Resenha da 2ª temporada de Tokyo Vice, a série da HBO que deveria construir um bom drama criminal

Tokyo Vice

Resenha da 2ª temporada de Tokyo Vice, a série da HBO que deveria construir um bom drama criminal

A 2ª temporada de Tokyo Vice promete mergulhar os espectadores em uma narrativa ainda mais intensa e intrincada, expandindo os horizontes da jornada de Jake Adelstein pelo submundo japonês. Após uma estreia sensacional durante a 1ª temporada, que nos apresentou ao universo sombrio da máfia de Tóquio, a série retorna para explorar novos desafios. Com um elenco estelar, a trama teve as suas reviravoltas, mas esta nova temporada não foi tão icônica quanto a primeira. Não, não foi apenas por ter se distanciado muito do livro de origem, mas vários outros problemas de enredo. Como já estamos na segunda temporada, também não me conterei nos spoilers!

Ok, confesso, estou em minha dualidade se Tokyo Vice continuará como uma das minhas produções favoritas da atualidade graças a minha preguiça das decisões idiotas do protagonista. Tentarei esclarecer essa questão na resenha.

Enredo da 2ª temporada de Tokyo Vice

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A narrativa continua mostrando o trabalho de Jake Adelstein no final da déada de 1990, trazido à vida por Ansel Elgort, ao integrar a equipe de um influente jornal nacional sediado em Tóquio, onde assume o desafiador papel de repórter policial. Além disso, Adelstein permanece com algumas boas amizades, como o veterano detetive Hiroto Katagiri (Ken Watanabe). É através dessa aliança que Adelstein se lança em uma busca incansável por um chefão da máfia: Shinzo Tozawa. Por sinal, é mais fácil falarmos que Shinzo Tozawa virou uma espécie de obsessão do jornalista.

Teoricamente, Adelstein deveria cobrir os casos policiais, mergulhando em um mundo repleto de mistérios e perigos. À medida que Adelstein se aprofunda em sua investigação, eis o problema: sua obsessão. Ele chega ao ponto de tomar altas medidas imprudentes apenas para “deter Tozawa”. Ai você fica meio ué? Ele trabalha como jornalista investigativo ou ele é da polícia, para querer fazer o que ele faz na série? Para começar, na série já mostra Jake cuidando de vários casos importantes, sendo que ele seria apenas um jornalista iniciante. No livro, é completamente diferente isto – na história real, ele leva alguns anos para finalmente trabalhar em Tóquio e pegar casos mais importantes.

Contextualizando melhor a questão toda: a série se baseou muito fortemente na parte III do livro Tóquio proibida: Uma viagem perigosa pelo submundo japonês, principalmente no capítulo O Império Do Tráfico de Pessoas. Depois de anos e anos trabalhando como jornalista. Pense bem. Os jornais mais importantes de Tokyo empregariam tão facilmente um jornalista estrangeiro sem nenhuma experiência? Na real, o jornalista Jake Adelstein investigou indiretamente os mafiosos japoneses por muito tempo enquanto trabalhava no jornal de outra cidade, e só depois de anos de experiência que foi para um jornal de Tokyo.

Tokyo Vice captura apenas a essência fundamental do livro e a utiliza para tecer uma narrativa praticamente distinta. Desde o início, o criador do programa, J.T. Rogers, foi transparente sobre essa abordagem, admitindo que não se trata de uma biografia ou documentário, mas sim de uma ficção inspirada em eventos reais. Apesar de se desviar do material original, Jake Adelstein, o próprio autor do livro, endossou as liberdades criativas da série ao atuar como produtor executivo. O problema é que não gostei de certas liberdades criativas. Um Jake muito mais imprudente, ainda por cima saindo com a amante de seu “inimigo” Shinzo Tozawa. A amante é uma modelo bonita, ok, mas fica parecendo que o ódio de Jake direcionado a Tozawa é graças a uma mulher e não pelas atitudes criminosas do mesmo.

Por que Ozaki destruiu a fita Yoshino?

