato) e os filhos do samurai assassinado. Certamente, estar ali com a família que ele acreditou ter destruído não foi uma sensação muito boa. Obviamente, a viúva odiava Nathan Algren também.

No entanto, à medida que Algren passa mais tempo com os samurais, ele começa a apreciar a cultura e a filosofia deles. Ele desenvolve uma conexão profunda com Katsumoto, e gradualmente se torna um defensor da causa dos samurais, lutando ao lado deles contra as forças imperiais. Não foi difícil ele começar a apreciar essa cultura, por uma série de motivos. Para começar, ele já não estava gostando muito da ideia de pegarem vários camponeses e forçarem a entrarem em batalhas. Muitos camponeses morreram graças a essa modernização forçada pelo governo. Sim, tudo é literalmente culpa dessa modernização forçada pelo governo e da imposição ocidental sobre o Japão. Claro, há uma figura que era a favor dessa imposição: Sr. Omura (Masato Harada), que muitas vezes aproveitava do imperador ser novinho demais e ainda meio covardão.

Mesmo o filme não sendo completamente fiel à história real, ainda assim é uma aula de como as pessoas conseguem ser racistas e xenofóbicas. Nós, ocidentais, muitas vezes mal conseguimos resolver os nossos problemas e mesmo assim queremos chamar os outros de bárbaros. Além disso, o filme nos mostra que a guerra não é essa coisa bonita que muitas vezes acreditávamos que era.

Os nossos próprios valores

Conforme Algren convive com os samurais, ele começa a questionar os próprios valores e se vê cada vez mais envolvido em sua luta. Ele desenvolve um profundo respeito pela cultura samurai e se torna um aliado relutante dos rebeldes. Ao longo do filme, Algren enfrenta um conflito interno entre a lealdade ao seu governo contratante e sua admiração pelos samurais, cujo modo de vida está ameaçado.

O filme culmina em batalhas épicas entre o exército imperial moderno e os samurais tradicionais, retratando a luta entre a tradição e a modernidade, bem como as complexas relações pessoais e os dilemas éticos enfrentados por Algren. O Último Samurai aborda temas como a busca por identidade, honra, respeito pela cultura alheia e a capacidade de mudança pessoal.

A história que inspirou o filme

Cena da batalha final em 'O Último Samurai' (2003) / Crédito: Reprodução/Warner Bros. Pictures
Cena da batalha final em ‘O Último Samurai’ (2003) / Crédito: Reprodução/Warner Bros. Pictures

Se você me pedir minhas revistas favoritas, irei demorar a lhe entregar outras respostas que não seja a Revista Aventuras na História. Tenho inúmeros exemplares da revista, e frequentemente acesso os conteúdos em seu site. Afinal, é uma das fontes sobre história que considero bastante confiável. Para falar o que inspirou o filme, poderei citar a reportagem: A história real por trás do filme ‘O Último Samurai’. Sobre a oposição:

Como uma importante figura de oposição à passagem para a Era Meiji, Katsumoto Moritsugu, o nobre samurai retratado no filme, é sim inspirado em um personagem real da história do Japão: Saigō Takamori.
Na vida real, Saigō inicialmente liderou as forças imperiais e venceu a Batalha de Toba-Fushimi, que durou por 4 longos dias, em janeiro de 1868. Então, em 1877, aliou-se às forças rebeldes e lutou no que hoje é conhecido como Rebelião de Satsuma, a última e a mais série das revoltas contra o novo governo.
Saigō, no caso, foi derrotado e morto na Batalha de Shiroyama — a derradeira batalha final da Rebelião de Satsuma —, que é a inspiração para a sequência de batalha estendida final em ‘O Último Samurai’.

A história real por trás do filme ‘O Último Samurai’

E o personagem de Tom Cruise, Nathan Algren? Ele existiu? Sobre seu personagem:

Já o personagem de Tom Cruise, por sua vez, embora possua uma história de vida muito mirabolante e fácil de se acreditar se tratar de uma ficção, também é inspirado em uma figura real. Porém, em vez de americano, ele era o oficial do exército francês Jules Brunet.
Em 1866, Brunet foi enviado ao Japão para treinar forças militares e, por fim, lutou na Guerra Boshin após recusar ordens de voltar para casa. Em contraposição ao personagem Nathan Algren, porém, ele não participara da Guerra Civil Americana e das Guerras Indígenas Americanas, mas sim da Segunda Guerra Franco-Mexicana, no lugar.
Além disso, outro ponto que o filme altera na retratação é que Brunet não teria ajudado Saigō a cometer ‘seppuku’ — forma de suicídio tradicional do Japão feudal —, e nem permaneceu no país ao lado da irmã do samurai.

A história real por trás do filme ‘O Último Samurai’

Ainda conforme a reportagem, embora possa se inspirar em eventos reais, o filme está desconectado da realidade histórica do Japão naquela época. Um excelente exemplo dessa disparidade é a maneira como as batalhas foram retratadas. A análise contemporânea indica que os samurais não se levantaram contra o novo governo por um senso de dever moral, mas sim para preservar seu modo de vida privilegiado, pois eram uma classe altamente respeitada.

É exagero supor que o Exército Imperial Japonês tinha que se preocupar com samurais que só usavam espadas. Embora eles tenham utilizado katanas tradicionais em batalha, é amplamente conhecido que armas de fogo foram utilizadas por ambos os lados durante a Rebelião de Satsuma, por exemplo. Contudo, acredito que os diretores de filmes (e autores de qualquer forma de mídia) tenham licença poética para tais alterações. Muitas obras apenas se inspiram em alguns casos reais, não se comprometendo em ser de teor biográfico ou histórico preciso. Você concorda com isso?

Obrigada por ler até aqui! Você sabia que o portal Meta Galáxia possui muitas resenhas e análises? As nossas últimas resenhas foram Resenha de Oppenheimer (2023), drama histórico protagonizado por Cillian MurphyResenha de Barbie (2023), filme protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling e Resenha: Compensou assistir Super Mario Bros O Filme (2023)?? Se procura por mais filmes legais, confira em nosso portal: Marte Um: ResenhaBroker – Uma Segunda Chance: Resenha e Crítica Duna 2021 – É bom e vale a pena assistir?? Além disso, você também podem ler a nossa matéria: Critérios – Como fazemos Críticas e Análises.

ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
O Último Samurai
Caroline Ishida Date
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resenha-de-o-ultimo-samurai-uma-trajetoria-sobre-honra-e-sacrificioO Último Samurai é uma obra cinematográfica envolvente e emocionante que cativa o espectador desde o início até o desfecho emocional. A impressionante atuação de Tom Cruise, aliada à meticulosa recriação da Era Meiji no Japão e às cenas de batalha visualmente impactantes, cria uma experiência cinematográfica rica e memorável. O filme não apenas explora a complexidade dos choques culturais e da transformação pessoal, mas também oferece uma perspectiva tocante sobre a busca pela honra, lealdade e identidade.

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