Deixem Prison Break onde estava

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Algumas coisas terminam pelo simples fato de que chegam ao fim. Toda história, em algum momento, chega à sua conclusão e nem sempre é uma decisão sábia revisitar o passado.

É o caso de Prison Break. Criada por Paul Schering em 2005, a série original da Fox foi aclamada pelo público e logo se tornou uma das favoritas dos espectadores do canal ao longo de suas quatro temporadas originais de exibição. A série foi encerrada em 2009, com um especial em formato de longa denominado “Final Break”, mostrando os eventos finais da trama e um desfecho apropriado e mesmo cativante para os personagens principais.

Era de se esperar que a série deixasse muitos fãs órfãos que, ao longo dos anos, não conseguiram suprir a ausência deixada por Michael Scofield e sua turma. Pois bem, foi este o gancho usado pela Fox para, aparentemente, explorar uma injustificável volta da série e tentar faturar uns trocados com uma nova temporada absolutamente caça-níquel.

A quinta e nova temporada, exibida em apenas 9 episódios neste primeiro semestre de 2017, trouxe à tona a falta de argumentação para tentar reviver uma franquia encerrada há anos e, à época, com chave-de-ouro. A nostalgia dos fãs foi o impulso – errôneo – que a Fox utilizou para criar uma continuação para a série e, pasmem, com Michael Scofield de volta.

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Michael Scofield estava morto, em virtude de uma doença, um final emocionante, convincente e até então bem construído, que concluiu a produção deixando muitos fãs chorosos (incluindo este que vos fala). A nova temporada, no entanto, joga no limbo toda reta final da quarta temporada e mancha o brilho com que o desfecho do protagonista foi lapidado ao longo dos episódios finais daquela época.

A quinta temporada acaba desconstruindo, de forma precipitada, o desfecho anterior da série e tenta reintroduzir os personagens centrais em uma trama pouco convincente e carismática. Desta vez, Michael tenta libertar um extremista islâmico em uma prisão no Iêmen, com o objetivo de atender à chantagem de um ex-agente da CIA conhecido como Poseidon. Para isso, ele contará com a ajuda de seus companheiros de cela, entre eles Whip, seu escudeiro. Lincoln, ao saber que Michael está vivo, parte para o Iêmen ao lado de C-Note.

A trama se torna confusa, com motivações pouco coerentes e pouquíssimo apelo emocional. Há diversos pontos a destacar: a participação pífia de T-Bag, um dos personagens mais relevantes da série, cujo desfecho “emotivo” na temporada é incapaz de convencer; a estupidez de Burrows em diversos momentos; o reencontro entre Sarah e Michael, após uma viagem totalmente descabida da parte dela; e Poseidon, cujo carisma é inexistente. Sucre também é outro personagem mal aproveitado, tendo uma participação pouco relevante.

Há alguns poucos pontos positivos – os novos coadjuvantes, como Whip e Sheba, por exemplo, tem boa participação, mas não são suficientes em uma trama pouco elaborada. Repetições ocorrem o tempo todo e as motivações dos personagens são rasas. Além disso, os diálogos são fracos e sem intensidade alguma, especialmente quando envolve o núcleo principal de personagens.

O ponto principal é que a quinta temporada de Prison Break faz não somente o uso da mesma fórmula mas, desta vez, de forma ruim e exagerada, incapaz de oferecer algo novo e empolgante ao espectador.

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Diego Betioli
Escritor, publicitário, louco por esportes e entretenimento. Autor de A Última Estação (junto com Rodolfo Bezerra) e CEP e um dos fundadores do Meta Galáxia.

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