Arco de Wano – O Encerramento de um Grande Ciclo | Análise

O Novo Mundo de One Piece veio carregado de promessas. Desde Thriller Bark ouvíamos falar sobre o quão forte eram os Yonkou. Kaidou havia traumatizado Gecko Moria de uma forma nunca vista. Wano foi mencionado pela primeira vez por lá também. Em seguida, vimos Barba Branca em ação e, mesmo no fim de suas forças, o estrago que ele foi capaz de causar. O Novo Mundo veio e a expectativa em cima dos Yonkou só crescia. Em Punk Hazard o plano inicial: Derrubar Doflamingo para prejudicar e derrubar Kaidou. Após muita coisa, finalmente chegamos no tão esperado Arco de Wano. Não contra um Yonkou, mas simplesmente dois deles!

Será que o aguardado Arco de Wano atingiu expectativas e compensou todo a atenção que recebeu durante praticamente todo Novo Mundo da história? Vamos a análise.

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Antes de mais nada…

Farei análise de três coisas neste post: O primeiro objeto de análise serão os capítulos 878 ao 1057 do mangá, que compõem os Arcos do Riverie e todo Arco de Wano. O segundo será o anime que, apesar de ainda não ter acabado, já está em sua reta final e possui algumas coisas que podem ser pontuadas. E, por último, analisarei se Wano atingiu todas as expectativas no âmbito geral do anime, devido a ser considerado o grande ápice de tudo que foi construído sobre o Novo Mundo, como mencionei na introdução.

Você pode acompanhar todas as análises de capítulos feitos até hoje aqui. Por último, mas não menos importante: este texto ficará gigantesco e terá muito spoiler. Agora sim, finalmente vamos às análises.

Arco de Riverie e Wano

Após Whole Cake, em que Oda conseguiu equilibrar muito bem os personagens e as lutas, temos um pouco do mundo de One Piece com o Riverie, que já era mencionado desde a Ilha dos Tritões, mostrando um bom trabalho de construção de mundo pelo autor. Com o mundo em uma espécie de corda bamba após as ações de Luffy e Doflamingo em Dressrosa, muito poderia acontecer. Era a oportunidade perfeita também para os revolucionários agirem. Temos de tudo um pouco neste pequeno arco. A reunião de personagens antigos, como Vivi, Rebeca e Shirahoshi – que demonstram de forma escancarada como se trata das mesmas personagens com diferentes cores de cabelo.

Mas também há algumas introduções interessante, como a de Im-sama, alguém que senta no trono vazio e que governa nada mais, nada menos que o mundo. Na mesma cena, também vemos uma suposta intenção de atacar Vivi, Shirahoshi, Luffy e Barba Negra. Qual a conexão entre esses quatro? São mistérios que ainda estão no ar. Todavia, uma introdução de alguém desse patamar nessa altura do campeonato é bastante arriscada e, baseado no tamanho de One Piece, pode ser um tiro no pé. Não posso criticar ou elogiar sem saber ainda qual será o papel do (a) personagem no futuro, mas fica o registro. Em resumo, é um arco que introduz muitos mistérios e não responde nenhum, apesar de não possuir uma conclusão, é eficiente em apresentar suas pretensões.

Arco de Wano

Oda trabalhou a queda de Kaidou como um ponto de virada para a história de One Piece, de forma semelhante a morte de Barba Branca. Para isso, era necessário que esta batalha fosse um grande evento, assim como Marineford. Para isso, foi reunido o pessoal de Zou, de Wano, o bando de Luffy, Law e Kid. Uma grande quantidade de pessoas em um único país, uma guerra colossal e… demorada. Vamos por partes.

Tudo começa com a entrada no país, o bando se separa e se prepara para o momento da batalha. Estas cenas de preparação e disfarce são bem usadas para apresentação da dinâmica do país. Não foge muito do que é feito em outros arcos do anime. Vemos algumas dinâmicas interessantes, mais dos bainhas e o primeiro confronto entre Luffy e Kaidou, com a completa derrota do protagonista. Este é o fim do primeiro ato, muito bem feito e encerrado, não só criando um hype interessante no vilão, mas apresentado o país tudo que acompanharíamos dali em diante.

