Resenha da HQ Creepy Apresenta: Bernie Wrightson
Entre os recentes Lançamentos da Editora Devir, podemos encontrar uma obra magnífica de terror, maravilhosa e ideal para combinar com o atual clima de Halloween: Creepy Apresenta: Bernie Wrightson! Dessa forma, nada melhor do que aproveitar esse combo para trazermos a resenha da HQ Creepy Apresenta: Bernie Wrightson! Do que se trata exatamente? Onde podemos adquirir? Saiba tudo aqui na resenha!
As histórias curtas com as artes do lendário Bernie Wrightson foram reunidas em um único volume! Creepy Apresenta: Bernie Wrightson é uma edição especial reúne o trabalho de Bernie Wrightson publicado anteriormente nas páginas de Creepy e Eerie, com a colaboração de grandes estrelas: Howard Chaykin, Nicola Cuti, Bill Dubay, Carmine Infantino, Bruce Jones, Budd Lewis e Walt Simonson.
Ficha técnica de Creepy Apresenta: Bernie Wrightson
Um dos mais recentes Lançamentos da Editora Devir
Data de lançamento: Outubro de 2022
Roteiro: Bernie Wrightson, Bruce Jones, Bill Dubay
Desenho: Bernie Wrightson com Carmine Infantino e Howard Chaykin
Tradução: Marquito Maia
Área de interesse: terror, fantasia sombria, quadrinhos, comics
Público: adulto
Adquira diretamente Amazon.com.br (clique aqui)
Capítulos:
- Introdução de Bruce Jones
- O Gato Preto, adaptação de Edgar Allan Poe
- Jenifer
- Clarice
- Presa Fácil
- Dick Veloz e o seu anel elétrico
- Uma Saga Marciana
- O Homem Sorridente
- O Monstro do Lago Pepper
- Ao Cair da Noite
- Ar Frio
- Reuben Youngblood: Detetive Particular
- Monstro do Lodo
- Galeria de Ilustrações e Frontispícios da Creepy e Eerie
O Gato Preto, adaptação de Edgar Allan Poe
O conto O Gato Preto de Bernie Wrightson é uma adaptação de um dos contos escritos pelo autor e poeta estadunidense Edgar Allan Poe. Originalmente, O Gato Preto de Edgar Allan Poe é uma narrativa triste e medonha, que se tornou ainda mais pavorosa ao ser desenhada por Bernie Wrightson.
Aqui, o protagonista é um homem casado. O casal possui um gatinho preto de estimação em sua casa. Contudo, em uma crise de loucura, o homem maltrata o próprio gato de estimação. Em algum tempo, o coitado do bichano se recupera dos maus tratos, mas é morto em novas crises de loucura. Mesmo o sujeito admitindo que nem gosta de gatos, adota outro extremamente parecido com o seu gato falecido. Dizer mais seria um grande spoiler para quem não conhece o conto original ou a HQ, mas posso dizer que o destino dessa família só piora com o tempo….
Jenifer
Inicialmente, você quase se sente lendo romance histórico O Corcunda de Notre Dame do escritor francês Victor ou assistindo suas respectivas adaptações cinematográficas. Em uma história de Bruce Jones e arte de Bernie Wrightson, Jim encontra e salva uma garota chamada Jenifer, prestes a ser morta no meio de uma floresta. Quando ele percebe, ela é completamente desfigurada, mas não se importou e levou para casa. Obviamente, com a justiça sabendo da existência dessa garota em seu lar. Você se sente em um aspecto parecido com O Corcunda de Notre Dame por todo o preconceito que ela sofre por ser muito estranha (mais que o coitado do Quasimodo).
A família de Jim? Nunca aprovou a estadia de Jenifer. Os filhos reclamavam que mal conseguiam comer enquanto olhavam para ela. A esposa ameaçava constantemente que iria embora com os filhos se Jim não desse um jeito na questão. Só que o Quasimodo era um rapaz legal e você repara que talvez a família de Jim estivesse certa desde sempre. Primeiro, Jenifer mata o gato. Certamente, toda a família de Jim vai embora e o larga para trás com a Jenifer. Bem na vibe: “você que caçou a encrenca, se vira aí”. E relaxa, pois só piora também!
O próprio Jim assume que muitas vezes parece estar sendo controlado por Jenifer. Constantemente, ela mata várias pessoas e abusa sexualmente de Jim, que ainda por cima vai embora com ela. Nada que ele faria normalmente. E só vai piorando…
Clarice
Em uma história mais calma de Bruce Jones e arte de Bernie Wrightson, possui características da literatura na época do Romantismo nos séculos XVIII e XIX. O eu-lírico, extremamente apaixonado, lamenta pela perda de sua ama Clarice. Clarice era sua felicidade e sua paixão. Contudo, não está mais aqui. Ele se sente extremamente culpado pela morte de sua amada, clamando pela oportunidade (nula) de ouvir sua amada dizendo que o perdoa..
