The Legend of Zelda: Os clássicos são realmente bons ou apenas nostálgicos?

Por melhores que sejam BOTW e TOTK, muitos fãs de Zelda sentem falta do estilo antigo de jogos. Eles estão apenas olhando para o passado através da nostalgia?

legend of zelda ocarina of time
The Legend of Zelda: Ocarina of Time (1998), um dos clássicos da franquia icônica

The Legend of Zelda: Os clássicos são realmente bons ou apenas nostálgicos?

Breath of the Wild (BOTW) marcou um ponto crucial na série Legend of Zelda, introduzindo uma abordagem revolucionária que a franquia não experimentava há bastante tempo. Desde sua estreia em 1986, Zelda sempre influenciou os jogos, mas apenas alguns títulos conseguiram ter o impacto significativo que BOTW alcançou. A chave fundamental para o sucesso do jogo foi a inovadora filosofia de jogabilidade “ao ar livre”, que rompeu com o estilo dos clássicos de The Legend of Zelda, cativando muitos fãs.

Essa mudança de paradigma se amplificou na sequência direta, Tears of the Kingdom, elevando ainda mais a experiência. No entanto, mesmo com a atração de novos entusiastas para a franquia, alguns fãs fervorosos de Zelda resistem à abordagem mais aberta, chegando ao ponto de negar a autenticidade de BOTW e sua sequência como verdadeiros jogos da série Zelda.

Eiji Aonuma, produtor envolvido desde Ocarina of Time, não compartilha dessa visão tradicionalista. Em uma entrevista ao IGN, Aonuma expressou a opinião de que os fãs que anseiam pelo estilo de jogo mais antigo estão desejando algo que já não reflete a realidade atual. Ele compara essa resistência à mudança com uma mentalidade de “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Embora reconheça a conexão profunda que os fãs têm com os jogos de sua juventude, Aonuma destaca que a nostalgia é apenas uma parte da equação. Ele argumenta que os fãs do Zelda tradicional sentem falta desses jogos por razões legítimas e que a evolução da série é essencial para mantê-la vibrante e relevante.

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The Legend Of Zelda - franquias famosas da Nintendo

O “Zelda tradicional” é muitas vezes considerado um gênero próprio dentro do universo dos jogos, comparável a categorias como Souls ou Rogue, sendo às vezes rotulado como “parecido com Zelda”. A apreciação dos jogos Zelda tradicionais por parte dos jogadores muitas vezes está vinculada à afinidade com o ciclo de jogo característico da série.

O ciclo de jogo clássico de Zelda era distintamente definido, envolvendo a jornada do jogador por um mapa do mundo superior até uma masmorra. Durante a exploração dessa masmorra, o jogador obtinha um item crucial, utilizado para desbloquear novas seções do mapa do mundo superior. Esse ciclo repetia-se, com variações ocasionais, formando uma fórmula simples que perdurou por décadas devido à sua eficácia. No entanto, BOTW e TOTK desviaram desse formato tradicional. Embora a preferência pelo estilo de jogo seja, em grande parte, uma escolha pessoal, os jogos tradicionais de Zelda oferecem vantagens reais em comparação com as abordagens mais recentes de mundo aberto.

Lançamentos principais da série The Legend Of Zelda

TítuloAno de LançamentoPlataforma
The Legend of Zelda1986NES, Famicom Disk System
The Adventure of Link1987NES, Famicom Disk System
A Link to the Past1991Super NES
Link’s Awakening1993Game Boy, Game Boy Color
Ocarina of Time1998Nintendo 64, GameCube
Majora’s Mask2000Nintendo 64, GameCube
Oracle of Seasons and Oracle of Ages2001Game Boy Color
Four Swords2002Game Boy Advance, DSiWare
The Wind Waker2002GameCube, Wii U
Four Swords Adventures2004GameCube
The Minish Cap2004Game Boy Advance
Twilight Princess2006Wii, GameCube
Phantom Hourglass2007Nintendo DS
Spirit Tracks2009Nintendo DS
Skyward Sword2011Wii
A Link Between Worlds2013Nintendo 3DS
Tri Force Heroes2015Nintendo 3DS
Breath of the Wild2017Nintendo Switch, Wii U
Tears of the Kingdom2023Nintendo Switch

