Conan, O Bárbaro (2019, Marvel) – Resenha

O Retorno de Conan, o Bárbaro, a Marvel Comics!

SAIBA, Ó PRÍNCIPE, QUE NAQUELES ANOS EM QUE OS OCEANOS TRAGARAM A ATLÂNTIDA E AS CIDADES RESPLANDECENTES, E O PERÍODO EM QUE SURGIRAM OS FILHOS DE ARYAS, HOUVE UMA ERA JAMAIS SONHADA, REINOS DE ESPLENDOROSOS ESPALHARAM-SE PELO MUNDO, TAL QUAL MIRÍADES DE ESTRELAS SOB O FIRMAMENTO. NESTA ÉPOCA SURGIU CONAN, O CIMÉRIO… DE CABELOS NEGROS, OLHAR SOMBRIO E ESPADA EM PUNHO… UM LADRÃO, SALTEADOR E MATADOR. DONO DE GIGANTESCA MELANCOLIA E GIGANTESCA JOVIALIDADE, ELE VEIO PARA ESMAGAR OS TRONOS ADORNADOS DA TERRA SOB AS SANDÁLIAS QUE LHE CALÇAVA OS PÉS

– As Crônicas Nemédias

Conan, o Bárbaro foi criado na década de 1930, pelo mestre Robert Ervin Howard, e assim o autor foi um dos pioneiros da literatura de fantasia, espada e feitiçaria. Depois após várias décadas, o personagem migrou do mundo da literatura para os quadrinhos. Isso aconteceu no início da década 1970, e Conan surge na Marvel Comics. Encabeçada pelo roteirista Roy Thomas, o personagem vira um enorme sucesso. Tanto que isso lhe rendeu dois títulos regulares dentro da Marvel:  Conan, o Bárbaro e a Espada Selvagem de Conan.

Após mais de 20 anos da Marvel, o personagem acabou deixando a Casa das Ideias, e assim migrou para a Dark Horse Comics. Contando com uma ótima fase na nova Editora, o personagem continuou muito relevante, pois contou com várias boas histórias. Em 2018, a Marvel readquire os direitos de publicação sobre o personagem, e desta maneira, Conan retorna à Casa das Ideias. E assim como no passado, em 2019, Conan ganha novamente dois títulos com os mesmos nomes dentro da Marvel.

E neste retorno, iremos analisar o título Conan, o Bárbaro. A publicação aqui no Brasil ficou a cargo da Editora Panini Comics.

A premissa de Conan, o Bárbaro

Neste retorno do Cimério, a Marvel escala para os roteiros Jason Aaron (Thor, Escalpo) e na arte Mahmud Asrar. Além de contar com as cores de Matthew Wilson e as capas magistrais de Esad Ribic. E dividindo arte com Asrar em alguns números, temos também Gerardo Zaffino (Karnak).

Jason Aaron nos entrega um arco feito em 12 partes, intitulado de “A Vida e Morte de Conan”. Com isso o roteirista nos apresenta uma história que vai visitar diversos momentos distintos da vida de Conan, indo desde a sua juventude até o momento que ele foi Rei, enquanto uma trama maior vai sendo costurada.

Além da trama deste arco, ao final de cada número, as edições trazem um conto, também em 12 partes, “A Luz Estelar Negra”. O conto é escrito por John C. Hocking.

A Vida e Morte de Conan

Em A Vida e Morte de Conan, Jason Aaron nos apresenta uma trama muito bem contada e que vai trabalhar diversos momentos da vida do Cimério de Bronze. O fato gerador da trama se dá quando Conan, após passar por inúmeros embates em uma batalha e se sagrar vencedor acaba por encontrar uma bela mulher. Ela se apresenta de maneira imponente e sedutor, o que atraí os olhos do Cimério imediatamente.

Porém o que Conan não fazia ideia, é que a mulher era na verdade uma bruxa, ou melhor dizendo, a Feiticeira Rubra. Ela tem o objetivo de reviver o seu mestre, que é um antigo demônio. Para tal objetivo se concretizar, ela precisa de um sangue muito forte e poderoso, e isso é definido pela quantidade de vezes em que a pessoa ficou por um triz e escapou das garras da morte. E quem melhor do que o Bárbaro para ser essa oferenda? Já que a cada dia, Conan passa por diversas situações de quase morte, sempre conseguindo escapar da morte por conta de sua força e pelo fio de sua espada.

Porém, o plano da Feiticeira dá errado e Conan consegue sobreviver. Mas a história deles havia apenas começado naquele momento, pois a Feiticeira voltaria outras tantas vezes em um plano grandioso para conseguir ficar com o sangue de Conan. Aaron conduz bem a história, seu texto é fluído e bem argumentado. É uma narrativa ágil e com conteúdo. Em nenhum momento a história fica arrastada. Pelo contrário, todo o capítulo é um recorte de um momento da vida de Conan, que geralmente se fecha naquele mesmo capítulo. Ela não segue uma linha temporal regular, e assim teremos algumas variações entre passado e futuro, e sempre com a Feiticeira Rubra e seus asseclas vigiando Conan, de modo que esperam a chance certa de acabar com ele, buscando sua vingança e a ressurreição de seu mestre.