Bom. Há ainda muitas outras coisas que aconteceram nesta temporada – algumas positivas. Lembram-se do desaparecimento de Polina (que se baseou no real tráfico de pessoas e que teria sido um dos maiores motivos do autor ter escrito o livro e ter tido raiva da máfia)? Havia um vídeo mostrando o seu assassinato. Foi uma das coisas mais importantes desta temporada. Entretanto, problemas vários problemas chegam junto às aparentes soluções, não é mesmo?

Na 2ª temporada de Tokyo Vice, uma das questões mais intrigantes foi a identidade da pessoa responsável por destruir a fita de Yoshino, crucial para incriminar Tozawa e o vice-ministro Shigematsu. Inicialmente, Eimi acusou seu chefe, Baku, de iniciar o incêndio no escritório de Meicho que acabou com a fita no episódio 9, mas mais tarde foi revelado que Ozaki, executivo da Meicho, foi o verdadeiro responsável. Isso ocorreu logo após Ozaki elogiar Eimi por descobrir evidências, por meio de Jake e Katagiri, que poderiam ser usadas contra Shigematsu.

Ozaki, embora não fosse um personagem proeminente na série, explicou a Eimi, atordoada, que destruiu a fita para evitar que a Meicho fosse “congelada” pelo governo, já que publicar uma história tão explosiva teria esse efeito. Ele também revelou que os documentos descobertos, mostrando pagamentos a Tozawa, seriam suficientes para forçar Shigematsu a desistir de sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro. Essa revelação fez com que Eimi repensasse se aceitaria ou não uma promoção em uma organização tão corrupta em seu escalão mais alto.

Por que Kazuko Tozawa enviou a fita de Yoshino para Jake

Na conclusão da 1ª temporada de Tokyo Vice, Jake se depara com a fita de Yoshino deixada em sua porta, desencadeando uma série de eventos na 2ª temporada. Contudo, a identidade da pessoa por trás desse gesto permaneceu envolta em mistério até que Kazuko Tozawa finalmente revelou que tudo fazia parte de seu plano meticuloso desde o início.

Expressando sua decepção pela falta de eficácia de Jake ao usar a fita e publicar um artigo no Meicho, como ela originalmente pretendia, Kazuko revelou suas esperanças de que a divulgação da fita teria colocado seu marido em uma posição vulnerável, potencialmente evitando sua trágica morte no desfecho da 2ª temporada. Além disso, ela lançou uma sutil ameaça a Jake, insinuando que não esquecerá seu fracasso em seguir seu plano, possivelmente semeando as sementes para conflitos futuros em uma hipotética terceira temporada de Tokyo Vice. Essa revelação acrescenta camadas adicionais à intriga e ao drama, deixando o destino de Jake e o potencial conflito com Kazuko pendentes para futuras reviravoltas na trama.

A morte de Tozawa marca a 2ª temporada de Tokyo Vice

Tozawa foi, de fato, instruído por todos os gumi da yakuza a executar a única ação que poderia, de alguma forma, redimir sua traição extrema como informante do FBI. Em seus momentos derradeiros, ele tentou justificar sua traição argumentando que estava estabelecendo uma dinâmica vantajosa não apenas para si, mas para todos os clãs da Yakuza. No entanto, sua racionalização é brutalmente confrontada quando Kazuko surge e lhe entrega uma lâmina, evidenciando quão desonrosas foram suas ações e quão irrecuperável sua reputação se tornou.

Os membros de alto escalão da yakuza não hesitam em enfatizar a falta de honra de Tozawa, mas é no momento em que ele recebe a ordem de tirar a própria vida em resposta à sua traição e engano que uma centelha de honra é revelada. Apesar de suas ações condenáveis, a disposição de obedecer às ordens finais daqueles a quem traiu sugere que, afinal, ele ainda carregava consigo algum vestígio de honra.