A progressão linear proporciona uma maior sensação de realização

The Legend of Zelda Link's Awakening

Um dos elementos característicos dos jogos clássicos de Zelda, que muitos fãs sentem falta, é a sensação genuína de progressão que esses jogos proporcionavam. O ciclo de jogo tradicional de Zelda oferecia uma progressão linear que se desenrolava de maneira natural ao longo do tempo, sem parecer forçada. Essa abordagem permitia aos jogadores explorar o mundo superior, usando a exploração como um quebra-cabeça a ser resolvido com as ferramentas disponíveis.

Em contraste, BOTW e TOTK proporcionam aos jogadores as principais ferramentas de exploração logo no início do jogo, oferecendo uma liberdade inicial mais ampla. No entanto, esse método tem o custo de sacrificar a sensação de progresso contínuo. Embora TOTK permita que Link se fortaleça ao longo do jogo, esse crescimento está mais relacionado à obtenção de corações e resistência, descobrindo Koroks e adquirindo armas mais robustas. Os jogadores podem realizar todas essas atividades sem concluir uma única masmorra, o que diminui um pouco o peso da jornada de Link para salvar o povo de Hyrule. Em vez de ser um herói que cresce com experiências e lições, os jogos Link of the Wild assemelham-se mais a personagens de RPG que avançam de nível por meio de grind.

O enredo e a tradição são importantes nos videogames

The Legend of Zelda Link's Awakening

A introdução da abordagem de mundo aberto em Zelda trouxe consigo um desafio que recebeu críticas consideráveis, especialmente em relação a BOTW e TOTK. O método não linear de contar histórias foi apontado como um ponto fraco, comprometendo a integridade narrativa. Embora, isoladamente, a maioria dos fãs não tenha objeções ao enredo de TOTK, a abordagem não linear na qual os jogadores podiam vivenciar as cenas resultou na perda de grande parte da emoção esperada nos momentos mais impactantes do jogo.

Além disso, a filosofia aberta teve repercussões na rica tradição da franquia Zelda. Para além da clássica fórmula de jogo, o elo comum entre cada título sempre foi a narrativa abrangente de Hyrule. Mesmo quando os jogos se desenrolavam em períodos temporais distintos, permaneciam conectados pela mitologia estabelecida da série Zelda. Conceitos recorrentes como as Deusas Douradas e a Triforce tornaram-se elementos fundamentais, instigando os jogadores a se sentirem como arqueólogos ao explorar a tradição da série.

No entanto, não apenas esses conceitos estão ausentes em TOTK, mas outros aspectos da tradição, inclusive entre BOTW e TOTK, por vezes tornaram-se nebulosos. Um exemplo notável é a declaração recente do diretor da série, Hidemaro Fujibayashi, explicando que a Sheikah Tech, proeminente em BOTW, simplesmente desapareceu em TOTK. Embora a abertura para mudança e evolução seja uma virtude, negligenciar a grande tradição da série teve a infeliz consequência de fazer com que os jogos Link of the Wild parecessem desconectados do restante da franquia.

As vezes, menos é mais

Legend of Zelda

A tradição e os mitos que permeiam o universo de Zelda sempre conferiram à série uma grandiosidade avassaladora, mesmo quando o Reino de Hyrule e o próprio Link eram representados de maneira mais modesta. Contudo, nos jogos Wild, essa mitologia abrangente parece ter sido suplantada por um mundo físico expansivo para a exploração de Link. Como se, agora que Link tem acesso a explorar um mundo mais amplo, o mistério do desconhecido tenha perdido um pouco de sua presença marcante. A expansão do mundo aberto, uma das maiores proezas de BOTW e TOTK, não deixa de apresentar desafios.

