O Legado de Júpiter (HQ) – Resenha

Legado de Júpiter é uma HQ ímpar sobre heroísmo e legado. Millar e Quitely entregam um clássico moderno do mundo dos super-heróis.

“Era um tempo mais simples para os super-heróis. Uma época em que, apesar das dificuldades, era fácil distinguir o objetivo principal dos heróis: o bem da comunidade. Hoje, o mundo mudou, novas crises o ameaçam e superseres diferentes cuidam dele. Entretanto, certos valores são difíceis de morrer…”

O Legado de Júpiter  (Jupiter’s Legacy) é uma série em quadrinhos roteirizada por Mark Millar (Supremos , Kick-Ass) e desenhada magistralmente por Frank Quitely (Grandes Astros Superman). O Legado de Júpiter contou com um total de 10 edições, que foram lançados em dois livros, cada qual compilando 5 edições. Lá fora a série saiu pelo selo próprio de Millar, o “MillarWorld“. Aqui no Brasil, as duas edições foram publicadas pela editora Panini Comics.

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O Legado de Júpiter temos a história de duas gerações de superseres, e como o legado de uma de uma para outra influenciou não só eles, mas também o mundo que os cerca. Começamos a história acompanhando a primeira geração de heróis que é situada em 1932, bem em meio a grande depressão americana. Com o país caindo aos pedaços, Sheldon Sampson diz estar tendo sonhos /visões sobre uma ilha, que está lhe enviando um chamado. Inquieto ele resolve reunir alguns amigos e seu irmão Walter, para partir em uma expedição até a ilha. Sheldon afirma que eles receberão algo que fará deles seres extraordinários e assim conseguirão solucionar a crise americana. E o resultado dessa jornada é exatamente esse: eles ganham poderes e assim acabam por inaugurar a era de ouro dos super-heróis mudando para sempre a história do mundo.

Após esse prólogo, vamos para 2013 onde vemos esses heróis mais velhos, eles se casaram e constituíram família. E esse talvez seja o grande ponto da obra: falar sobre o legado de uma geração para outra. Uma vez que, essa nova geração não tem a mesma visão de mundo de seus pais. Eles não escolheram ser super-heróis, pois eles já nasceram em meio a todo esse cenário. Os valores e ideais para essa geração são muito diferentes da era de ouro. Mas não só eles, o mundo em si como um todo também está mudado. São épocas muito distintas e traçar esse paralelo entre os antigos valores e modo de vida com os padrões mais modernos, faz de o Legado de Júpiter uma baita HQ.

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E com o passar de alguns acontecimentos e algumas maquinações, acaba acontecendo o inevitável: um confronto de ideais entre as gerações. Os resultado disso acaba por redefinir o status quo dos heróis e do restante do mundo. As pessoas ganham uma nova visão e fôlego acerca dos superseres, já que, essa nova restauração traz consigo esperança, uma vez que eles irão intervir em assuntos mais espinhosos como por exemplo a política. Porém por outro lado, começa a aparecer o medo e desconfiança, uma vez que os ideais do heroísmo clássico podem estar se perdendo.

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Millar trabalha muito bem  esse embate de valores entre as duas gerações. Com um narrativa ágil, porém certeira, o autor consegue desenvolver muito bem a trama, sem deixá-la arrastada ou rasa demais. Ele também não poupa cenas de impacto, regradas a violência, sangue e drogas. Porém, essas coisas são bem utilizadas dentro do contexto da obra e não soam gratuitas, como vemos muitas outras por aí, cenas que só estão lá para chocar mas sem significado algum. Os diálogos são bem pontuais, pois apesar de ter diversos personagens em cena, as conversas vão preenchendo várias entrelinhas no decorrer da narrativa de o Legado de Júpiter. Ou seja, ele não para toda a trama pra voltar a um flahsback e assim perder o ritmo. Isso é um grande trunfo de Millar. E diversos pontos de discussão são levantados, como: até onde os heróis podem interferir? O que significa ser um herói? Isso faz de o Legado de Júpiter muito mais do que uma simples história de super-heróis.

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E o que falar da arte de Frank Quitely? O cara simplesmente destrói. Ao pesquisar um pouco sobre o Legado de Júpiter, nota-se que ocorreram alguns atrasos quanto as prazos de entrega das edições lá fora. O motivo disso foi que Quitely estava tão empenhado em na sua arte que demorou um pouco na conclusão do trabalho. Mas sem dúvida alguma, a espera valeu muito à pena. A arte dele é muito detalhada, percebe-se todo o esforço e minúcia em tudo que compõe o visual da HQ. Os olhos, cabelos, roupas e expressões. Destaque também para as cenas de luta e explosões, onde podemos ver os detalhes dos destroços, e com isso sentir o impacto que a obra tenta nos passar.

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O Legado De Júpiter pode não ser o quadrinho mais inovador do mundo, mas apresenta ideias muito bem consolidadas e sabe explorar o potencial do mundo dos super-heróis. Com uma abordagem mais séria e crua em alguns momentos, Millar leva a alguns questionamentos importantes do que representa um legado e a questão dos poderes e responsabilidades. Apesar de ter esse tom mais sério, ainda é um baita quadrinho de herói, que conta com batalhas sensacionais e momentos pra lá de empolgantes. Uma história que agrada tanto quem curte o gênero de heróis quanto os não tão familiarizados assim. Um dos melhores trabalhos de Millar, e como já dissemos, a arte de Quitely é um espetáculo. Ao término da leitura, você ficará pensativo e vai bater uma vontade de fazer uma nova leitura.

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Só mais dois adendos: primeiro, a Netflix vai lançar em 2020 uma série adaptando o Legado de Júpiter, uma vez que a gigante do streaming adquiriu os direitos da Millar World em 2017. Então, fiquem de olho porque ano que vem promete, porque além dessa teremos a segunda temporada de The Boys. E segundo, Millar lançou uma série prequel explorando a antiga geração de heróis, intitulada de “O Círculo de Júpiter”. Em breve pintar resenha dela por aqui no Meta Galáxia. Para mais resenhas de quadrinhos, clique aqui! Até a próxima e grande abraço.

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
O Legado de Júpiter (HQ) - Resenha
André Betioli
Contador formado e atuante de profissão. Grande fã da cultura pop em geral. Amante da cinema, quadrinhos e animes, e através disso tentando entender um pouco mais da realidade através da ficção. Considero Os Cavaleiros do Zodíaco a melhor coisa já feita pela humanidade.
o-legado-de-jupiter-hq-resenhaO Legado de Júpiter é uma obra ímpar sobre heroísmo e legado. Millar e Quitely nos entregam um clássico moderno do mundo dos super-heróis com uma visão mais realista e crua., mas sempre perder a esperança. Leitura indispensável.

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