Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas – Resenha

Embora pudesse entregar mais, longa diverte e traz fôlego ao gênero

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas

O ano de 2021 marca em definitivo a retomada do diretor norteamericano Zack Snyder. Após o aguardado lançamento de Liga da Justiça: Snyder’s Cut, o cineasta, responsável pelo clássico Madrugada dos Mortos (2004), retorna ao gênero zumbi em Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas, uma produção Netflix.

Com um elenco vasto e diverso, o novo longa de Snyder apresenta muito da estética pela qual o diretor já é conhecido, e combina-se com uma das principais linhas de produção de filmes da Netflix, que é a aposta em produções mais voltadas ao gênero “pipoca”, girando em torno do puro entretenimento. O resultado? É interessante, embora com ressalvas importantes.

SINOPSE

Um comboio transportando uma carga confidencial do governo estadunidense sofre um acidente próximo a Las Vegas e libera seu conteúdo: uma criatura não identificada, inteligente e violentíssima, que morde suas primeiras vítimas e transforma-as em zumbis. Em pouquíssimo tempo, a cidade é completamente infectada e forma-se uma horda devastadora de mortos-vivos.

De outro lado, sobreviventes se unem para lutar contra os zumbis, embora vejam seus números se reduzirem drasticamente. Um pequeno grupo se destaca e consegue salvar muitas vidas. Logo, Vegas é isolada e os sobreviventes passam a viver em no entorno da cidade; em paralelo, são criadas zonas de quarentena onde pessoas suspeitas de infecção são isoladas. O governo prepara um plano para exterminar Vegas e seus zumbis.

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas

Fora das áreas de quarentena, vivem agora, de modo quase anônimo, os “heróis” que sobreviveram aos grandes ataques em Vegas. Entre eles está Scott Ward (Dave Bautista), o líder deste antigo grupo, que recebe de um milionário (Hiroyuki Sanada) a proposta de formar um novo grupo de assalto, com o objetivo de resgatar sua fortuna, localizada abaixo de um dos cassinos de Vegas. Em contrapartida, Ward e seus parceiros ficariam com uma parte do dinheiro.

Visando deixar a vida ordinária na qual agora se encontra, Ward une forças com seus antigos aliados e também novos integrantes – cada um com uma diferente função e especialidade – para uma empreitada extremamente arriscada, porém repleta de adrenalina.

OS ALTOS E BAIXOS DE ARMY OF THE DEAD: INVASÃO EM LAS VEGAS

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas
ARMY OF THE DEAD (Pictured) DAVE BAUTISTA as SCOTT WARD in ARMY OF THE DEAD. Cr. CLAY ENOS/NETFLIX © 2021

Embora tenha uma premissa bastante linear e, inicialmente, suficientemente clara, Army Of The Dead: Invasão em Las Vegas é uma miscelânea de boas e interessantes ideias, mas que não funcionam tão bem no conjunto todo da obra. O filme tem um início bastante clichê, porém muito assertivo na narrativa e que empolga o espectador para sua continuidade. O clipe inicial da transformação de Vegas em um verdadeiro reino zumbi, ao som de Viva Las Vegas, é incrível – aqui a marca do diretor se faz presente e muito bem (a trilha sonora, inclusive, é um dos pontos altos da produção, com direito a Zombies, de The Cranberries. Ouça aqui).

Porém, a trama começa a se mostrar confusa e pouco objetiva a partir do momento da formação da equipe de assalto. Embora reunidos em torno de um mesmo objetivo inicial, alguns personagens possuem intentos que vão sendo revelados aos poucos, mas isto se mostra no decorrer do filme de um modo aleatório, pouco convincente e que confunde o espectador em alguns momentos.

De uma hora para outra (como no assalto ao cofre), alguns personagens deixam simplesmente de aparecer ou parecem esquecer do que foram fazer lá. Há ainda uma subtrama com um “vilão” humano bastante previsível e que acaba por agregar pouco. No fim, fica a sensação de que os personagens secundários tinham nenhuma real relevância para a trama e que o objetivo inicial da jornada (o saque da fortuna) também era pouco relevante aos protagonistas.

Os personagens possuem altos e baixos. Ao mesmo tempo que representam arquétipos importantes para a formação do grupo, possuem um desenvolvimento raso (mesmo o drama familiar de Ward cativa pouco). Ainda assim, as interações entre si são o que fazem a trama funcionar. Destaque especial para o arrombador de cofres Dieter (Matthias Schweighöfer) e o engenhoso Vanderohe (Omari Hardwick), dupla cuja improvável amizade rende algumas das melhores passagens do longa. Se outras atuações não chegam a ser brilhantes, como a do próprio Dave Bautista, também não comprometem, mantendo uma dinâmica estável – o maior problema, portanto, está no roteiro em si.

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas

Todavia, Army Of The Dead: Invasão em Las Vegas tem méritos em conseguir entregar algo novo em um gênero tão adorado, porém extremamente saturado. Snyder, de volta a uma produção 100% original pela primeira vez desde o próprio Madrugada dos Mortos, apresenta um conceito de zumbis não como simplesmente humanos convertidos por infecção, mas de uma nova raça, dividida entre uma casta superior – alfas – e inferiores, que possuem uma organização social semelhante a de insetos, contando com uma rainha e um rei que os lidera. Neste caso, constituem em Vegas seu reino.

Este conceito abre uma série de possibilidades (e que devem ser exploradas em spin-offs, inclusive), e é, dentro da trama do filme, bem trabalhado, tornando os zumbis muito mais eficientes e, consequentemente, perigosos. A caracterização está um espetáculo – valendo incluir o tigre e o cavalo zumbis, que tornam mais épico o ambiente da monarquia zumbi na antiga cidade da perdição. A ambientação é de encher os olhos – o filme possui uma linda fotografia, criando em uma devastada Vegas, com seus colossais cassinos em ruínas, um cenário fantástico para a empreitada dos aventureiros.

A ação também é um ponto alto. Embora se pudesse fazer mais presente, é frenética quando acontece e não poupa violência para encher, satisfatoriamente, a tela com sangue e miolos para todo lado. Surpreendentemente, desta vez Snyder não abusa do slow motion, o que acaba sendo um ponto positivo diante da velocidade com que os fatos da história acontecem e do volume de inimigos enfrentado pelos personagens.

VALE A PENA?

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas

Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas é um filme que possuía potencial de ser não necessariamente uma obra-prima, mas certamente um filme de argumento melhor desenvolvido – e aí está um problema presente em alguns dos filmes originais Netflix (como Power). Para um longa de 2h30, faltou uma narrativa mais concisa, melhor desenvolvimento dos personagens e, por incrível que pareça, mais ação.

No entanto, o filme tem o suficiente para, com menos compromisso, entreter o espectador, especialmente os fãs do gênero zumbi, e é esteticamente um trabalho incrível e agradável aos olhos. Portanto, é pipoca garantida. Além disso, os conceitos nele apresentados e a abertura em torno das origens da epidemia (e seus desdobramentos) dão margem a um universo próprio, que já conta com dois spin-offs previstos (um em anime e outra estrelando Dieter).

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Army Of The Dead: Invasão Em Las Vegas
Escritor, publicitário, louco por esportes e entretenimento. Autor de A Última Estação (junto com Rodolfo Bezerra) e CEP e um dos fundadores do Meta Galáxia.
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