Jake esgotou a fonte do FBI da Trendy, Jason

Em muitos aspectos, Jake se mostrou tão implacável quanto Tozawa em suas tentativas de detê-lo, motivado em parte por seus sentimentos por Misaki, mas principalmente pelo seu instinto como jornalista investigativo. No entanto, suas ações acabaram por colocar as únicas duas pessoas próximas a ele em Meicho em situações extremamente difíceis. Tin Tin sobrevive ao atentado contra sua vida, mas suas primeiras palavras ao recuperar a consciência são, de maneira meio brincalhona, um lembrete a Jake sobre o quão ruim ele é como amigo. Esse ponto é reforçado por Trendy, devastado pelo fato de seu amigo do FBI e interesse romântico, Jason, estar enfrentando possíveis consequências legais devido à denúncia de Jake sobre ele como fonte.

Jake explica que essa foi a única maneira de expor a história de Tozawa junto com Lynn Oberfeld, o que é verdade, mas, como resultado, ele perde a amizade de Trendy. Essas situações ressaltam os dilemas morais e as consequências pessoais que Jake enfrenta em sua busca pela verdade e justiça, destacando os sacrifícios inevitáveis que ele e aqueles ao seu redor são obrigados a fazer em nome da integridade jornalística.

O que acontece com Samantha, Sato e Jake no final da 2ª temporada de Tokyo Vice

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No final da 2ª temporada de Tokyo Vice, Sato é empossado como o novo líder do Chihara-Kai, representando o melhor desfecho possível para a yakuza que foi banida do clã por Hayama no episódio 7. Esse evento também completa um ciclo, já que Sato pode agora utilizar as preciosas informações imobiliárias que planejava oferecer a Ishida no episódio 5, garantindo um pagamento substancial de Kazuko.

Parece que Samantha, por sua vez, finalmente terá a oportunidade de devolver o dinheiro que roubou no início da série. Quanto a Jake, ele já está em busca da próxima grande história, demonstrando que sua ética de trabalho obsessiva permaneceu inabalável até o final da segunda temporada de Tokyo Vice. Esses desdobramentos ressaltam as complexas interconexões entre os personagens e suas trajetórias individuais.

O Final

A cena final da 2ª temporada de Tokyo Vice gira em torno de Katagiri, que tenta meditar e limpar sua mente de quaisquer pensamentos intrusivos por dez segundos. A princípio, parece que a confirmação da morte de Tozawa finalmente permitirá a Katagiri alguma paz interior, mas ele quebra sua concentração no meio da meditação, indicando que ele, assim como Jake, carrega uma ética de trabalho obsessiva semelhante. Este momento simboliza a persistência do conflito interno que permeia os personagens principais da série.

Apesar de tudo parecer se encaixar no final da 2ª temporada de Tokyo Vice, sugerindo um senso abrangente de conclusão, os planos de Jake de fugir para uma aventura romântica com Misaki são frustrados quando ela revela que deseja uma vida mais tranquila. No entanto, Jake parece não ficar muito perturbado com a decisão dela.

A breve cena em que Jake e Samantha compartilham um momento reflexivo no desfecho da temporada resume habilmente seus verdadeiros personagens e destaca seu forte contraste com os outros personagens da série. Enquanto Sato, Katagiri, Tozawa, Eimi e até Trendy e Tin Tin estão imersos na realidade sombria de Tóquio da qual não estão tentando escapar, Samantha e Jake buscam emoção, aventura e uma fuga de seus passados. Isso é um elemento-chave de suas perspectivas ao longo da série. Ambos os personagens estão em constante busca, inserindo-se em assuntos sérios e, às vezes, aproveitando-se de outros para atingir seus objetivos. A risada final de Katagiri sugere que ele compartilha dessa busca por uma vida emocionante e cheia de propósito em Tokyo Vice, revelando que, apesar das diferenças superficiais, eles compartilham uma essência similar de desejo por significado e realização em um mundo complexo e implacável.

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
2ª temporada de Tokyo Vice
Caroline Ishida Date
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resenha-da-2a-temporada-de-tokyo-vice-a-serie-da-hbo-que-deveria-construir-um-bom-drama-criminalA 2ª temporada de Tokyo Vice promete mergulhar os espectadores em uma narrativa ainda mais intensa e intrincada, expandindo os horizontes da jornada de Jake Adelstein pelo submundo japonês. Contudo, falha em permanecer na mesma qualidade da 1ª temporada.

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