Resenha do Quadrinho italiano (Bonelli) Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer
Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer é uma Graphic Novel escrita por Stepano Piani e Dario Argento (o mestre do cinema de terror italiano). E conta com arte do fenomenal Corrado Roi. A obra conta com pouco mais de 100 páginas e foi publicada em uma edição de luxo no Brasil pela Mythos Editora. (Observação: Aproveitem que no site da editora essa e outras edições estão com ótimos descontos). E um detalhe muito bacana é que você pode ler a obra sem muito conhecimento prévio, uma vez que ela é uma história fechada e que se explica por si só. É uma história mais adulta, voltada para o público mais velho, pois aborda diversos temas como crimes, abusos e etc.
Quem é Dylan Dog?
Provavelmente você já deve ter ouvido falar de Dylan Dog, que atende pela alcunha de o Investigador do Pesadelo. Se não, vamos fazer uma breve abordagem sobre o personagem. Dylan Dog foi criado em 1986 por Tiziano Sclavi e publicado pela famosa editora italiana Sergio Bonelli. O personagem é um investigador particular que sempre pega casos bem complicados de serem solucionados. Geralmente estes, acabam por envolver além dos crimes propriamente ditos, acabam contam com algum elemento sobrenatural. Dylan Dog conta com um parceiro / mordomo chamado Groucho, responsável pelas partes de alívio cômico.
Dylan Dog além de ser um detetive muito habilidoso, também tem outras habilidades no que tange a conquista de belas mulheres. Galã e romântico, Dylan Dog sempre acaba se envolvendo com belas mulheres no decorrer de seus casos, mesmo que estes relacionamentos não durem por inúmeros motivos. E esse “ponto fraco” do herói em ser atraído por essas mulheres, é o que vai dar o pontapé inicial em Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer.
A premissa de Prelúdio Para Morrer
Certo dia, Dylan Dog tem alguns problemas com seu carro e acaba tendo que continuar o caminho a pé. Durante sua caminhada ele nota uma grande multidão aglomerada na entrada de um prédio. Lá estava ocorrendo uma exposição de arte, que tinha como tema principal BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo), ou seja, existiam diversas fotos, pinturas e adereços no local para os fãs desse tema.
Dylan Dog tem certa fama como investigador, e acaba sendo reconhecido no meio da multidão por uma das idealizadoras do evento. No meio da conversa, os olhos de Dylan Dog fitam uma bela mulher, de cabelos negros e com algumas cicatrizes nas costas. Ele começa a segui-la, porém ela desaparece do nada em meio ao evento. Seguido disso, Dylan Dog acaba tendo um sonho bizarro envolvendo essa mulher, que segundo informações se chama Laís. Mas quem é essa moça misteriosa por qual nosso protagonista se apaixonou a primeira vista? Ao tentar ir atrás dessas informações, Dylan Dog vai acabar desenterrando uma trama muito maior do que ele imagina.
Realidade, Sonhos e detalhes sórdidos
Tem alguma coisa que o quinto sentido e meio (como ele mesmo define) de Dylan Dog não consegue desligar. E assim o Investigador do Pesadelo começa a ir atrás de informações da tal Laís, pois ele simplesmente (sem entender o porque) não consegue tirá-la da cabeça. Assim começa um caminho muito tortuoso para o nosso investigador, pois a cada detalhe descoberto é um espinho a mais para encarar.
Ele se vê envolto por detalhes que não parecem fazer sentido, de tal forma que passa a se questionar se tudo o que ele viu em relação a Laís, era de fato real ou se tudo não passou de um grande sonho (ou pesadelo) que está mexendo com a sua cabeça. Conforme a trama avança, mais desses elementos vão sendo plantados, o que tornam a história muito mais rica, deixando nuances e interpretações no ar.
Para se ter uma ideia, a trama acaba tomando rumos cada vez mais inesperados (obscuros), e assim chegando a abordar temas como a realeza Inglesa e seus costumes. Um lado um tanto peculiar dos nobres nos é apresentado aqui, e que aos poucos vai casando com as coisas mostradas desde o início da história. O clima de mistério e terror são muito bem dosados, proporcionando ao leitor uma experiência interessantíssima. Ainda mais quando em determinado momento da história, temos o nosso protagonista posto em cheque quanto a uma situação, que vai envolver toda a sua honra e integridade.
Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer, vale a pena?
Sem dúvida alguma que vale a pena. Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer é uma obra de terror / mistério fascinante. Stefano Piani e Dario Argento acabam nos conduzindo de maneira magistral por esses pontos nebulosos no decorrer da história, e a cada novidade, vamos sentido as mesmas emoções que o nosso Investigador do Pesadelo. Além do roteiro certeiro, temos a arte de Corrado Roi que é um verdadeiro espetáculo. É impressionante os detalhes que ele consegue colocar nas páginas, com seus traços finos e precisos, nos dando todo o clima que a obra precisa. Usando o Preto o Branco de maneira sensacional, assim nos mostrando porque é um dos maiores artistas no que tange a atmosfera gótica. A edição da Mtyhos está lindona e conta com uns extras bem legais, que abordam um pouco dos bastidores da criação desta obra.
E falando nos autores, por termos Dario Argento na equipe, é quase impossível não pensar que Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer poderia virar uma adaptação para as telas de cinema. Argento é uma das lendas vivas do terror (como por exemplo seu clássico: Suspiria, de 1977) e ver o quão apaixonado pelo personagem ele é (e pela qualidade da trama), poderia dar um baita filme. Seria muito justo com o personagem, já que em 2010 o investigador do Pesadelo ganhou uma adaptação pra cinema: Dylan Dog e as Criaturas da Noite , estrelada por Brandon Routh (Superman: O Retorno). A adaptação digamos… é de qualidade um tanto duvidosa.
Apesar da temática sobrenatural nas suas histórias, sempre sobra um espaço para reflexões sobre o lado humano do personagem, além de questões sociais e filosóficas. E aqui não é diferente, principalmente pelo desfecho da obra, quando todas as pontas se amarram. Se você quer sair um pouco de Marvel e DC, Dylan Dog: Prelúdio Para Morrer é uma excelente opção, pois pode funcionar como uma ótima porta de entrada para novos leitores.
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