O segundo ato

No segundo ato do arco vemos uma nova preparação e organização. Luffy preso, Kid, Zoro com Enma e, principalmente, a história de Roger e Oden. Toda conexão feita entre presente e passado é boa, ainda que o treinamento de Luffy soe bastante “simples” para alguém que precisava sair de um hit kill para derrotar Kaidou. Não é aquele treinamento que nos faz sentir uma verdadeira evolução que justifique tirar a diferença de poder que existiu entre eles na primeira batalha. Era um arco importante para que Oda estabelecesse melhor o papel dos Haki’s na obra, algo que ele fez bem em Whole Cake com o Haki da Observação. Todavia, não foi tão bem trabalhado em Wano nem mesmo o Haki do Rei e nem o do Armamento, que era o foco inicial.

Os demais personagem possuem pouco espaço. Zoro fica passeando por aí e tem seus momentos, até mesmo para encontrar Enma. De resto, os Mugiwaras ficam um pouco isolados e sem propósito, algo que se estende ao resto do arco. Esse problema, aliás, vem desde Dressrosa, com o bando tendo cada vez menos espaço na obra e tendo pouca ou nenhuma influência no plot central do arco. Oda até inventa um ou outro plot secundário para que algum deles resolva, mas assim como seu início é bem focado, o final também. Ou seja, a praga de Queen, que Chooper cura, por exemplo, não interfere em nenhuma luta relevante ou personagem importante. Só gasta quadros, começa e termina sem nenhum impacto.

Falta de consequência

Já que entrei no terceiro ato, vou entrar num detalhe importante que á a falta de consequências. Tanto para os vilões, quanto para os mocinhos. É uma guerra e temos milhares de personagens batalhando, e algumas dezenas deles com nome e algum “papel”. Todos que possuem o mínimo de relevância não morrem. “Ah, mas o Izou…” Cá entre nós que, no mínimo, metade dos Bainhas era para morrer já na luta contra Kaidou. Um dos Minks, ao menos, deveria ter ido pra vala. Sem estas mortes, temos vários momentos desnecessários, onde é trabalhado uma possível morte que não se concretiza. Engana o leitor e possui zero consequência, tornando o arco muito inchado e descredibilizando qualquer tentativa do autor. Quantas vezes Kienmon “morreu”? Ou Kanjuro?

Tal problema, além de prejudicar o drama de Oda, que já perdeu a credibilidade com mortes desde Alabasta, ainda diminui o papel dos vilões. Que ameaça sentimos de Kaidou que não matou um Bainha sequer? Os tão falados Tobiroppos que não serviram de nada? A própria Big Mom, pra variar, continua sendo uma piada terrível. O máximo de “crueldade” que sentimos no arco parte de Queen e sua praga, que realmente mata alguns randons, além de seus próprios companheiros. Mas é muito pouco pra ameaça de dois Yonkou. Wano deveria significar o auge de força e ameaça que nossos protagonistas enfrentaram até aqui, mas não sentimentos nada disso em momento algum.

Sanji, Zoro e os Mugiwaras

É até irônico dizer isso, mas no arco dos samurais, Oda fez um trabalho melhor com Sanji do que com Zoro. A coisa fica mais estranha ainda, quando percebemos que tivemos todo um arco focado no Perna Negra e isso não ocorreu. Por mais que tenha virado piada a cena de Sanji pedindo socorro para Robin, ela serviu de duas coisas. Primeiro de tudo, mostrar que Sanji não bater em mulheres não é uma fraqueza, pois ele tem companheiros que podem fazer isso por ele. Tal situação demonstra um personagem que não é tão orgulhoso. Em segundo, mostra que ele confia em seus companheiros, pois mesmo sabendo que era uma armadilha, ele não temeu atrair Robin.