Nenhum fã esquecerá a primeira vez que mergulhou nas Sky Islands para contemplar o vasto mundo aberto de Hyrule em TOTK. No entanto, à medida que a exploração se aprofundava, tornava-se mais evidente o vazio desse mundo. Muitos fãs observaram que ter um mundo menor, mas mais densamente preenchido, oferece maior incentivo para explorar cada pequeno recanto do jogo, agregando valor à repetição. A beleza de Majora’s Mask residia, em parte, na sua cidade principal, Termina, que, embora não fosse imensa, pulsava de vida e atividade, garantindo que os jogadores nunca ficassem sem ocupações naquele espaço limitado. O vasto mundo aberto de TOTK é verdadeiramente inspirador, mas também apresenta vastas áreas vazias que não proporcionam a mesma gratificação exploratória.

Os jogos The Legend of Zelda clássicos eram realmente bons?

The Legend of Zelda Ocarina of Time

Ao discutir qualquer forma de arte ou entretenimento, incluindo jogos, a avaliação objetiva pode ser desafiadora devido à variedade de fatores envolvidos. Os gostos são subjetivos, e o que faz um jogo ser considerado bom pode tornar outro menos apreciado, dada a diversidade do meio. Elementos que podem ser cruciais em um jogo, como a escolha estratégica de ataques, podem ser desastrosos em outro, como um shooter como Call of Duty, mas são fundamentais em RPGs baseados em turnos, como Dragon Quest ou Baldur’s Gate.

Embora o gosto pessoal sempre influencie as preferências, uma forma de quantificar a grandeza objetiva de um jogo é observar sua influência em jogos futuros. Nesse sentido, muitos clássicos de The Legend of Zelda são indiscutivelmente excelentes. O primeiro The Legend of Zelda para o NES, por exemplo, definiu o gênero de ação e aventura, enquanto A Link to the Past expandiu o conceito de rastreamento de masmorras, enigmas e, notavelmente, a narrativa. Ocarina of Time, mais tarde, redefiniu o padrão para jogos de ação, estabelecendo as bases para ação e exploração 3D que muitos jogos seguem até hoje. Esses jogos foram objetivamente marcantes no mundo dos videogames, impressionando os fãs de sua época pela originalidade e inovação.

A questão de se os jogos clássicos de Zelda ainda resistem hoje é uma consideração diferente. O impacto de The Legend of Zelda, principalmente se falamos de Ocarina of Time, levou suas maiores inovações a se tornarem padrões na indústria. Atualmente, muitos jogos adotam mecânicas de batalha lock-on inspiradas em Ocarina of Time ou exploram rastreamento de masmorras e quebra-cabeças à semelhança de A Link to the Past. Embora a série Zelda continue a evoluir, os novos jogadores podem se sentir desapontados ao revisitar os jogos mais antigos, pois muitas dessas inovações agora são familiares. No entanto, a popularidade persistente de jogos que emulam o estilo dos primeiros Zelda sugere que a franquia continua a inspirar novas experiências, mesmo enquanto se aventura por novos territórios.

Apesar de Eiji Aonuma estar correto ao apontar a visão nostálgica dos fãs em relação aos jogos mais antigos, essa nostalgia é fundamentada. Os jogos tradicionais de Zelda eram, objetivamente, excelentes, moldando o meio dos videogames. Mesmo que Aonuma e Fujibayashi continuem a inovar na série, os fundamentos sólidos dos jogos Zelda clássicos permanecem adorados porque, acima de tudo, são divertidos de jogar. Os princípios fundamentais do Zelda clássico são apreciados pelos fãs não apenas por nostalgia, mas porque esses princípios continuam a ser a base de uma experiência de jogo envolvente e cativante. A verdadeira paixão reside na busca por mais jogos que capturem essa magia atemporal no futuro.

Trailer oficial de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

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Austra Caroline
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