Existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis?

Ação ao vivo, animação, peças de rádio, dramas de palco, musicais... mas existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis?

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel
Reprodução: O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001)

Existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis?

Mesmo antes de Peter Jackson trazer O Senhor dos Anéis para a tela grande, a trilogia de fantasia de JRR Tolkien já possuía um amplo reconhecimento como referência para a fantasia moderna. Pode-se dizer que série estabeleceu padrões para o gênero na literatura! Além disso, podemos ver o seu legado em todas as mídias, inspirando desde jogos de RPG e romances imitados até adaptações diretas e material oficialmente licenciado. Uma coisa, no entanto, está faltando nessa lista. Afinal, existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis? A resposta é: não. Ao menos, não especificamente de O Senhor dos Anéis.

Por que nunca houve uma história em quadrinhos do Senhor dos Anéis? Quanto mais você olha para a longa história de adaptações de quadrinhos e a longa história de tentativas de adaptar O Senhor dos Anéis, mais inexplicável essa pergunta fica.

No papel, pelo menos, a ideia é boa. Há uma longa história para adaptações de quadrinhos de literatura clássica de gênero. A história remonta, por exemplo a Classics Illustrated de 1941. Essa é uma série que adicionou imagens e balões de fala a nomes como Dr. Jekyll & Mr. Hyde para décadas. E embora a tendência de transformar palavras em palavras e imagens tenha aumentado e diminuído ao longo dos anos, a adaptação literária continua sendo uma ideia potente para o sucesso dos quadrinhos, demonstrado pelo aclamado Slaughterhouse Five do ano passado da Boom! Estúdios.

Não é apenas o clássico de Kurt Vonnegut que foi colocado nos quadrinhos ultimamente. Afinal, títulos como Duna, de Frank Herbert receberam adaptações em vários volumes das principais editoras de livros nos últimos anos. Dessa mesma forma, fornecendo às editoras o que parece ser evidência de que tal adaptação era possível e provavelmente tinha um mercado embutido, especialmente se a propriedade tivesse um filme ou programa de televisão por trás dele.

Adaptações de quadrinhos de propriedades conhecidas podem significar grandes negócios para as editoras. E é algo que tem sido o caso desde notícias similares a “Star Wars salvou a Marvel de um desastre financeiro na década de 1970”. Nos anos seguintes, empresas inteiras foram construídas com base no sucesso de adaptações e material derivado criado em torno de propriedades existentes de filmes e livros, enquanto os personagens e conceitos criados como parte desse material auxiliar podem ajudar uma propriedade a crescer em popularidade mesmo quando é fora da tela.

Veja o que Aliens e Predator fizeram pela Dark Horse no final da década de 1980, por exemplo! As obras trouxeram um novo público para o que era uma editora independente em preto e branco de nível médio e transformá-la em uma das maiores empresas de quadrinhos dos EUA.

A ideia de que adaptações podem manter uma propriedade viva – ou então fazê-la prosperar para um novo público – dificilmente passará despercebida para aqueles familiarizados com O Senhor dos Anéis. Os livros tiveram a sua publicação inicial em 1954 e 1955. Contudo, alcançaram a popularidade quase meio século depois, quando Peter Jackson os adaptou para a tela grande. Essa foi a primeira vez que alguém traduziu a história de Tolkien para outra mídia. Entretanto, a essa altura, havia nada menos que quatro versões de rádio, duas adaptações para a televisão, uma peça de teatro e um filme de animação anterior baseado no livro de abertura da trilogia. E válido comentar: cada um deles garantindo que mais e mais pessoas fossem expostas à saga.

Cada uma das adaptações pré-Jackson estava faltando alguma coisa, fossem efeitos apropriados para combinar com o escopo da história, o espaço para contar a história na íntegra ou simplesmente – no caso das várias peças de rádio – visuais para tirar algumas das o levantamento pesado da imaginação do público. O meio dos quadrinhos poderia ter respondido a todas essas preocupações e de alguma forma, o mundo ainda é surpreendentemente desprovido de quadrinhos do Senhor dos Anéis.

Mas existira uma salvação misteriosa?

É um mistério que se torna ainda mais estranho, uma vez que existe um clássico de Tolkien que já teve uma adaptação em forma de quadrinhos, com o projeto resultante tão bem-sucedido que tem sido um vendedor perene desde sua estreia há mais de três décadas.

The Hobbit: An Illustrated Edition of the Fantasy Classic teve seu lançamento original como uma série de três edições pela editora independente Eclipse Comics. O seu lançamento foi feito em agosto de 1989 e vendendo muito bem no exterior, com base em gráficos de vendas contemporâneos. A primeira edição vendeu mais do que Sandman daquele mês, G.I. Joe e Esquadrão Suicida, entre muitos outros, ocupando o 63º lugar no gráfico do mês. Infelizmente, atualmente a Graphic Novel não possui vendas no Brasil em versão em português brasileiro. Aparentemente, apenas importando mesmo.