Este momento específico do arco deu algo que eu reclamei agora pouco que era a atenção para os Mugiwaras. Além de uma ótima interação entre eles, demonstra companheirismo e unidade entre um grupo que viaja junto para tornar Luffy o Rei dos Piratas. Vemos isso quando Sanji se questiona se ele deve ser o monstro que Luffy precisa mesmo que isso signifique bater em uma mulher. Todo drama do personagem sobre si mesmo, a cena em que ele chama Robin e o pedido de que Zoro o derrote caso ele perca o controle, são desenvolvimentos infinitamente superiores aos trabalhados em Whole Cake. Apesar de não ter tido um papel tão relevante na guerra, Sanji é, sem duvidas, o MVP do arco em desenvolvimento.

Zoro desperdiçado, mais uma vez

Não vou analisar feitos de luta, até porque isso não entra como desenvolvimento de personagem. Então fanboy, entenda que essa crítica é totalmente relacionada ao roteiro. Zoro carregava certa expetativa da fandon. Após um arco inteiro destinado a Sanji, todos esperavam que Wano fosse o momento do Zorão ter sua história contada. Oda até nos dá alguma esperança, Zoro faz amizades pelo país, parece se importar com a morte dos personagens e com a miséria em que eles vivem. É muito difícil ver o espadachim lutando por se importar e não por simplesmente estar obedecendo ordens do Luffy ou querendo testar sua força.

Mas, quando chegamos ao clímax da história, todo suposto desenvolvimento de Zoro é deixado pra lá e ele volta a ser uma porta que obedece ordens e quer testar sua força. É bastante frustrante, por mais que ele seja o combatente do bando, ver um personagem desse calibre ser tão pouco desenvolvido. Parece que Oda confunde tempo de tela com profundidade. Zoro só se questiona em um momento, quando duvida de… sua força! É tudo relacionado a força, lutas e espadas. O personagem não questiona suas origens, não se apega ao país e não demonstra emoções pela causa. Para piorar, Oda dá um leve indício de descendentes do personagem, indicando que ele tem raízes em Wano, mas isso não serve pra nada no fim das contas.

Nami, Usopp, Franky e Brook

Seguindo no bando vamos ao ponto neutro. Franky teve um papel legal, enfrentou um Tobiroppo, arrumou a frota para ir pra guerra. Enfim, é o mesmo papel que Franky sempre cumpre nos arcos. Ele nunca foi de ficar no centro dos acontecimentos nem mesmo em Ennies Lobby. Já Brook, acredito que até mesmo por ter tido seu destaque em Whole Cake, pouquíssimo fez em Wano. Em resumo, se ele não estivesse em Onigashima, teria dado no mesmo.

Nami e Usoop decepcionaram. O atirador estava em Dressrosa, então era de se esperar que, após um arco fora, ele teria algum destaque em Wano, continuando o bom trabalha feito em cima dele lá contra Doflamingo. Infelizmente isso não ocorreu e o que vemos é um personagem apagado e sem propósito. Pra piorar, tanto ele como Nami gastam páginas e mais páginas fugindo de Page One e Ulti e tudo isso não resulta em nada.

Nami tem seu drama com Zeus, mas é muito pouco pra uma personagem que pouco fez em Whole Cake também. Ambos ficam devendo e há pouco tempo para Oda corrigir o papel destes personagens na obra. Como é uma das cinco originais do bando, Nami precisa urgentemente de uma atenção especial.

Jinbe e Yamato

Nosso peixe favorito finalmente se une aos Chapéus de Palha oficialmente. Ele aparece pouco, até por entrar já no clímax da guerra, mas cumpre funções interessantes. Além de derrotar o Quem é Quem, Tobiroppo mais forte, ele ainda ajuda a apagar o incêndio causado pela explosão do desenho de Kanjuro. Não tem muito o que falar do Peixão mais simpático da ficção. Já Yamato, teve todo um trabalho desenvolvido e no fim não entrou no bando. Como o texto já tá grande, não vou repetir tudo, se você quiser saber o que acho de Yamato, pode conferir a análise do capítulo 1057.