Essa talvez seja uma das histórias mais calmas dessa HQ, ainda mais com os aspectos do Romantismo, mas com o mesmo tom sombrio e o macabro típico de Bruce Jones e Bernie Wrigtson!
Presa Fácil
A história de Bruce Jones com a arte de Bernie Wrightson e Carmine Infantino começa de uma maneira que muitos de nós poderíamos achar confuso. Sabemos que alguém planeja um assassinato, mas será que é quem nós pensamos? Afinal de contas, vemos uma dupla entrando no carro de um cara completamente desconhecido (e aquele aspecto clichê de mafioso ou qualquer coisa do gênero) porque precisam de carona para voltar para casa. Uma garota que parece ter uns 19 anos com um rapaz que parece ter 13 anos de idade, no máximo. Quem é a presa fácil? Diferente das outras histórias com um aspecto puxado principalmente ao terror, essa narrativa possui um aspecto mais puxado para a investigação policial – e é tão interessante quanto.
Dick Veloz e o seu Anel Elétrico
Com a narrativa de Bill Dubay e novamente com a arte de Bernie Wrightson e Carmine Infantino, Peter é um garoto com a saúde frágil e que parece viver acamado. O garoto fica sabendo de uma história de um anel elétrico que, como o nome indica, funciona com eletricidade. Só que tem algo a mais: o anel parece realizar todo e qualquer desejo de Dick Veloz. Dessa forma, por que não arrumar um jeito de ter um anel desses?
Muitas dessas histórias fantásticas são contadas por senhor Orquestra, que assumiu um papel paternal para o garoto, após perder os pais em um acidente. Ele promete sempre trazer novas aventuras do personagem ficcional Dick Veloz, assim como repetiu a mesma promessa a Peter. A grande questão é quando a fantasia verdadeira entra na vida de Peter. Falar mais que isso seria um spoiler dessa narrativa de fantasia sombria.
Uma Saga Marciana
Em uma narrativa de Nicola Cuti, aqui já estava impressionada com a variedade de temas dentro da mesma HQ – e todas voltadas para o terror e fantasia sombria. Já passeamos por obras que puxaram características do romantismo, investigação criminal e fantasia. Agora temos uma narrativa de terror com ficção científica. Literalmente, nosso protagonista está em Marte, enfrentando problemas severos por falta de recursos, assim como criaturas fortes que poderiam matá-lo a qualquer momento. Há uma esperança sutil quando ele conhece uma moça tão bela…
O Homem Sorridente
A história de Bruce Jones e com a arte de Bernie Wrightson começa em um aspecto que lembra os filmes de Velho Oeste, mas na África, especificamente entre o povo Mosbkei. Dr Carl Richards é um médico que sempre está prestando serviços a essa aldeia, sendo um dos poucos homens brancos que eles conhecem. Um dia, um estranho chamado Mark Tenner aparece. Inicialmente, ele estava em um estado deplorável, todo machucado e falando coisas sem sentido. A única coisa que conseguiu sustentar é que ele era sócio de Jeff Briggs. O médico cuidou dele, e na primeira oportunidade, ouviu sua história. Mark Tenner veio para a África, convencido por seu sócio, que estava à procura dos homens-macacos ‘wahki’, pois seriam “gorilas inteligentes que valeriam uma fortuna”.
Ao lado de Jenifer, é certo dizer que O Homem Sorridente é uma das maiores narrativas desse volume, assim como uma das mais bizarras. Me atrevo a dizer que Mark Tenner basicamente contou a história de “como eu enlouqueci”, graças ao Jeff Briggs ter inventado essa viagem, assim como os malignos ‘wahki’…
O Monstro do Lago Pepper
Finalmente, um conto completamente original de Bernie Wrightson! Summers é o protagonista dessa incrível narrativa, que você talvez possa lembrar-se vagamente dos filmes Os Piratas do Caribe com os problemas com o Kraken, ou então do Cthulhu, a entidade cósmica de H. P. Lovecraft. Se você gosta de narrativas similares, então gostará de O Monstro do Lago Pepper. Afinal, Summers precisará enfrentar uma criatura medonha que aflige a região…
Será que Summers conseguirá derrotar tal monstro? Além disso, será que ele conseguirá convencer alguém a ajudá-lo?
Ao Cair da Noite
Em uma narrativa de Bill Dubay e com a arte de Bernie Wrightson, aqui temos um garoto chamado Nemo, cuja família não acredita quando ele grita socorro. Ele vê monstros (especialmente lobisomens), mas apenas dizem que é sua imaginação pregando peças no escuro. E tem dois fatos que chegam a ser engraçados. Em primeiro que seu pai, muitas vezes, até verifica o quarto inteiro e não vê nada. Além disso, muitas vezes sua mãe também olha e só vê roupas espalhadas pelo quarto. O segundo ponto é que um dos monstros frequentes tem até nome: Igor.