A série foi escrita por Chuck Dixon, mesmo autor de Asa Noturna e Robin da DC por anos na década de 1990. Contudo, a verdadeira estrela do livro foi David Wenzel! David Wenzel é um ex-criador da Marvel cuja exuberante arte foi inspirada em influências como Howard Pyle e Arthur Rackham. Posteriormente, ele chegou a ilustrar cartões de felicitações e livros infantis com base no sucesso deste projeto.

Esta foi, estranhamente, a segunda vez que O Hobbit foi serializado em quadrinhos, embora a primeira não fosse uma história em quadrinhos. Os editores britânicos Fleetway publicaram uma versão resumida da história, acompanhada de ilustrações de Ferguson Dewar, em 15 edições da série antológica Princess and Girl em 1964. JRR Tolkien tinha reservas sobre o projeto, reclamando em uma carta de agosto daquele ano que a as ilustrações de Gandalf eram “exageradas e vestidas demais” e carentes de dignidade. “Ele não deveria ser chamado de ‘mágico’, mas de ‘mago’”, escreveu ele.

A versão em quadrinhos de Dixon e Wenzel de O Hobbit viveu muito além da execução inicial da série. Nisso, foi coletado um ano após sua serialização pela editora britânica George Allen & Unwin, que havia sido a editora de Tolkien no Reino Unido por vários anos até aquele momento. Uma coleção dos EUA foi lançada em 2001 por Del Rey, com Harper Collins lançando uma edição estendida em ambos os países em 2006, que permanece impressa até hoje.

Ok, e por que não existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis, especificamente?

Dado o sucesso da história em quadrinhos O ​​Hobbit, parece fazer sentido que uma adaptação em quadrinhos de O Senhor dos Anéis seja uma conclusão precipitada. Entretanto, tudo indica que ninguém tentou fazer essa adaptação. Isso é exatamente o que nos leva de volta à simples pergunta: por que não existem quadrinhos de O Senhor dos Anéis, especificamente?

A resposta está frustrantemente fora de alcance, atualmente. Existe alguma restrição contratual no projeto? Pode parecer improvável, dada a existência dos quadrinhos do Hobbit e dos projetos de tela O Senhor dos Anéis, mas não é impossível. Afinal, pode ser divertido imaginar que Tolkien ficou em tamanha ansiedade com a serialização do Hobbit dos anos 1960 que inseriu alguma cláusula para salvar O Senhor dos Anéis de um destino semelhante. Poderia ser simplesmente porque ninguém tentou fazê-lo? Especificamente, porque ninguém quis? Isso parece ainda menos provável, dado o sucesso dos filmes O Senhor dos Anéis de Peter Jackson, ou a série O Senhor dos Anéis: Anéis de Poder da Prime Video.

Os únicos órgãos que sabem a resposta definitivamente seriam o Tolkien Estate e a Harper Collins, que controla o Hobbit em quadrinhos e também controla os direitos de publicação dos romances de fantasia de J.R.R. Tolkien. Infelizmente, nenhum deles está falando. A Warner Bros. Pictures também se recusou a responder a perguntas sobre quaisquer possíveis adaptações em quadrinhos que possam ter sido propostas na era da trilogia de Jackson.

Se você é um grande fã de quadrinhos, portanto você também poderá gostar de conferir nossas resenhas: Resenha de Sin City: O Assassino Amarelo, de Frank MillerResenha de Rain, HQ por Joe Hill, David M. Booher e Zoe Thorogood! Você também pode conferir: Resenha crítica de Érica, a Magnífica, HQ da franquia Stranger Things e Resenha da HQ Vote Loki, por Christopher Hastings, Stan Lee e Larry Lieber. E não podemos nos esquecer de Solo Leveling, a nova sensação sul-coreana!! Se você procura por mangás legais, pode conferir: Resenha de Vênus Invisível: Coleção de Histórias Curtas, com o Melhor de Junji ItoResenha de GoGo Monster, mangá de Taiyo Matsumoto e Resenha de Hitler, mangá de Shigeru Mizuki publicado pela Editora Devir!!  Além disso, você também pode ler a nossa matéria: Critérios – Como fazemos Críticas e Análises.

Austra Caroline
Come to the Dark Side. We have coffee with cookies! ☕ Sou Arqueóloga e estudante de História, com atuação como Educadora Patrimonial, onde busco preservar e compartilhar o valor do nosso patrimônio cultural. Além disso, sou redatora em sites voltados para conteúdo nerd, Geek e cultura pop, sempre explorando o universo da cultura geek com entusiasmo. Sou apaixonada por jogos de Hack & Slash, com destaque especial para a série Devil May Cry, que alimenta minha paixão pelo gênero. Nas horas vagas, também me dedico à escrita, onde expresso minha criatividade e amor pela narrativa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here