Os Piratas das Feras

Em meio a uma guerra, era de se esperar que Kaidou oferecesse uma resistência tremenda. Não só do poder do Yonkou viviam os Piratas das Feras. Divididos entre diversas categorias, infelizmente, os inimigos em sua maioria são totalmente descartáveis. Temos um pouco de trabalho em cima de Who’s Who e de Robin em sua batalha contra Black Maria. Mas, num geral, dos Tobiroppo pra baixo é só enrolação e encheção. Não há senso de perigo vindo de nenhuma luta, com exceção da de Zoro, em que o personagem já vinha de uma luta contra Kaidou, o que justifica um pouco sua dificuldade.

Sanji venceu Queen com relativa facilidade, apesar do interessante confronto ideológico que ele enfrenta sobre sua natureza. Jinbe derrota Who’s Who tranquilamente e o drama do inimigo não é lá grande coisa ou sequer chama atenção, servindo só de preparação para a revelação sobre a Gomu Gomu no Mi capítulos depois. Ulti é bastante participativa, mas fica rodando pra lá e pra cá servindo de escada para todos até ser derrubada por Nami. Page One é pior ainda, sequer dando uma luta para algum Mugiwara. A luta de Sasaki e Franky tem zero peso emocional e nem mesmo agrada pela coreografia.

Supernovas e o resto de Kaidou

Com exceção de X-Drake, o supernovas que estavam envolvidos na guerra foram completos inúteis. Dada a atenção que eles receberam em Sabaody, era de se esperar que Appo e Hawkins tivessem alguma luta interessante ou um papel relevante na história. Dado o histórico dos personagens, seria muito mais interessante vê-los tendo o destaque dado aos Tobiroppos. Mas, assim como diversas outras “categorias de inimigos”, eles só gastaram páginas e diversos quadros e diálogos inúteis. Havia brecha para que fosse, ao menos, explorados em alguma luta interessante, o que não ocorreu. Drake teve um plot twist interessante, mas também pouco relevante no fim de tudo e ignorado por Oda no fim do arco.

Já Jack é aquilo, foi um personagem que encheu todos de Hype ainda em Zou, mas que em Wano foi derrotado em off não só uma, mas duas vezes. Ele parece uma criança comparado com King e Queen. Já as outras duas calamidades, fizeram um paralelo interessante com Zoro/Sanji, o que facilita a proximidade do leitor com eles. Queen, particularmente, teve uma grande participação no arco, tanto do ponto de vista de comando, como da comédia.

Numbers, Gifters, etc…

Não só uma, mas algumas vezes durante o arco Oda criou expectativa em cima dos Numbers. Haviam os gifters, e outras categorias, mas estes já sabíamos que eram só pra fazer número. Porém, do ponto de vita de ameça, o tempo gasto para criar um clima sobre os Numbers foi muito maior. Introduzi-los já no clímax da guerra, onde muita coisa já estava ocorrendo precisava, necessariamente, ser recompensado de alguma maneira. Mas não tivemos isso. Foram personagens descartáveis, que apareceram aqui e ali, não deram luta alguma, não atrapalharam ninguém. O famoso não fede e nem cheira. Tem muita coisa errada no arco de Wano, mas eu considero os Numbers uma das maiores bolas fora de Oda.

Piratas da Big Mom

Após Whole Cake ficou a sensação que alguns personagens ficaram devendo. Pedro morreu e os Minks prometeram vingança. Big Mom foi à Wano atrás de Luffy e a Aliança teria que enfrentar não só um, mas dois bandos Yonkou. Em meio a toda essa confusão, Oda poderia criar dinâmicas muito interessantes. Todos os pontos de vista, possíveis brigas entre personagens aleatórios, brigas triplas, enfim. Havia potencial nesse envolvimento do bando da Mama. Porém, somente Perospero participou no fim das contas e um possível confronto entre dois bandos Yonkou nunca ocorreu. Big mom se aliou a Kaidou e foi jogada pra lá e pra cá antes de ter sua luta definitiva.

É bem frustrante, pois com exceção de Katakuri em sua luta com Luffy, ninguém do bando da Big Mom teve muito destaque. Era a oportunidade de ver dinâmicas envolvendo Smothie, Perospero e outros membros com o bando da Mama. O caos que esta interferência poderia causar nos planos de ambos os lados e a recusa de Perospero em cooperar com o bando de Kaidou. No fim, o barco de Big Mom desapareceu e, apesar de ser dito estar nos arredores de Wano, nunca mais foi visto. É possível que isso seja usado como desculpa para que a Yonkou tenha sido salva pelos filhos, mas caso não ocorra, será outra das grandes bolas fora de Oda.