Quando Aaron aborda esses momentos distintos, ele sabe muito bem o que quer contar. Vamos ver um Conan jovem, irresponsável e aventureiro. Depois veremos ele mais velho, ainda mantendo sua força e essência, porém agora mais maduro. Ele como Rei da Aquilônia, também é um viés interessantíssimo, de ver como aquele Bárbaro chegou a tal conquista. E isso tudo é muito bem argumentado, sempre deixando em evidência também o lado selvagem do personagem versus o da civilização por onde ele passa. O que sempre gera boas discussões e reflexões.

Após falarmos do roteiro, vamos abordar a arte, que por sinal está incrível. Arte Mahmud Asrar está praticamente impecável, e assim os seus desenhos se casam muito bem com a narrativa proposta por Jason Aaron. Como falamos, a história se passa em vários momentos da vida de Conan, e o artista consegue retratá-los muito bem. Pois além da caracterização de cada época e local, ele acerta muito nas cenas de ação, que são bem violentas. E além de Asrar, quando entra em cena a arte de Gerardo Zaffino, este também faz um trabalho excepcional. Ele conta com uma arte mais rústica, que traz muito desse clima das histórias de Conan

A Luz Estelar Negra

Ao final de cada edição, temos uma parte do conto A Luz Estelar Negra, de John C. Hocking. Neste conto o autor nos faz embarcar em uma obra literária onde Conan mais 3 companheiros chegam a uma cidade abandonada e de repente eles se encontram em uma emboscada por conta de um item que eles possuem. Aqui, o texto de Hocking é bom, também fluido e bem detalhado. Os personagens secundários são bem desenvolvidos, assim como os cenários e inimigos.

Porém o conta tem um certo problema de ritmo. A história é bem detalhada pelas palavras de Hocking, mas em vários momentos a trama dá algumas voltas e enrola um pouco para chegar aonde ela tem que ir. A história poderia ser mais direta em alguns momentos e ir mais direto ao ponto, pois com essa irregularidade no ritmo, isso pode desprender a atenção do leitor. Mesmo com essa ressalva, o conto tem um saldo bem positivo, e serve como um belo convite para adentrar o mundo da literatura de Conan, já que foi nele que o personagem foi concebido.

As Edições da Panini

No Brasil, toda essa fase que estamos comentando foi publicada pela Panini Comics em um total de 07 edições, ao preço de capa de R$9,90 cada uma. Ou seja, ao longo dessas 07 edições tivemos as 12 partes de “A Morte e Vida de Conan” quanto do conto “A Luz da Estelar Negra”. As edições contaram com capa cartão, lombada canoa e o papel utilizado foi o couché. De modo geral a edição está bem bonita e conta no início de cada uma, com um resumo da edição anterior e um comentário do editor acerca do momento da obra e do que o leitor irá encontrar nas próximas páginas.

Além de um bom acabamento, algumas edições contam com galerias de capas variantes. E na edição 06, temos uma história extra “Êxodo” que conta com roteiro de arte (que é excepcional) de Esad Ribic (responsável pelas capas).Uma história que vai explorar um recorte da juventude de Conan.

Conan, o Bárbaro (2019), vale a pena?

Conan, o Bárbaro é um ótimo retorno do cimério para a Marvel. Toda a essência que fez do personagem conhecido está presente. Aaron e Asrar entregam uma história muito bem trabalhada, e com uma narrativa ágil e com peso. Então sim, essa retomada vale muito a pena ser acompanhada. E como a edição é nova, mesmo sem conhecer muito acerca do personagem, qualquer pessoa poderia começar a ler Conan por aqui. Por se tratar de histórias em diversos momentos, elas são praticamente autocontidas, de forma que não exigem do leitor uma bagagem extensa de cronologia.

Conan retornou em grande estilo, e está uma grande oportunidade para retomar a leitora acerca do personagem, ou é a chance para conhecê-lo. Conan é um personagem fascinante, e assim todo o seu mundo, e histórias. Conan voltou, e em grande estilo.


E aí meu caro(a) leitor(a) do Meta Galáxia, espero que vocês tenham gostado da resenha. Conan é um personagem incrível, que vale muito a pena acompanhar. Logo mais traremos a resenha de “A espada Selvagem de Conan” de 2019. Até próxima e forte abraço!

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Conan, O Bárbaro (2019, Marvel) - Resenha
Contador formado e atuante de profissão. Grande fã da cultura pop em geral. Amante da cinema, quadrinhos e animes, e através disso tentando entender um pouco mais da realidade através da ficção. Considero Os Cavaleiros do Zodíaco a melhor coisa já feita pela humanidade.
conan-o-barbaro-2019-marvel-resenhaO retorno de Conan à Marvel se fez em grande estilo. Jason Aaron soube respeitar a essência do personagem e nos entrega um ótimo recomeço para o Cimério de Bronze.

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