Ar Frio
Acho que seria difícil para Bernie Wrightson não fazer a arte de uma história de H. P. Lovecraft! Sim, temos uma narrativa do famoso autor de terror nesse volume. A narrativa se passa na primavera de 1923. O protagonista conseguiu um emprego monótono em uma revista de Nova Iorque, e para ficar próximo ao trabalho, foi morar em um prédio barato, mas sem saber que aconteceria algo bizarro.
Para começar, tinha apartamentos nos andares de cima, e mesmo assim apareceu uma goteira no apartamento do protagonista – e com amônia escorrendo. Ele levou em pouca consideração por um tempo, até que precisou ficar mais tempo em casa por problemas de saúde. Quando resolveu ir ao apartamento de cima, de Dr Muños, ele simplesmente desmaiou por lá mesmo. Quando ele acordou, estava deitado no sofá de seu vizinho, e tal fato colaborou com que se iniciasse uma estranha amizade: Dr Muños também estava com sérios problemas de saúde, mas sabia de tratamentos eficientes para ambos…
Reuben Youngblood: Detetive Particular
O penúltimo conto conta com roteiro de Budd Lewis e arte de Bernie Wrightson e Howard Chaykin. Em 1932, já tinha se passado três anos desde que um abismo se abriu sob os pés da nação em Wall Street. Wall Street mal superou a sua falência, mas agora está em um estado de choque também. Além disso, uma nova facção política alemã estava reprimindo os comunistas na pátria-mãe. E o detetive ainda fazendo parte de uma empresa em dificuldades…
Então, o detetive Reuben Youngblood recebeu uma correspondência especial da Alemanha, para agitar ainda mais sua vida. Sim, aqui vamos acompanhá-lo enquanto ele lida com nada menos que o nazismo! Se você gosta de tramas de investigação e tramas policiais, então temos mais uma história que irá lhe agradar!
Monstro do Lodo
Finalmente, mais um conto completamente original de Bernie Wrightson, para fechar essa HQ com chave de ouro! Acredito que essa narrativa possa ter tido uma leve inspiração no romance de terror gótico Frankenstein ou o Prometeu Moderno, considerado o primeiro livro de ficção científica e pertencendo à autora britânica Mary Shelley. Sensação parecida: cientistas criando uma nova forma humana, mas que se torna em um estranho monstro, jogado ao esquecimento e À solidão…
E assim como Frankenstein, é uma verdadeira obra prima, mas agora criada por Bernie Wrightson e sendo a única história desse volume que teve ilustrações coloridas.
Sobre Bernie Wrightson
Bernie Wrightson é lendário por sua arte em quadrinhos de terror. Como co-criador de Monstro do Pântano, ele fez sua estreia profissional na história “O Homem que Se Assassinou”, publicada em House of Mystery #179 pela DC Comics. Wrightson continuou trabalhando para a DC em quadrinhos de terror até a publicação de Swamp Thing #10. Ted Wrightson deixou a DC Comics para trabalhar na Warren Publishing em 1974 para trabalhos de desenho para as revistas Eerie e Creepy. Wrightson produziu as imagens para Frankenstein, um romance escrito por Mary Shelley e lançado em 1983, que foram feitas em preto e branco.
Além dos quadrinhos, Wrightson desenhou as capas de muitos outros projetos. Os livros de Stephen King são famosos como artista conceitual de vários filmes, incluindo The Mist e Ghostbusters.
Infelizmente, Bernie Wrightson faleceu no dia 18 de março de 2017, aos 68 anos de idade.
Sobre a Creepy
O horror americano Creepy da Warren Publishing foi impresso em formato de revista em preto e branco como Mad. Sua publicação era feita a cada quatro meses em 1964, depois dois meses, quatro meses depois. A Dark Horse coletou conteúdo antigo em um livro encadernado do Creepy Archives em 2008.
O primeiro volume da versão brasileira de Creepy – Classical Tales of Terror recebeu o Troféu HQ Mix de Melhor Publicação Mix em 2013. O volume foi publicado pela Devir, que lançou quatro volumes sob este título.
Em conclusão, essa é a nossa resenha de Creepy Apresenta: Bernie Wrightson! Nossos agradecimentos para a Editora Devir pela cópia de impressa!
Para maiores informações sobre os lançamentos, acesse o portal oficial da Editora: Devir. Você também poderá acompanhar as redes sociais: Devir Brasil | Facebook; Devir Brasil (@DevirBrasil) / Twitter; Devir Brasil (@devirbrasil) Instagram.