Big Mom x Kid e Law

Após conseguirem separar os Yonkou no teto de Onigashima, Law e Kid acabam enfrentando Big Mom com suas frutas despertas. Essa é uma das melhores lutas do arco, dando uma atenção muito melhor para os três personagens. O momento envolvendo os cinco Supernovas contra os dois Yonkou no telhado foi legal, mas a decisão de separar as lutas, apesar de obvia, foi muito acertada.

A quantidade de tentativas que vemos de parte dos dois em derrubar a Yonkou é legal. A variação de golpes, a sensação de impacto que cada um causa, o motivo das tentativas. É raro Oda trabalhar uma luta em que os golpes possuem objetivos, diferente do que fez com Luffy e Kaidou em que tudo não passa de uma demonstração aleatória de golpes diferentes, mas que possuem o mesmo objetivo. Law e Kid fazem tentativas interessantes e Oda dá o devido destaque à resistência de Big Mom que vai resistindo e contra-atacando cada uma das tentativas dos dois.

A solução de enterrar a personagem por concluírem que seriam incapazes de derrotá-la, além de valorizar a Yonkou, ainda demonstra que nem sempre pra vencer uma batalha é necessário dar o golpe final. De forma criativa, Big Mom foi imobilizada, mostrando toda sua resistência e força mesmo sofrendo uma infinidade de ataques em sequência.

Luffy e Yamato x Kaidou

Vamos entrar em um assunto delicado agora. Acompanhei a luta semanalmente no lançamento do manga, mas acompanhando tudo ao reler, percebi que a luta não é tão enrolada assim. Para uma batalha entre o protagonista e o Homem Mais Forte do Mundo, era necessário uma série de tentativas mesmo. Kaidou mostrou todo seu tamanho, lutou contra os Bainhas, contra os Supernovas (sozinho em dado momento), contra Luffy, Yamato e ainda venceu todos. Acabou derrotado pelo despertar de Luffy, mas deixando bem claro aqui que Luffy não teria vencido se fosse um X1 desde o início.

O trabalho feito na luta entre eles é parecido com o feito na luta contra Doflamingo, onde o protagonista teve ajuda de um terceiro. Assim como tivemos a sensação que contra Doffy, Luffy não venceria sem o dano que Law causou nele, aqui fica a impressão de que Yamato deu um bom cansaço no próprio pai. Fora, claro, o fato do Yonkou estar gastando sua energia para carregar toda ilha de Onigashima. Muita gente ficou decepcionado com Kaidou, mas eu confesso que as demonstrações de forças do personagem foram bem agradáveis, considerando o nível dos personagens que ele enfrentava.

A luta em si

Já a luta em si foi bem travada. Primeiro, pelas constantes interrupções. É um clímax de batalha longo demais, com várias idas e vindas, o mesmo problema que vemos contra Doffy em Dressrosa. De um lado isso demonstra a dificuldade de vencer alguém tão forte, por outro prejudica fortemente o ritmo da luta. Eu, particularmente, gosto mais do que Oda faz com as outras lutas, onde ele dedica um capítulo inteiro para desenvolver elas. Mas, especificamente nas lutas de Luffy, ele as fragmenta demais, o que as torna bem chatas.

Outro problema é o velho problema das lutas em geral em One Piece que é a falta de sensação de progressão na luta. Os personagens parecem estar sempre em 100% de suas forças e fazendo uma demonstração de seus poderes, como se fosse um show e não uma luta. Sem consequências nos golpes. Não há o famoso “preciso acertar esse golpe ou a luta já era”. Não há cansaço, não há sensação de que os personagens estão atingindo seu limite. Diferente do que é feito com Big Mom, onde sentimos que cada golpe acerta e simplesmente não é capaz de causar efeito e vai deixando Law e Kid cada vez mais desesperados.

