Tick, Tick…Boom! Filme da Netflix – Resenha

Forte postulante ao Oscar, Tick,Tick...Boom! Filme da Netflix é um musical recheado por atuações estonteantes e um texto incrível.

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Algumas produções começam a gerar expectativa para o Oscar mesmo antes de seu lançamento. Tick, Tick…Boom! Filme da Netflix já fazia esse barulho e, após estrear, vem somando comentários majoritariamente positivos – e justificados!

Sabia muito pouco sobre a obra e seu contexto, mas acompanhei a repercussão da atuação de Andrew Garfield e o fato do ex-Homem-Aranha estrelar um musical ambientado nos anos 90, além de ser a história de um artista angustiado e aspirando por sua grande realização à altura dos 30 anos de vida. Identificado e devidamente curioso, me dei a chance de conhecer este filme – e história – fantásticos.

Sinopse de Tick, Tick…Boom! Filme da Netflix

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O longa de Lin-Manuel Miranda (Hamilton) para a Netflix baseia-se no musical homônimo e autobiográfico do compositor estadunidense Jonathan Larson (interpretado aqui por Garfield), que dedicou anos de sua vida à criação de uma peça musical futurista, Superbia, na qual depositava a esperança de estrelar na Broadway e realizar-se como grande artista que era.

O filme é contado ao espectador como uma apresentação do próprio musical Tick, Tick…Boom!, que por sua vez, nos mostra esse momento conturbado da trajetória de Larson, que, próximo de completar 30 anos de vida, enxerga a vida como o tilintar de uma bomba relógio próxima a explodir. Ele acredita que, se não se emplacar seu sucesso antes dos 30, terá desperdiçado sua juventude e não poderá mais se realizar.

Ao mesmo tempo, o artista relata que outras bombas relógio explodiam ao seu redor enquanto as horas e dias se passavam em seu foco improdutivo. O relacionamento com a namorada, que fica em segundo plano, os amigos que adoecem e falecem em virtude da epidemia da AIDS. Tudo gira em torno do tempo, da contagem regressiva que nunca para. Da falta de controle que temos sobre o tempo, e do tempo que nos resta.

Jonathan Larson acabou se tornando um dos maiores fenômenos da Broadway, tendo seu musical Rest sido exibido por quinze anos consecutivo. Entretanto, por ironia do destino, Larson não viveu para ver seu próprio sucesso. O artista faleceu aos 35 anos, vítima de um aneurisma, no dia da estreia de Rest.

A cru beleza de Tick, Tick….Boom! Filme da Netflix

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Os primeiros minutos do filme já são suficientes para despertar a atenção do espectador. O contagiante primeiro ato musical já nos dá um vislumbre do drama de Larson, embalado por uma canção com letra poderosa, tocante e muito bem interpretada por Garfield e companhia. As melodias são lindas, por ora aventurescas mas também pesarosas; a estética noventista também se faz presente e torna tudo ainda mais agradável e bem ambientado.

As letras do compositor são um soco no estômago que nos refletem toda angústia sofrida pelo artista à época. O roteiro “não-musical” também carrega um drama poderoso, com textos fortes. Em meio ao drama do protagonista, em 1990, os Estados Unidos viviam um caótico surto de HIV e homossexuais eram marginalizados como responsáveis por essa disseminação. Numa época que a doença era um tabu e sabia-se pouquíssimo sobre ela, a contaminação era considerada fatal. Larson viu muitos amigos, jovens, caírem diante da doença, fator que muito o devastou emocionalmente.

Tudo isso é retratado e ganha peso ainda maior pela delicada direção de Lin e a escolha de um elenco simplesmente perfeito.

Andrew Garfield é uma grata surpresa e fácil postulante à estatueta de Melhor Ator. Além de aflorar seu lado musical, sua atuação é estonteante, carregada de uma emoção que transborda a tela e transmite todo sentimento de Larson – que, como já admitiu Lin-Manuel Miranda, foi uma de suas grandes inspirações.

Destacam-se também Vanessa Hudgens (que canta ABSURDAMENTE bem e emociona em um ato que protagoniza junto à Alexandra Shipp, que vive Susan, namorada de Larson), e, com um peso gigantesco à trama, Robin de Jesus, que vive Michael, melhor amigo de Jonathan. Não seria nenhuma surpresa se o ator fosse indicado à Melhor Ator Coadjuvante.

O Oscar vem aí?

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Não resta dúvida que Tick,Tick…Boom! vem forte para a Academia, especialmente nos prêmios técnicos, mas que seria um tanto justo premiar também a direção de Lin e a atuação de Garfield, que após esta obra, certamente é elevado a outro patamar.

Não deixe de ver Tick, Tick…Boom! Filme da Netflix. É uma obra bela, acessível, contagiante e que vai te fazer chorar sem sequer se dar conta. E que, além de ser uma produção fantástica por si só, homenageia e honra um dos nomes mais importantes da arte dramática recente. Confira aqui o trailer.

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Tick,Tick...Boom!
Escritor, publicitário, louco por esportes e entretenimento. Autor de A Última Estação (junto com Rodolfo Bezerra) e CEP e um dos fundadores do Meta Galáxia.
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