Confinada (Quadrinhos, Editora Todavia) – Resenha do livro impresso

Agora impresso e, embora com desafios de adaptação, Confinada é um clássico moderno indispensável

capa de confinada exibindo a personagem ju, em uma piscina, como se fosse um post de instagram

Sucesso entre 2020 e 2021, não é exagero algum dizer que Confinada foi um dos mais perfeitos retratos da pandemia de COVID-19 no Brasil. A Web HQ criada em tiras periódicas por Triscila Oliveira e Leandro Assis ganhou fortemente as redes – especialmente o Instagram – e logo viralizou, gerando uma legião de fãs identificados com os relatos ilustrados da dupla.

Com a conclusão da trama e seu consolidado sucesso digital, Leandro e Triscila, com a Editora Todavia, levaram o projeto ao Catarse para viabilizar sua edição física, o que não demorou a acontecer. E é sobre a versão impressa recém-lançada pela Todavia que falaremos nesta resenha.

Sinopse de Confinada

parte de confinada publicada no twitter

A trama, ambientada majoritariamente no Rio de Janeiro, possui duas protagonistas: Fran Clemente, uma digital influencer rica e fútil, e a trabalhadora doméstica Ju, empregada de Fran. A obra decorre especialmente o ano de 2020 e os primeiros desdobramentos da pandemia no ano de 2021 no Brasil e, trabalhando a narrativa das duas personagens, escancara o abismo social existente no país através de como as classes socioeconômicas vivenciaram (e vivenciam) de formas tão distintas esse evento.

Fran é a personificação de uma elite abastada porém incrivelmente ignorante e alheia aos reais impactos da COVID-19; Ju, por outro lado, reflete a luta de milhares de brasileiros – e negros e negras, especialmente – que viram todos os seus desafios diários já existentes se tornarem uma avalanche durante a pandemia.

Com uma primorosa crítica social, diversas referências a cultura popular e traços incrivelmente caprichados e poderosos em sua síntese, Confinada se tornou um símbolo de nossos tempos e foi construído explorando ao máximo a capacidade ferramental e de alcance do Instagram, incorporando, inclusive, a linguagem da rede social em sua própria narrativa.

A versão física da Todavia

uma das páginas de confinada escancara a diferença de visão de patroa e empregada acerca dos eventos da pandemia

Confinada se transformar em um livro físico era inevitável – e certamente um grande desejo de seus autores e especialmente dos leitores (inclusive este que vos fala). Entretanto, era imaginável que parte da narrativa não teria a mesma força da publicação periódica e digital realizada por Leandro e Triscila.

Isso ocorre por dois pontos: primeiro, que Confinada, a cada tira publicada, conversava em tempo real com seus espectadores, de acordo com os marcos temporais da pandemia pelos quais o país passava naquele respectivo momento. E, segundo, muito do próprio formato da obra foi pensado no Instagram, como tamanho dos quadros e capítulos e os perfis de Fran, por exemplo, que à época criaram uma forte narrativa transmídia.

Transportar esse fenômeno digital para o físico não seria tarefa fácil, mas a Todavia fez um belo trabalho. Se por um lado o impacto de ler Confinada neste momento não permite ao leitor estes mesmos recursos, o volume físico conta com um trabalho editorial primoroso, que tem ainda ilustrações extras que complementavam a narrativa e ajudam a preencher algumas lacunas que apareceriam na adaptação das tiras para a paginação.

Vale a pena?

Esse é o tipo de obra que não pode faltar em estante alguma! Mesmo com os pontos acima levantados a respeito da adaptação do digital para o físico, Confinada da Editora Todavia já nasce um clássico dos novos tempos e merece mesmo ser relido por quem já havia acompanhado as tirar nos perfis de Leandro e Triscila.

A obra está disponível para compra no site da editora, nas versões impressa e e-book.

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ANÁLISE CRÍTICA - NOTA
Confinada (Livro Impresso)
Diego Betioli
Escritor, publicitário, louco por esportes e entretenimento. Autor de A Última Estação (junto com Rodolfo Bezerra) e CEP e um dos fundadores do Meta Galáxia.
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