O Encerramento

Como sempre, Oda entregou um bom encerramento de luta. Aquele simbolismo clássico na queda do vilão, com a salvação e o fim de um governo de terror que ele causava naquele país. Mais uma vez, o paralelo com Doflamingo é evidente. Toda a estrutura de Wano, aliás, lembra muito Dressrosa, que já lembrava bastante Alabasta. A comparação, tanto do arco em si, como das lutas, é inevitável. Até mesmo Law e Yamato tem uma relação parecida com o vilão e ajudam Luffy na luta.

Uma coisa elogiável no primeiro confronto entre vilão e protagonista é a justificativa de Kaidou para deixar Luffy vivo. Dizer que queria acabar com a força de vontade de Luffy e recrutá-lo para seu bando é uma ótimo motivação. Todavia, nos confrontos seguintes, Kaidou convenientemente deixa Luffy escapar ou sobreviver sem motivo algum. Tudo bem que, no fim, ele garante que ele morra e acaba perdendo pelo Despertar da fruta. Mas tudo isso gera uma enrolação que não se explica, ainda mais vindo de um personagem que já demonstrava ter um único motivo para deixar seus inimigos vivos.

Arco de Wano – Conclusão

Analisando o arco de Wano de forma individual, é um bom arco, porém extremamente prejudicado pelo inchaço. Há muitos personagens e uma subutilização destes. Há muitas repetições de cenas, como os eternos retornos de Kanjuro, ou os contantes choros de Momonosuke. Oda também adiciona cenas, como as diversas menções ao navio da Big Mom e a S.W.O.R.D, que no fim não resultam em nada prático para o arco em si. Diferentemente do que é feito em Dressrosa, onde tudo resulta na Frota do Chapéu de Palha, aqui as coisas só são perdidas mesmo.

Infelizmente se trata de um arco que exagera tudo de ruim que Oda carregava nos outros. Mas não entenda errado, não é um arco ruim, só inchado, o que é o maior defeito de One Piece em diversos momentos. As repetições infinitas de situação são incômodas, os quadros gastos na guerra com coisas irrelevantes e a quantidade de randons que ganham tempo de tela fazendo a mesma coisas e repetindo coisas obvias extrapolam todos os limites. Não é um roteiro ruim, é realmente muito tempo gasto pra pouco roteiro.

Anime do Arco de Wano

Para constar, a minha análise do arco de wano de forma pura era tudo que veio antes. Porém, apesar do anime ainda não ter encerrado o arco, temos algumas coisas que já podemos falar a essa altura do campeonato. Os fillers podem incomodar muitos, todavia eles muitas vezes são a solução. Digo isso porque One Piece está sofrendo do que Dragon Ball sofreu em determinado momento: enrolação.

Ambos animes, diferente de Naruto, não possuem tantos fillers. Mas por que então não alcançam o manga? A resposta envolve a extensão de cenas. O problema é que a Toei abusa desse método, criando cenas que não soam simplesmente longas, mas sim INFINITAS! No episódio 1018, por exemplo, Luffy fica um tempo exageradíssimo de 7 minutos socando Kaidou em uma cena com constante repetição de frames. Parece aqueles Gif’s infinitos que você não percebe que estão reiniciando e quando percebe se sente um idiota.

Se eu já reclamei que o arco foi enrolado no manga, imagina como isso incomoda no anime? Ainda que algumas extensões de cenas ocorram naturalmente, como nas lutas, outras são inúteis e forçadas, ficando até mesmo feias, com os personagens parados por bastante tempo. Lembram do Goku gritando infinitamente quando se transforma? É nesse nível por aqui.

Luzes, Luzes para todos os lados

Os hakis possuem um problema ao longo não só do anime, mas do próprio manga de One Piece, que é a representação visual de sua utilização. Vale para os três, mas especialmente o Haki do Rei. Com a utilização do Haki do Armamento avançado, a confusão se fez maior ainda. Se já é confuso no manga, a Toei conseguiu piorar tudo em Wano. Na boa intenção de tornar tudo mais bonito e colorido, claramente inspirada no sucesso de Demon Slayer, a empresa tentou tornar os Hakis a brecha perfeita para exageros visuais.

O problema é que isso não só foi repentino, visto que estamos no episódio 1000, como faltou uma padronização dentro do próprio arco. Não existem energias ou auras nos personagens, mas a Toei resolveu começar a utilizá-las de repente, fazendo com que Wano destoe de tudo que veio antes nas lutas. Em alguns momentos ficou bonito, mas o exagero foi crescendo, ao ponto de gerar reclamações recentemente e a empresa voltar atrás. Porém, o estrago já tá feio, os episódios ficarão para sempre com essa variação na animação dos poderes que prejudicam a obra como um todo.

Mas, feio, o Arco de Wano não tá!

Minha crítica sobre o anime recai especificamente a falta de padronização da animação, porém ela está longe de ser feia. É um dos melhores traços do anime inteiro, dando vida ao país de Wano de forma eficiente e representando bem a pobreza e miséria do país. Os tons mais escuros em Onigashima soam estranhos, assim como algumas escolhas de iluminação. Mas, num geral, tudo corre bem. A equipe por trás do arco de Wano, no anime, mandou bem num geral. A enrolação é uma decisão da Toei, que prefere esse fator a utilizar fillers, que é a solução mais eficiente, principalmente a longo prazo.

O Arco de Wano no contexto geral da história

Parece título de artigo científico, né? Mas vamos só analisar se Wano atingiu as expectativas criadas em cima dele. Pra começar, Kaidou e Wano foram mencionados pela primeira vez lá em Thriller Bark. Desde então se aguarda o momento em que o personagem seria o inimigo de Luffy. Oda foi trabalhando esse hype ao longo dos anos, principalmente quando o bando chegou em Punk Hazard, entrou num acordo com Law e conheceu Momonosuke.

Mas nem só de Kaidou são feitos os Yonkou e Big Mom também surgiu como adversário para nossos protagonistas. Como forma de crescer mais ainda o hype em cima de Wano, Oda decidiu colocar a aliança para enfrentar dois dos Yonkou e mudar definitivamente o status do mundo após o fim do arco. Estabelecendo Luffy como um dos Imperadores e derrotando dois dos maiores bandos piratas do mundo, o arco sem duvidas teve suas consequências e o pós-arco soube trabalhar isso muito bem.

Só senti falta de mais reação a queda de Big Mom e Kaidou. Eram os dois piratas mais fortes do mundo naquele momento, e não vemos nem a reação do bando da Big Mom sobre a “morte” da mãe e nem mesmo o espanto das pessoas pela queda do poderoso Kaidou. É como se todos tivessem levado com naturalidade a derrota dos dois. Não faltou consequência, faltou impacto.

Conclusão

Enfim, o arco de Wano era o mais aguardado do anime e para muitos foi levemente decepcionante, não por ser ruim, mas por não atingir as expectativas que eram do mais alto nível. Além das repetições da clássica fórmula de arcos de One Piece, que a essa altura já soam bem batida, o arco ainda trás muitos elementos mal utilizados e que se perdem no caminho. Cheio de personagens interessantes, uma história própria e que se liga tanto com o presente quanto com o passado, Wano é um bom arco de One Piece, mas nem Kaidou atingiu o carisma de Doflamingo, e nem o país de Wano é tão interessante quanto Dressrosa. Não foi a maior guerra do manga, como Oda prometeu. Não deixou Marineford no chinelo e está longe de ser memorável.

Uma pena, pois pro maior arco da obra, se esperava que ele valesse todo o tempo gasto e todo hype criado em cima dele!

ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Nota do Arco
6.5
Wesley Medeiros
Quem quiser saber quem sou, olha para o céu azul...Amante de infinitas coisas, desde animes, games, filmes, séries, música, futebol, literatura...Toda e qualquer uma dessas artes, mas, principalmente, a escrita, que torna minhas palavras imortais igual ao meu tricolor!
arco-de-wano-analise O Novo Mundo de One Piece veio carregado de promessas. Desde Thriller Bark ouvíamos falar sobre o quão forte eram os Yonkou. Kaidou havia traumatizado Gecko Moria de uma forma nunca vista. Wano foi mencionado pela primeira vez por lá também. Em seguida, vimos...

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